As cotações da soja, em Chicago, continuaram recuando nesta semana. O bushel da oleaginosa, para o primeiro mês cotado, chegou a bater em US$ 13,07 no dia 19/05, se recuperando um pouco nos dias seguintes e fechando a quinta-feira (25) em US$ 13,24, contra US$ 13,33/bushel uma semana antes. A registrar que o óleo e o farelo, naquela Bolsa, igualmente recuaram em alguns momentos da semana, sendo que o farelo fechou o dia 25/05 em US$ 397,20/tonelada curta, a mais baixa cotação dos últimos 16 meses, considerando o primeiro mês cotado. Salientando que a cotação do grão de soja, para setembro próximo, já está em US$ 11,83/bushel.

Um dos principais motivos deste comportamento é o clima positivo para o plantio da nova safra, nos EUA. Até o dia 21/05, em torno de 66% da área havia sido semeada, contra 52% na média histórica para a data. Ao mesmo tempo, 36% das lavouras já estavam germinadas, contra 24% na média histórica. A partir de agora o clima ganha ainda mais importância nas regiões produtoras daquele país. Sabe-se que o plantio mais cedo diminui a possibilidade de as lavouras serem atingidas por uma eventual seca, mas, como sempre, em se tratando de clima nada é garantido. Portanto, como também é tradicional neste período, haverá muita especulação em torno do clima nos EUA. Neste momento, por exemplo, começa a haver preocupações quanto a possibilidade de falta de chuvas para o final de maio e primeira quinzena de junho, segundo os mapas meteorológicas estadunidenses.

Aqui no Brasil, com o câmbio voltando à casa dos R$ 4,90 a R$ 5,00 por dólar, mais o recuo em Chicago, e ainda prêmios negativos, embora em menos intensidade, tivemos novos recuos de preços. A média gaúcha caiu para R$ 124,08/saco, enquanto as principais praças locais negociaram soja a R$ 120,00. Já nas demais regiões do país, os preços recuaram para níveis entre R$ 110,00 e R$ 121,00/saco.

Este comportamento baixista também foi alimentado por novas estimativas altistas para a safra nacional. Agora, a mesma, embora ainda haja áreas a colher no Sul, indica uma colheita final ao redor de 155,7 milhões de toneladas (cf. Safras & Mercado). Em sendo assim, e considerando que o Rio Grande do Sul perdeu cerca de 8 milhões de toneladas devido a seca, o volume total que o Brasil poderia ter colhido, em 2022/23, chegaria a 163,7 milhões de toneladas. Mesmo assim, o que o país deverá colher neste ano será 21% acima da frustrada safra anterior. Para comparação, enquanto a produtividade média do Brasil estaria ao redor de 3.500 quilos/hectare (58,3 sacos/hectare), o Rio Grande do Sul deve registrar a média de 2.160 quilos/hectare (36 sacos/hectare), ou seja, 38,3% a menos. O volume recorde no país, apesar da quebra gaúcha, se deu pelo aumento da produção em outros Estados.

Especificamente no Mato Grosso do Sul, por exemplo, a colheita atingiu ao recorde histórico de 15 milhões de toneladas neste ano. O resultado é comemorado pelo Governo daquele Estado, pois demonstraria o resultado positivo da estratégia de expansão agrícola em áreas degradadas. Esta produção recorde de soja decorre do aumento de 6% da área plantada, que atingiu os 4 milhões de hectares na safra 2022/2023, e também pela maior produtividade por hectare (62 sacos/ha, contra a projeção inicial de 58 sacos). (cf. Aprosoja/MS e Famasul).

Enfim, a exportação de soja, pelo Brasil, atingiu a média diária de 695.800 toneladas na terceira semana de maio, sendo este um ritmo menor do que o registrado na primeira quinzena do mês. Mesmo assim, é possível que o país exporte, em maio, um pouco mais de 15 milhões de toneladas, superando o exportado em abril e o volume registrado em maio do ano passado, que foi de 10,6 milhões de toneladas. Por enquanto, no acumulado do mês, até a terceira semana, o volume atinge a 9,7 milhões de toneladas. (cf. Secex) O mercado espera que o Brasil, no total do ano 2023, exporte um pouco mais de 90 milhões de toneladas de soja, o que seria um recorde histórico.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



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