Uma das mais severas e agressivas doenças que acometem a cultura do trigo é o Mal-do-pé, causada pelo fungo Gaeumannomyces graminis varo tritici. O fungo sobrevive no solo, em tecidos radiculares e colmos infetados pela doença. Segundo Santana et al. (2012), a elevada umidade do solo decorrente de dias chuvosos, assim como temperaturas do solo variando entre 12 e 20 °C e pH alcalino do solo (entre 6,5 e 8,5) favorecem o desenvolvimento da infecção.

Os sintomas principais da doença se assemelham ao da podridão comum das raízes de trigo, diferindo principalmente pela coloração negra observada nas raízes. Os sintomas primários são observados em plantas arrancadas, que em geral permanecem somente com a entre-nó subcoronal e coroa na por preta, sendo que normalmente as raízes primárias foram deterioradas pela doença (Kuhnem et al., 2021).

Figura 1. Sintomas primários de Mal-do-pé em trigo.

Foto: FERNANDES, José Maurício Cunha

Kuhnem et al. (2021) destacam que a doença ocorre principalmente a partir da fase reprodutiva da cultura do trigo, causando sintomas secundários que iniciam nas folhas das plantas infectadas, que apresentam redução da cor verde, com seca progressiva das folhas. As plantas infectadas apresentam redução de desenvolvimento evidente após a fase de espigamento e as espigas apresentam cor parda à branca em contraste com o verde normal das espigas das plantas sadias. Como principal consequência tem-se a redução da altura das plantas afetadas, espigas vazias, esbranquiçadas e morte prematura de plantas, sendo que esses sintomas são observados normalmente em reboleiras na lavoura.



Figura 2. Sintomas visuais do Mal-do-pé na parte aérea do trigo.

Foto: LAU, Douglas

Dentre os principais fatores preponderantes para o surgimento da doença podemos destacar o a monocultura, em especial o cultivo de trigo sobre trigo. Visando um manejo eficiente da doença, uma das principais estratégias é a rotação de culturas com plantas não hospedeira do fungo. Conforme destacado por Kuhnem et al. (2021), trigo, triticale (Triticosecale), centeio (Secale cereale), cevada (Hordeum vulgare) e sorgo (Sorghum bicolor) são hospedeiros de G. graminis var. tritici. Não menos importante, o azevém (Lolium multiflorum) é um hospedeiro secundário que contribui para a sobrevivência do fungo.

Dessa forma, além da rotação de culturas, pode-se dizer que o controle de plantas daninhas, em especial o azevém, contribui para a redução da disseminação e infecção do mal-do-pé em trigo, e que o estabelecimento da cultura “no limpo” contribui não só para a redução da matocompetição, mas também redução da incidência da doença. Além disso, medidas complementares de manejo como evitar a compactação do solo, o tráfego controlado de máquinas, evitar lotação excessiva de animais em áreas de integração lavou-pecuária, bem como e equilíbrio químico do solo, em especial dos níveis de pH, constituem medidas indiretas de controle do mal-do-pé em trigo.


Veja mais: Duração do período entre espigueta terminal e antese pode influenciar a produtividade do trigo?


Referências:

SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/990828/manual-de-identificacao-de-doencas-de-trigo >, acesso em: 22/07/2022.

KUHNEM, P. et al. GRIA PRÁTICO PARA IDENTIFICAÇÃO NO CAMPO: TRIGO DOENÇAS. Biotrigo Genética, 2021. Disponível em: < https://biotrigo.com.br/catalogos_e_tabelas/Guia_Pratico_Doencas_Biotrigo_2022.pdf >, acesso em: 22/07/2022.

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