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Controle de Spodoptera frugiperda em cereais de inverno

A lagarta militar (Spodoptera frugiperda) é considerada uma praga polífaga, em virtude da sua ocorrência nos sistemas de cultivos não ser restrita a apenas uma cultura. Essa lagarta é encontrada durante o ano todo nas culturas de soja, milho, trigo, milheto, aveia, pastagens e outros cereais.

Figura 1. Lagarta Militar, Spodoptera frugiperda. Fonte: CCGL.

Os adultos são mariposas de coloração pardoa-cinzentadas, com 2,0 cm de comprimento e 3,0 cm de envergadura. As lagartas inicialmente são verdes e vão escurecendo à medida que crescem, adquirindo coloração escura, quase preta. Nesta espécie, o “Y” invertido na parte frontal da cabeça é bem evidente. A fase larval dura em torno de três semanas. Sua voracidade aumenta com seu tamanho, podendo inviabilizar a produção de algumas culturas. Nesse período, ela pode danificar desde as folhas, legumes, e seccionar plântulas de aveia e trigo (Figura 1).

Figura 2. Lavoura de trigo danificada, planta seccionada e lagarta
escondida nos restos vegetais do cultivo anterior. Fonte: CCGL.

Seu ataque nas culturas de inverno, ocorre inicialmente provocando raspagens nas folhas, evoluindo para o consumo total da área foliar, principalmente em situações de ataques no estabelecimento da cultura. Não satisfeita, lagartas grandes têm o hábito de seccionar as plântulas rente ao solo, como o dano já conhecido da lagarta-rosca (Figura 2).

Lagartas em instares finais apresentam comportamento de alimentar-se à noite e durante o dia ficar embaixo de torrões e/ou restos culturais do cultivo antecessor o que dificulta o monitoramento e a chegada do inseticida no alvo.

Metodologia

Com o objetivo de gerar informações para o manejo assertivo desta lagarta em cereais de inverno, a CCGL, através da RTC – Rede Técnica Cooperativa realizou experimentos de campo nos municípios de Carazinho (Cotrijal), Santa Bárbara do Sul (Cotrijal), Júlio de Castilhos (Cotrijuc) e Cruz Alta, na Unidade de Pesquisa e Tecnologia da CCGL, nas culturas de aveia preta + ervilhaca, aveia branca, aveia preta e trigo, respectivamente, sendo estes conduzidos na safra 2021, exceto o de Cruz Alta, realizado na safra 2022 (trigo semeado na transição entre verão/outono).

Os trabalhos consistiram na aplicação de diferentes inseticidas, com a utilização de equipamento CO2 com volume de calda de 150 L/ha. Para conferência da mortalidade, realizou-se a contagem do número de lagartas vivas em uma área de 4 m² por tratamento. A eficiência de controle foi calculada pela fórmula de Abbot (1925).

Por se tratar de áreas distintas e alguns tratamentos diferentes, os dados serão apresentados de forma individual, exceto os ensaios de Carazinho e Santa Bárbara do Sul.

Resultados 

Os resultados compilados da área de Carazinho e Santa Bárbara do Sul demonstram a dificuldade de alcançar controle acima de 80% (Figura 3), mesmo em populações de 4,67 lagartas/m² na testemunha.

Figura 3. Média da população e da eficiência de controle (Abbott) de Spodoptera frugiperda, com inseticidas aplicados nas culturas de aveia preta + ervilhaca e aveia branca. Carazinho/Santa Bárbara do Sul – RS. Safra 2021. *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-knott (P≤0,05).

De maneira geral, clorfenapir (Pirate) clorantraniliprole (Premio/Ampligo), indoxacarbe + Novalurom (Plethora) e metomil (Lannate) foram os que apresentaram a melhor performance nas doses testadas.

Figura 4. Média da população e da eficiência de controle (Abbott) de Spodoptera frugiperda, com inseticidas aplicados nas culturas de Aveia preta. Júlio de Castilhos – RS. Safra 2021. *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-knott (P≤0,05)
Figura 5. Média da população e da eficiência de controle (Abbott) de Spodoptera frugiperda, com inseticidas aplicados nas culturas de trigo (Cultivar ORS Senna, semeado no verão/outono). Cruz Alta- RS. Safra 2022. *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-knott (P≤0,05).

Os resultados obtidos em Júlio de Castilhos com uma pressão média de 21,6 lagartas/m², demonstrou performance similar aos encontrados nos demais experimentos (Figura 4). Contudo, como alguns tratamentos foram testados com doses diferentes, destaca-se aqui a necessidade da compreensão da performance do produto considerando a dose utilizada e o custo por hectare. Esses fatores são chave para que a tomada de decisão seja assertiva.

Figura 6. Comparativo da testemunha (esquerda) versus tratamento
(direita). Cruz Alta – RS. Fonte: CCGL.

Em relação aos resultados obtidos na safra 2022, em Cruz Alta e com a cultura do trigo (Figura 5), onde se identificou uma elevada pressão de lagartas com 42,3 lagartas/m² (Figura 6), verificou-se que os produtos clorantraniliprole (Ampligo), ciclaniliprole (Hayate), metomil (Lannate), Flubendiamida (Takumi) e Metoxifenozida (Intrepid) também conduziram a resultados superiores, conforme previamente observado nos ensaios com aveia preta + ervilhaca, aveia branca e aveia preta.

Nesse trabalho, a adição de desalojante promoveu o aumento da eficiência de controle no tratamento Ampligo.

Considerações

O monitoramento constante das áreas é crucial para a tomada de decisão e para o controle de Spodoptera frugiperda. Aplicações com condições ambientais favoráveis e com volume de calda adequado devem ser preconizados. Produtos à base de clorantraniliprole, clorfenapir, ciclaniliprole, flubendimida, metomil e indoxacarbe, podem ser utilizados como ferramentas para o manejo da lagarta militar com ataque no estabelecimento das culturas de aveia preta + ervilhaca, aveia branca, aveia preta e trigo.

Referências

ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an inseticide. Journal Economic Entomology, v. 18, n. 1, p. 265-267, 1925.

Autor: Glauber Renato Stürmer Pesquisador em Entomologia CCGL

Fonte: CCGL Pesquisa e tecnologia – Disponibilizado por Glauber Renato Stürmer

Equipe Mais Soja
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