Considerada uma das principais doenças da cultura da soja, o mofo-branco, doença causada pelo fungo (Sclerotinia sclerotiorum), ocorre principalmente durante o período reprodutivo da cultura (figura 1). Dependendo da severidade da doença e da suscetibilidade da cultivar, pode causar perdas de produtividade variando entre 20% e 30% em soja, podendo chegar a 70% em casos de controle ineficiente e condições favoráveis ao desenvolvimento do fungo (Meyer et al., 2021).
Figura 1. Período de ocorrência das principais doenças da soja.
Uma vez introduzida na área, a doença é dificilmente erradicada. O mofo-branco possui estruturas reprodutivas (escleródios) os quais permanecem viáveis por um longo período, dificultando a manejo da doença. Sob condições adequadas de temperatura e umidade, os escleródios germinam e desenvolvem apotécios na superfície do solo. Estes produzem ascosporos que são liberados ao ar e são responsáveis pela infecção das plantas (Henning et al., 2014).
Figura 2. Escleródio de mofo-branco germinado, dando origem a apotécio.
Em casos onde o manejo fitossanitário é ineficiente na cultura da soja, principalmente na fase final do desenvolvimento da planta, é comum observar a presença de escleródios do mofo-branco em áreas prontas para a colheita. Levando em consideração que essas estruturas podem ser foco da doença em safras seguintes, algumas estratégias de manejo necessitam ser adotadas durante o período entressafra da soja.
Em áreas com histórico de ocorrência do mofo-branco, uma das principais estratégias de manejo consiste no posicionamento cultural, principalmente se tratando do sistema plantio direto, em áreas onde há a rotação de culturas. Algumas culturas e/ou plantas de cobertura são consideradas potenciais hospedeiras do mofo-branco, logo, visando reduzir a incidência da doença, não devem ser posicionadas em áreas com presença de escleródios, no período entressafra da soja.
Reis et al. (2011), destacam que praticamente todas as espécies vegetais de folha larga (dicotiledôneas), cultivadas e daninhas, são hospedeiras do fungo que causa o mofo ( Sclerotinia sclerotiorum). Dentre as principais espécies de plantas hospedeiras do fungo, podemos destacar o nabo-forrageiro, canola, ervilha forrageira, ervilhaca, feijoeiro, girassol, fumo, cenoura, batata, amendoim, algodão, espécies de crotalária, plantas daninhas como o caruru (Amaranthus sp.), picão (Bidens spp.) entre outras.
Além de posicionar adequadamente as culturas no período entressafra da soja, o controle de plantas daninhas é fundamental para evitar a evolução do mofo-branco em áreas de cultivo. Embora dificilmente a doença seja erradicada da área após sua introdução, estratégias como o controle cultural (cultivo de plantas não hospedeiras), o controle de plantas daninhas e o uso de sementes de qualidade (livres de escleródios), podem contribuir para o manejo da doença em soja.
Veja mais: Manejo do mofo-branco em soja – Controle biológico pode contribuir para a redução da incidência da doença
Referências:
HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 24/03/2023.
MEYER, M. C. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MOFO-BRANCO (Sclerotinia sclerotiorum) EM SOJA, NA SAFRA 2020/2021: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS EXPERIMENTOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 173, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/224971/1/CT-173.pdf >, acesso em: 24/03/2023.
REIS, E. M. et al. MANEJO INTEGRADO DO MOFO-BRANCO. – Revista Plantio Direto, 2011. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/storage/files/122/6.pdf >, acesso em: 24/03/2023.