Os nematoides são considerados uma das principais e mais preocupantes pragas que acometem a soja, causando danos que vão desde a redução do porte das plantas, até a redução da produtividade da cultura. Dentre as principais espécies infestantes na cultura da soja, destacam-se o nematoide de cisto da soja (Heterodera glycines), o nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) e o nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) (Dias et al., 2010).
Os sintomas da ocorrência normalmente variam em função da espécie, sendo normalmente observados em reboleiras nas lavouras. Geralmente as plantas atacadas apresentam lesões no sistema radicular, redução do porte e estande de plantas.
Figura 1. Sintomas típicos da ocorrência de nematoides na cultura da soja.
O nematoide Pratylenchus brachyurus é uma das espécies mais difundidas de nematoides em áreas agrícolas, sendo necessário, realizar o manejo e controle da praga para reduzir os danos relacionados a produtividade da cultura. Embora os nematicidas químicos sejam amplamente utilizados para o controle dessas pragas, infelizmente a eficiência de controle desses produtos é limitada em função da dificultada em atingir o alvo. Por se tratar de uma praga de solo, atingir o alvo com eficiência é uma tarefa extremamente complexa.
Com isso em vista, ferramentas alternativas de manejo têm ganhado espaço no controle dos nematoides. Uma dessas ferramentas é o controle biológico com o emprego de microrganismos. Dentre os fungos adotados para o controle de nematoides, estão aqueles classificados como quitinolíticos, que inclui as espécies Purpureocillium lilacinum (syn. Paecilomyces lilacinus) e Pochonia chlamydosporia, e os produtores de metabólitos tóxicos e indutores de resistência, como Trichoderma spp. (Dias-Arieira et al., 2022).
Analisando o biocontrole no manejo do nematoide Pratylenchus brachyurus em soja, Santos et al. (2019) observaram que o emprego de espécies de fungos para o controle do nematoide tem demonstrado efeito significativo na redução das populações de nematoides juvenis e ovos, no solo e raízes de soja (tabela 1).
Tabela 1. Número de nematoides juvenis na raiz e no solo e número de ovos na raiz de soja em função do uso de nematicida (nem) aplicado às sementes e de fungos nematopatogénicos em 4 formas de aplicação para controle de Pratylenchus brachyurus; testemunha = água.
Conforme observado por Santos et al. (2019), todos os microrganismos analisados, se comportaram de maneira protetora inviabilizando ou retardando o parasitismo dos nematoides sobre as raízes das plantas, corroborando a viabilidade do controle biológico para nematoides em soja. Além disso, os autores observaram que a forma de aplicação dos bioprodutos pode exercer influência sobre a eficiência de controle dos nematoides.
Cabe destacar que por se tratar de organismos vivos, os microrganismos utilizados no controle biológico dos nematoides podem sofrer influência das condições climáticas e ambientais, sobretudo, tem demonstrado viabilidade para uso no manejo integrado dos nematoides em soja. Conforme destacado por Dias-Arieira et al. (2022), dependendo do fungo e da espécie de nematoide, a eficiência de controle de nematoides pode ser superior a 70%
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Referências:
DIAS-ARIEIRA, C. R. et al. MANEJO BIOLÓGICO DE NEMATOIDES. BIOINSUMOS NA CULTURA DA SOJA. Cap. 20, Embrapa Soja, 2022. Disponível em: < https://www.embrapa.br/soja/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1143066/bioinsumos-na-cultura-da-soja >, acesso em: 19/06/2023.
SANTOS, A. R. B. et al. BIOCONTROLE NO MANEJO DE Pratylenchus brachyurus NA SOJA. Revista de Ciências Agrárias, 2019. Disponível em: < https://revistas.rcaap.pt/rca/article/download/17201/14457/64117#:~:text=O%20nematoide%20das%20les%C3%B5es%20radiculares,fungos%20no%20manejo%20de%20P. >, acesso em: 19/06/2023.
Foto de capa: Cristiano Bellé
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