Plantas daninhas em culturas agrícolas são altamente indesejáveis pela matocompetição imposta por elas resultando em perda de rendimento e produtividade. Sendo assim, controlar plantas daninhas é indispensável para o obtenção de boas produtividades de soja, sendo o controle químico, o método mais empregado para isso, e o glifosato o herbicida mais utilizado no controle químico de plantas daninhas.

Embora esse herbicida apresente uma elevada capacidade em controlar plantas daninhas, em virtude de algumas características mofolfisiológicas de algumas espécies de plantas, esse herbicida não desempenha controle eficiente delas, como é o caso da trapoeraba (Commelina benghalensis). Essa planta daninha possui a presença abundante de tricomas e cerosidade em suas folhas, sendo esses fatores que dificultam a ação de alguns herbicidas. O fato torna a trapoeraba tolerante ao glifosato por limitações impostas na absorção e translocação do herbicida (Agro Bayer Brasil).

Como se não bastasse, para dificultar ainda mais o manejo e controle de trapoeraba, essa daninha apresenta uma característica singular que é a reprodução por sementes subterrâneas, por meio de flores modificadas nos rizomas, com formação de sementes por partenocarpia, um pouco maiores que as sementes das flores aéreas, e com capacidade de germinar até 12 cm de profundidade (Blanco, 2010).

Figura 1. Sistema radicular da trapoeraba com sementes subterrâneas.

Fonte: Lavoura 10

Mas já que a trapoeraba é dificilmente controlado com o glifosato, o que fazer?

Uma das principais alternativas é a utilização de outros herbicidas que não o glifosato ou a associação de ambos, conforme avaliado por Martins et al. (2012). Além disso, o estádio de aplicação para controle da trapoeraba é de fundamental importância para o sucesso do manejo, sendo que o ideal é realizar a aplicação de herbicidas visando o controle dessa planta daninha ainda nos estádios iniciais do seu desenvolvimento, mais especificamente até três folhas.

Figura 2. Trapoeraba (Commelina benghalensis) em estádio inicial de desenvolvimento.

Fonte: Lorenzi (2014)

Avaliando o manejo químico de espécies de trapoeraba com aplicação isolada e em mistura de diferentes herbicidas, Martins et al. (2012) observaram que saflufenacil +  glyphosate  (48+720  g  i.a/e.a  ha-1),  saflufenacil  + (glyphosate  +  imazethapyr)  com  ou  sem  adição  de sulfato de amônio, carfentrazone + glyphosate e 2,4-D + glyphosate controlam eficientemente as plantas de C. benghalensis (Martins et al., 2012).

Os autores submeteram plantas de trapoeraba (C. benghalensis) a aplicação de diferentes herbicidas isolados e em combinação quando as plantas atingiram 25-35cm de comprimento. Os Tratamento avaliados pelos autores podem ser observados na tabela 1.

Tabela 1. Tratamentos utilizados para avaliar o controle de Commelina benghalensis.

1adicionou-se 0,5% de DASH. 2adicionou-se 2,0 kg ha-1 de sulfato de amônio. saflufenacil = KIXOR; glyphosate = ROUNDUP original; flumioxazin = FLUMIZIN; carfentrazone = AURORA; glypho-sate + imazethapyr = ALTEZA; 2,4-D = UF 46 D-Fluid 2,4-D; imazethapyr = PIVOT.
Fonte: Martins et al. (2012)

Com base nos resultados de controle obtidos por Martins et al. (2012), (tabela 2), pode-se observar que na última  avaliação  visual  realizada  aos  45 dias após aplicação, a aplicação de 2,4-D  de forma isolada e as misturas de 2,4-D + glyphosate, carfen-trazone + glyphosate, saflufenacil + glyphosate (48 + 720 g i.a./e.a. ha-1), saflufenacil + (glyphosate + imazethapyr)  com  e  sem  adição  de  sulfato  de  amônio foram os tratamentos considerados eficientes no controle  das  plantas  de C. benghalensis (Martins et al., 2012).

Tabela 2. Efeito de tratamentos químicos no controle de Commelina benghalensis, em diferentes períodos de avaliação. Botucatu/SP, 2009.

Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05). ** significativo a 1%; ns não significativo. 1adicionou-se 0,5% de DASH. 2adicionou-se 2kg ha-1 de sulfato de amônio. saflufenacil = KIXOR; glyphosate = ROUNDUP original; flumioxazin = FLUMIZIN; carfentrazone = AURORA; (gly. + imaz.) = ALTEZA; 2,4-D = UF 46 D-Fluid 2,4-D; imazethapyr = PIVOT. saflu. = saflufenacil. gly. = glyphosate.
Fonte: Martins et al. (2012)

Dessa forma, pode-se dizer que o 2,4-D, é uma interessante ferramenta para controle da trapoeraba, assim como a utilização de misturas de herbicidas, trazendo controle superior a utilização de herbicidas em forma isolada.


Veja mais: A deriva de 2,4-D no RS e a tecnologia Enlist neste cenário


AGRO BAYER BRASIL. TRAPOERABA. Disponível em: < https://www.agro.bayer.com.br/essenciais-do-campo/alvos-e-culturas/plantas-daninhas/trapoeraba >, acesso em: 18/06/2021.

BLANCO, F. M. G. TRAPOERABA – UMA PLANTA DANINHA DE DIFÍCIL CONTROLE. Governo do Estado de São Paulo, 2010. Disponível em: < http://www.biologico.sp.gov.br/publicacoes/comunicados-documentos-tecnicos/comunicados-tecnicos/trapoeraba-%E2%80%93-uma-planta-daninha-de-dificil-controle >, acesso em: 18/06/2021.

LORENZI, H. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: PLANTIO DIRETO E CONVENSIONAL. Instituto Plantarum, ed. 7, 2014.

MARTINS, D. et al. MANEJO QUÍMICO DE ESPÉCIES DE TRAPOERABA COM APLICAÇÃO ISO-LADA E EM MISTURA DE DIFERENTES HERBICIDAS. Revista Caatinga, Mossoró, v. 25, n. 2, p. 21-28, mar.-jun., 2012. Disponível em: < https://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/caatinga/article/view/2155 >, acesso em: 18/06/2021.

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