Nos últimos anos, a mosca-branca (Bemisia tabaci MEAM1) tem preocupado os agricultores brasileiros devido aos danos ocasionados às mais diversas culturas (Figura 1). Na cultura da soja, essa praga causa danos tanto diretos quanto indiretos, resultando em perdas na produtividade que variam de 20% até 100%. Portanto, é de fundamental importância que o produtor realize a sua correta identificação e manejo.

Figura 1. Adulto (esquerda) e ninfa (direita) de B. tabaci em folha de soja

Fonte: ARNEMANN et al. (2019). Confira a imagem original,  Clicando aqui

A exemplo de outras pragas, o controle químico é a estratégia mais utilizado para o manejo de mosca-branca em soja. Como consequência, a praga vem adquirindo resistência a inseticidas de diferentes grupos químicos e modos de ação. Nesse contexto, o controle biológico surge como uma alternativa promissora para evitar o surgimento de populações resistentes de mosca-branca e minimizar os impactos negativos do manejo químico nos ecossistemas.

O controle biológico de mosca-branca consiste em utilizar inimigos naturais, como predadores e parasitoides, além de patógenos que atacam essa espécie. Os organismos podem ser criados em laboratório e liberados nas áreas de cultivo; além disso, estratégias de manejo podem ser adotadas para propiciar as condições necessárias para que estes organismos benéficos permaneçam e se multipliquem nas lavouras.

Os entomopatógenos são organismos microscópicos que podem se multiplicar no interior do inseto hospedeiro, ocasionando uma infecção generalizada e levando-o à morte. As principais vantagens do uso de microorganismos para o controle de mosca-branca praga são a eficiência no controle, facilidade de multiplicação, dispersão e produção em laboratório.

Atualmente, o produto mais utilizado no controle biológico aplicado de mosca-branca é o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana. Estão registrados no Ministério da Agricultura e Abastecimento um total de 20 produtos comerciais, formulados à base desse entomopatógeno, para o controle de B. tabaci. Fungos da espécie Metarhizium anisopliae também são utilizados.

Outra alternativa de controle para B. tabaci é o uso de parasitóides, como as vespas pertencentes aos gêneros Encarsia, Eretmocerus e Amitus (Figura 2). Essas vespas minúsculas parasitam ninfas de mosca-branca, depositando seus ovos no interior das ninfas e impossibilitando-as de chegar à fase adulta. O parasitoide completa seu desenvolvimento internamente ou externamente em um único hospedeiro, e no final do ciclo o mata. Algumas espécies pertencentes a esses gêneros ocorrem naturalmente no Brasil, mas ainda não foram utilizadas em escala comercial para o controle de B. tabaci.

Figura 2. Vespa da espécie Eretmocerus mundus depositando seus ovos em ninfas de mosca-branca

Fonte:  sciencesource.com. Confira a imagem original clicando aqui

Em várias partes do mundo, o controle de B. tabaci também é realizado com predadores das ordens Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera e Diptera. Normalmente são insetos maiores que a mosca-branca e necessitam de mais do que uma presa para completar seu ciclo de vida, elevando a eficácia de controle. Nesses casos, o controle das ninfas de B. tabaci é dificultado pelo fato de permanecerem imóveis, sob a face inferior das folhas e nos segmentos mais baixos da planta (POZEBON et al., 2019). Certas espécies de joaninhas, como Cycloneda sanguineaColeomegilla maculata e Eriopis connexa, proporcionam bom nível de controle de ninfas de mosca-branca; entretanto, ainda não são utilizadas em escala comercial para esse fim.

Considerações finais

A adoção de programas de controle biológico tem crescido consideravelmente no mundo todo, em função das novas diretrizes internacionais de produção agrícola que visam favorecer a conservação e o uso sustentável dos recursos biológicos. Várias espécies benéficas, como predadores e parasitoides, têm sido constatadas em associação com o complexo de mosca-branca, com algumas já sendo utilizadas de forma aplicada. Assim, é imprescindível que os sojicultores utilizem racionalmente as demais técnicas de manejo, principalmente o controle químico, de forma a não prejudicar o controle natural e manter uma estratégia de manejo integrado de B. tabaci na cultura da soja.

Elaboração: Solange Andressa Figur, Graduanda em Agronomia

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro  e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM



REFERÊNCIAS :

ARNEMANN, J. A. et al. 2019. Managing whitefly in soybean. Journal of Agricultural Science. Disponível em http://www.ccsenet.org/journal/index.php/jas/article/view/0/39733

MATIOLI, T. F. Disponível em: https://blog.aegro.com.br/mosca-branca/#:~:text=O%20controle%20biol%C3%B3gico%20da%20mosca,muito%20para%20que%20isso%20aconte%C3%A7a.

POZEBON, H. et al. Distribution of Bemisia tabaci within soybean plants and on individual leaflets. Entomologia Experimentalis et Applicata 167: 396–405, 2019. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/eea.12798

RAMIRO, Z. A. Disponível em: http://www.biologico.agricultura.sp.gov.br/uploads/files/rifib/IIIRifib/34-39.pdf.

SANTOS, A. P. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/blog/77/solucoes-de-combate-a-mosca-branca.

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