O manejo e controle de plantas daninhas que apresentam rápido crescimento e desenvolvimento, grande produção de semente e resistência a herbicidas é uma complexa e desafiadora tarefa no cultivo da soja. Dentre essas plantas daninhas, podemos destacar as plantas do gênero Amaranthus, comumente conhecidas como caruru, as quais se destacam pelas características citadas anteriormente, mas também pela elevada habilidade competitiva.
Em média, Penckowsk et al. (2020) destacam que um planta de Amaranthus hybridus pode produzir de 200 a 600 mil sementes, número semelhante para as demais espécies do gênero, que se destacam por essa característica. Por seu formato e peso, as sementes normalmente são dispersas por máquinas e equipamentos agrícolas, assim como animais e água.
Tendo em vista essas características do caruru, é comum observar fluxos de emergência dessas daninha em meio a lavouras produtoras de grãos. As sementes contidas no bando de sementes do solo germinam quando encontram condições favoráveis de luz, temperatura e umidade, resultando em diversos fluxos de emergência ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura cultivada, dificultando ainda mais o controle em pós-emergência.
Justificando ainda mais a necessidade de controle do caruru, Gazziero & Silva (2017) destacam que dependendo da espécie de caruru em competição com a cultura durante todo o seu ciclo de desenvolvimento, perdas de produtividade no milho superiores a 91%, 79% na soja e 77% em algodão podem ser observadas.
Embora os herbicidas pós-emergentes sejam os mais empregados no controle de plantas daninhas em lavouras comercias, em especial da soja, a eficácia de controle de plantas daninhas por esse tipo de herbicida esta muitas vezes condicionada ao momento de aplicação, a dose e a não resistência de plantas daninhas ao herbicida. No caso do caruru, o controle em pós emergência é eficiente quando a aplicação do herbicida ocorre até 3 a 4 folhas de desenvolvimento da planta, posterior a isso, a eficiência de controle pode ser comprometida.
Tendo em vista esses aspectos, a assertividade do momento de aplicação é determinante para um bom controle em pós emergência do caruru, assim como o adequado posicionamento de herbicidas, contudo, em virtude dos vários fluxos de emergência dessa daninha ao longo do desenvolvimento da soja, nem sempre o controle em pós-emergência é totalmente eficiente para garantir a redução significativa da infestação de caruru.
Com isso em vista, e levando em consideração a elevada produção de sementes do caruru e sua contribuição para o banco de sementes do solo, uma das principais medidas utilizadas para evitar maiores infestação do caruru em soja é o uso de herbicidas pré-emergentes. Os herbicidas pré-emergentes atuam diretamente no banco de sementes do solo, inibindo a germinação das sementes de plantas daninhas, reduzindo os fluxos de emergência de plantas daninhas, ou seja, atuam diretamente na “sementeira do solo”. Além disso, os herbicidas pré-emergentes também proporcionam maior uniformidade de emergência das plantas não controladas, contribuindo assim, para a maior assertividade do momento de controle em pós-emergência.
Herbicidas pré-emergentes realmente controlam o caruru?
Avaliando possíveis diferenças na eficiência de controle e seletividade à soja quando pré-emergentes são aplicados anteriormente, ou logo após a semeadura da cultura, Pedroso; Avila Neto; Dourado Neto (2020) observaram eficiência satisfatória de alguns herbicidas pré-emergentes no controle do caruru.
Tabela 1. Percentagens de controle de caruru (Amaranthus spp.) registradas aos 39 dias após a pulverização do herbicida.
Com base nos resultados obtidos pelos autores, é possível observar que os herbicidas Diclosulam; Flumioxazin; Flumioxazin + imazethapyr, Sulfentrazone e Mesotrione apresentaram elevada eficiência de controle do caruru, especialmente quando aplicados na modalidade de aplique-e-plante. Contudo, ambos se mostram eficientes para controle do caruru, independente da modalidade de aplicação dos herbicidas. Com relação a produtividade da cultura, os autores observaram que aplicações em plante-e-aplique resultaram em ganhos produtivos médios de mais de 600 kg ha-1 em relação ao aplique-e-plante (Pedroso; Avila Neto; Dourado Neto., 2020).
Dessa forma, fica evidente a capacidade de alguns herbicidas pré-emergentes em controlar o caruru, podendo ser considerados importantes ferramentas de manejo e controle dessa planta daninha, possibilitam a redução das infestações de caruru e o aumento da produtividade da soja.
Clique aqui e confira o trabalho completo de Pedroso; Avila Neto; Dourado Neto (2020).
Veja mais: MISSÃO CARURU – Episódio 33 – Herbicidas pós-emergentes para o controle de caruru
Referências:
GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 27/01/2022.
PEDROSO, R. M; AVILA NETO, R. C.; DOURADO NETO, D. PRE-EMERGENT HERBICIDE APPLICATION PERFORMED AFTER CROP SOWING FAVORS PIGWEED (Amaranthus spp.) AND WHITE-EYE (Richardia brasiliensis) CONTROL IN SOYBEANS. Revista Brasileira de Herbicidas vol. 19, n. 01, p. 1-8, jan.-mar, 2020. Disponível em: < http://www.rbherbicidas.com.br/index.php/rbh/article/view/717 >, acesso em: 27/01/2022.
PENCKOWSKI. L. H. et al. ALERTA! CRESCE O NÚMERO DE LAVOURAS COM Amaranthus hybridus RESISTENTE AO HERBICIDA GLIFOSATO NO SUL DO BRASIL: O PRIMEIRO PASSO É SABER IDENTIFICAR ESSA ESPÉCIE! Revista FABC – Abril/Maio 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 27/01/2022.