Os cereais de inverno, como trigo, cevada, triticale e aveia, são atacados principalmente por pulgões, lagartas e corós. Nesse sentido, as larvas de solo denominadas corós constituem um problema expressivo no sul do país. Essas espécies de coleópteros consomem sementes, raízes e até mesmo plantas inteiras ao puxá-las para dentro do solo, variando sua ocorrência de ano para ano.

Segundo Salvadori (1997), os corós apresentam ciclo biológico longo, passando pelas fases de ovo, larva (coró), pupa e adulto (besouro). Somado a isso, as larvas possuem uma ampla variedade de fontes alimentares, infestam as lavouras em manchas (reboleiras) e podem ocorrer simultaneamente. Ademais, as espécies de corós possuem em comum os três pares de pernas, corpo de coloração branco-amarela e formato tipicamente escarabeiforme (corpo em forma de “C”).

O coró-das-pastagens (Diloboderus abderus) possui ciclo anual, isto é, produz uma geração nova de larvas a cada ano. A ocorrência dessa espécie está relacionada a solos não revolvidos e com restos culturais (palha) disponíveis; ou seja, o sistema plantio direto aliado às pastagens favorece sua incidência.

O D. abderus adulto pode ser encontrado de novembro a abril, com o pico de oviposição ocorrendo em janeiro e fevereiro. No entanto, as larvas (corós) passam por três ínstares e podem ser encontradas de fevereiro a novembro dentro de galerias no solo, a profundidades variáveis de 10 a 20 cm, causando danos principalmente nas culturas de inverno. Por fim, a partir de outubro, as larvas paralisam a alimentação e empupam (Figura 1) (SALVADORI et al., 2006).

Figura 1. Ciclo de vida e atividade de Diloboderus abderus (coró-das-pastagens).

Fonte: Salvadori et. al. Imagem original disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co203.pdf

Já o coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga) possui ciclo bianual, isto é, produz uma nova geração a cada dois anos, ocasionando danos em anos alternados. Além disso, embora seja uma espécie polífaga como o coró-das-pastagens, esta apresenta maior hábito rizófago (se alimenta preferencialmente das raízes das plantas). Por outro lado, as larvas vivem muito próximas à superfície do solo (entre 0 – 10 cm), não constroem galerias e são favorecidas por solo desestruturados ou não compactados (SALVADORI et al., 2006).

A espécie P. tricophaga ocorre tanto sob plantio direto quanto sob sistema convencional. Nos meses de novembro e dezembro do primeiro ano do ciclo da praga, os ovos podem ser encontrados no solo, bem como as larvas pequenas de 1º instar. As larvas em processo alimentar ativo estendem-se até outubro e novembro do próximo ano; após isso, param de se alimentar e iniciam preparação para a fase de pupa. No entanto, até janeiro e fevereiro do terceiro ano, ainda podem ser encontradas larvas inativas. Entre janeiro e abril do terceiro ano ocorrem as pupas, e os adultos (formados a partir de março) permanecem no solo até outubro e novembro do mesmo ano, quando sobem à superfície para acasalar, se dispersar e ovipositar (Figura 2) (SALVADORI; SILVA, 2004).

Figura 2. Ciclo de vida e atividade de Phyllophaga triticophaga (coró-do-trigo).

Fonte: Salvadori et. al. Imagem original disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co203.pdf

O monitoramento dos corós deve ser feito por meio de observação de sintomas em plantas (morte de plântulas ou de afilhos, desenvolvimento reduzido ou baixa produtividade) e confirmação do caso com escavações na área. Através de amostragens do solo (trincheiras de 0,5 a 1,0 m de comprimento x 0,25 m de largura x 0,20 m de profundidade), realizadas de preferência em áreas com sintomas, pode-se quantificar a densidade populacional de corós e identificar as espécies incidentes. Além disso, o acompanhamento deve ser feito ao longo de todo o ano para proporcionar maior eficiência no planejamento e decisões sobre o controle (SALVADORI et al., 2006).

Pensando em resposta econômica ao manejo químico, o nível de controle em cereais de inverno conforme Salvadori et al. (2006) é de 5 corós/m². No entanto, maiores densidades de corós implicam em doses crescentes de inseticidas, diminuindo o retorno econômico e resultando em maiores gastos. Nessa situação, o tratamento de sementes com inseticidas tem se mostrado eficiente no controle de corós de inverno.

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro  e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

Referências: 

Salvadori J.R. Manejo de Corós em Cerais de Inverno. Comunicado Técnico – Embrapa. Abril de 1997. Disponível em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/84161/1/CNPT-COM.-TEC.-3-97.pdf

Salvadori J.R., Pereiria P.R.V.S. Manejo integrado de corós em trigo e culturas associadas. Comunicado Técnico – Embrapa. Dezembro de 2006. Disponível em http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co203.pdf

Salvadori J.R., Silva M.T.B. Coró-do-trigo. In: Salvadori J.R., Ávila C.J., Silva M.T.B. (Ed.). Pragas de solo no Brasil. Passo Fundo: Embrapa Trigo; Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste; Cruz Alta: Fundacep Fecotrigo, 2004. p. 211-232.

Silva M.T.B., Salvadori J.R. Coró-das-pastagens. In: Salvadori J.R., Ávila C.J., Silva M.T.B. (Ed.). Pragas de solo no Brasil. Passo Fundo: Embrapa Trigo; Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste; Cruz Alta: Fundacep Fecotrigo, 2004. p. 191-210.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.