As pragas na agricultura são responsáveis por grandes perdas. No ano de 2019, segundo o site de notícias G1, as pragas causaram um prejuízo de cerca de 9 bilhões de reais na agricultura brasileira, apesar disso, o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, consumimos quase 1/5 da produção mundial (19%). Nas últimas décadas, o consumo dos químicos cresceu significativamente, aliado às superdosagens e ao uso incorreto tornou a resistência de insetos pragas mais comum, sendo necessário cada vez mais agrotóxicos. Nunca foram usados tantos defensivos nas lavouras do país.

Diante desse cenário, a opção do controle biológico vem crescendo como uma alternativa viável e saudável tanto para a população humana e animal quanto para o meio ambiente. Esse método pressupõe que o controle das pragas seja feito a partir do próprio inimigo natural do inseto, isto é, um organismo vivo. Este controlador pode ser de vários tipos, como insetos predadores, parasitóides, além de fungos, bactérias e vírus. Essa tática busca ser mais sustentável, e racional, pois reduz a contaminação dos alimentos, além de prezar por uma maior seletividade e menor uso dos inseticidas químicos.

As pesquisas nessa área acontecem há muito tempo. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) investe nesses estudos desde os anos 80 e nessa área há estudos em todas as regiões do Brasil, contabilizando mais de 130 projetos. Não é somente a Embrapa que busca desenvolver novas soluções para o controle de insetos-praga, desde 2011 o projeto de lei do Senado No 679 de apoio ao agrotóxico natural vem fomentando esse tipo de método e em 2012 iniciou a política nacional de agroecologia e produção orgânica. Dez anos atrás o uso do controle biológico já somava um mercado de 70 milhões de dólares, só no Brasil esses números crescem anualmente.

Para compreender os tipos de controladores, é importante saber que eles se dividem em 3 grupos: parasitóides, predadores e patógenos. Os parasitóides são os seres que parasitam outros seres vivos, eles ficam dentro ou fora de seu hospedeiro até completar seu desenvolvimento, alguns atuam na própria praga e outros em seus ovos. Predadores são organismos de vida livre que buscam suas presas (pragas) para se alimentar. Patógenos são organismos microscópicos que se multiplicam rapidamente no organismo do seu hospedeiro fazendo-o ter complicações como infecções. Dentro dos parasitóides podemos exemplificar o Trichogramma pretiosum (figura abaixo) que ataca os ovos das principais lagartas da soja.

Fonte: Amipa

Para utilizar essa técnica é preciso entendê-la e buscar a melhor realidade para aplicá-la  Para uma maior qualidade, o controle pode ser acompanhado de algumas medidas, tais como: utilização de  processos que evitem a degradação de solo e da cultura para  uma ocorrência natural dos insetos predadores, manejos que não prejudiquem ou mantém os insetos benéficos (inseticidas seletivos).

Além disso, o controle biológico pode ser dividido em 5 vertentes: biodiversidade, que busca  atuar com mais de uma espécie no controle; estratégias de desempenho de agentes de controle biológico, que preconiza a realização de análises dos efeitos dos agentes controladores, seus estágios vulneráveis e estágios de maior contribuição; integração com ações de proteção de cultivos ou seja, técnicas que favorecem o controle biológico; impactos do uso desses agentes no âmbito social, econômico, ecológico compreendendo as mudanças causadas por eles e a adoção no setor produtivo incrementando a técnica de forma correta com o auxílio de profissionais treinados e preparados.

Dentro da lavoura o controle biológico pode ser de 4 tipos:

  • O artificial ou induzido, em que o homem faz parte do processo pois introduz uma grande população de inimigos naturais;
  • Clássico, em que é adicionado um inimigo natural e o processo é mais lento;
  • Natural, em que não há interferência pelo homem, o inimigo já vive no ambiente;
  • Aplicado, que se assemelha ao controle por inseticida, tendo uma ação mais rápida.

Podemos observar que o controle biológico é uma técnica que visa uma produção mais sustentável e ao mesmo tempo lucrativa. Empresas já produzem esse tipo de produto e cabe ao agricultor juntamente com os técnicos saber implementar esse método à realidade da propriedade e, assim, fomentar cada vez mais os avanços na sua utilização. Quem sabe no futuro o principal método de controle de pragas seja o biológico, por enquanto usamos o que temos à disposição.

Autor: Augusto Monteiro Leal – Acadêmico do 4o semestre de agronomia e Bolsista grupo PET Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

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