Uma das principais pragas iniciais da cultura do milho é o percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus). Conhecido por infestar o milho ainda nos estádios iniciais da cultura, os danos causados pelo percevejo barriga-verde podem variar em função da densidade populacional da praga (figura 1) e período em que infesta o milho, contudo, conforme observado por Rodrigues (2011), reduções de produtividade de até 43% podem ser observadas em decorrência do ataque da praga.

Figura 1. Relação entre o rendimento de grãos de milho (Kg ha-1) e a densidade populacional de adultos do percevejo barriga verde, Dichelops melacanthus.

Fonte: Duarte; Ávila; Santos (2015)

Um dos períodos mais sensíveis da cultura do milho ao percevejo barriga-verde, em especial no cultivo de segunda safra (safrinha) é o período inicial do desenvolvimento do milho, onde os danos podem inclusive prejudicar o estabelecimento da lavoura. A persistência de populações de percevejos em áreas de cultivo após a colheita da soja pode ser observada em situações onde há falha no manejo, sendo comum observar populações de percevejos em áreas de produção, antes mesmo do estabelecimento do milho.

Uma alternativa de manejo para melhorar o controle inicial dessa praga é o tratamento de sementes com inseticidas registrados para a cultura do milho. Conforme avaliado por Fernandes; Ávila; Silva (2019), analisando o controle do percevejo Dichelops melacanthus por meio de inseticidas aplicados nas sementes de milho, via tratamento de sementes, dentre os inseticidas analisados (Tiametoxam; Clotianidina e Imidacloprido + tiodicarbe), Tiametoxam e Clotianidina apresentaram maior efeito residual, proporcionando controle igual ou superior a 80% aos 28 dias após emergência das plantas.

Tabela 1. Número médio de insetos mortos (N) e porcentagem (%) de controle (C) de adultos do percevejo Dichelops melacanthus em diferentes tratamentos químicos aplicados nas sementes de milho, aos 7 dias após as infestações realizadas aos 7, 14, 21 e 28 dias após a emergência das plantas (DAE) em casa de vegetação.

Fonte: Fernandes; Ávila; Silva (2019)

Contudo, em algumas situações, embora o adequado posicionamento de inseticidas no tratamento de sementes possa proporcionar bom controle inicial dos percevejos, a elevada pressão da praga pode tornar necessário o controle químico com o emprego de inseticidas via pulverização. Analisando os inseticidas disponíveis no marcado para o controle do percevejo barriga-verde em milho, a Fundação MS, na safrinha 2019, conduzi um ensaio para verificar a eficiência de controle do barriga-verde por esses inseticidas.

O ensaio foi conduzido com o híbrido DKB 177 PRO tratado com imidacloprido e a aplicação dos inseticidas foi realizada com as plantas de milho em V2 e V3. Os inseticidas foram aplicados com intervalos de sete dias, e avaliou-se as plantas aos 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias após a segunda aplicação dos tratamentos (Grigolli & Grigolli, 2019).



Conforme resultados obtidos, os inseticidas que atingiram 80% de controle em pelo menos uma avaliação foram Connect (1200 mL ha-1), Engeo Pleno S (250 e 300 mL ha-1), Galil SC (350 e 400 mL ha-1), Zeus (500 mL ha-1) e Expedition (300 e 400 mL ha-1), demonstrando a importância do posicionamento de produtos para o manejo e controle eficiente do percevejo barriga-verde. Confira abaixo os tratamentos analisador (tabela 2) e resultados apresentados (tabela 3) por Grigolli & Grigolli (2019).

Tabela 2. Inseticida, dosagem (mL ou g ha-1) e ingrediente ativo dos produtos utilizados no experimento de controle químico do percevejo barriga verde. FUNDAÇÃO MS, Maracaju, MS, 2020.

Fonte: Grigolli & Grigolli (2019)

Tabela 3. Eficiência (%) de controle do percevejo barriga-verde (% de redução da nota de dano) em plantas de milho aos 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias após a segunda aplicação dos tratamentos (DAA). FUNDAÇÃO MS, Maracaju, MS, 2020.

Fonte: Grigolli & Grigolli (2019)

Veja mais: Controle da lagarta-do-cartucho do milho


Referências:

DUARTE, M. M.; ÁVILA, C. J.; SANTOS, V. DANOS E NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DO PERCEVEJO BARRIGA VERDE NA CULTURA DO MILHO. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.14, n.3, p. 291-299, 2015. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/146048/1/Trabalho-na-RBMS-Nevel-de-Dano-de-Dichelops-em-Milho-1.pdf >, acesso em: 14/09/2022.

FERNANDES, P. H. R.; ÁVILA, C. J.; SILVA, I. F. CONTROLE DO PERCEVEJO Dichelops melacanthus POR MEIO DE INSETICIDAS APLICADOS NAS SEMENTES DE MILHO. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 82, 2019. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/202048/1/BP-82-2019-CREBIO.pdf >, acesso em: 14/09/2022.

GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. MANEJO E CONTROLE DE PRAGAS DO MILHO. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Milho Safrinha, 2019, cap. 3, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Milho-Safrinha-2019.pdf >, acesso em: 14/09/2022.

RODRIGUES, R. B. DANOS SO PERCEVEJO-BRASSIGA-VERDE Dichelops melacanthus (DALLAS, 1851) (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) NA CULTURA DO MILHO. Universidade Federal de Santa Maria, fev. 2011.Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/5048/RODRIGUES%2c%20RODRIGO%20BORKOWSKI.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 14/09/2022.

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