Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações da soja em Chicago, considerando o primeiro mês de contrato, se estabilizaram nesta semana, com viés de baixa. O fechamento desta quinta-feira (22) ficou em US$ 14,16/bushel, contra US$ 14,47 uma semana atrás. No ano passado, nesta mesma época, Chicago trabalhava ainda com US$ 8,96/bushel. Vale registrar ainda que a média de junho passado recuou 7,1% em relação a maio, ficando em US$ 14,62. Este foi o primeiro recuo da média mensal depois de 12 meses em constantes elevações. Um sinal importante a não ser ignorado.

Por enquanto, o mercado do clima domina o comportamento das cotações nos EUA. O mesmo está ruim em algumas regiões do Cinturão dos grãos naquele país, assim como em partes do Canadá, Europa e Ucrânia, atingindo as diferentes lavouras de grãos.

Nos EUA, nas regiões atingidas há muito calor e chuvas mal distribuídas, porém, não estamos em um quadro de seca. Mas este é o período crítico das lavouras de soja naquele país, fato que leva o mercado a se concentrar com mais atenção na situação climática. É bom lembrar que em outras tantas regiões estadunidenses a chuva está normal e até acima da normalidade.

Neste sentido, o USDA anunciou que, até o dia 18/07, as lavouras de soja em condições entre boas a excelentes aumentaram para 60% do total, ganhando um ponto percentual sobre a semana anterior. Ao mesmo tempo, outras 29% estavam regulares e 11% entre ruins a muito ruins. Do total das lavouras, 63% estava em floração naquela data, contra 57% na média histórica. Outras 23% estavam com formação de vagens.

Quanto as exportações, na semana encerrada em 15/07 os EUA embarcaram 143.934 toneladas de soja, volume este que ficou um pouco acima do mínimo esperado pelo mercado. No total do atual ano comercial o volume exportado alcança a 57,8 milhões de toneladas, ou seja, 51% acima do registrado na mesma época do ano anterior.

De forma geral, parece que o mercado já precificou a realidade climática, buscando agora novos fatores para um posicionamento diferente do atual. Em ficando assim, os relatórios de oferta e demanda de agosto e setembro passam a ser decisivos, lembrando que a colheita estadunidense começa no final de setembro.

Dito isso, na Argentina os produtores locais venderam 25,1 milhões de toneladas da safra de soja de 2020/21 até o dia 14/07. O ritmo de vendas é menor do que o registrado no ano passado quando, na mesma data, as vendas atingiam a 27,2 milhões safra de soja local, em 2020/21, ficou em apenas 43,5 milhões de toneladas, contra 49 milhões no ano anterior. Em relação à safra de 2021/22, cujo plantio na Argentina começa em outubro, já foram vendidas 1,2 milhão de toneladas, ou seja, 100.000 toneladas abaixo do registrado na mesma época da safra anterior.

Já no Brasil, os preços melhoraram um pouco na medida em que Chicago permaneceu acima dos US$ 14,00/bushel, o câmbio ficou entre R$ 5,10 e R$ 5,20 por dólar, e os prêmios nos portos avançaram no terreno positivo. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 156,65/saco no balcão, contra R$ 107,35 um ano atrás. Portanto, o preço médio atual da soja gaúcha ainda está R$ 49,30/saco superior ao praticado no ano passado nesta época. Nas demais praças nacionais, o preço atual da soja variou entre R$ 154,00 e R$ 162,00/saco.

Os produtores que ainda possuem soja estão segurando o produto na expectativa de que Chicago possa subir mais, na esteira da evolução climática nos EUA, além do impacto de uma safra menor colhida na Argentina. Soma-se a isso a possibilidade de compras internas mais intensas, pois as indústrias nacionais de ração estariam com estoques baixos para o longo prazo.

Dito isso, as nossas exportações para a China recuaram em junho, comparando com o mesmo mês do ano passado. No mês passado os chineses compraram 10,48 milhões de toneladas de soja do Brasil, contra 10,51 milhões adquiridas em junho de 2020. Mesmo assim, junho apresentou uma alta de 14% no volume exportado, quando comparado a maio. Infelizmente, as vendas não foram maiores porque já há algum tempo as margens da indústria de suínos na China está em queda, pressionando o farelo de soja para baixo. Tanto é verdade que, em Chicago, a cotação do farelo recuou 10% na média de junho em relação a maio. Enfim, a China reduziu em 80% as compras de soja dos EUA em junho deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano passado, atingindo a apenas 54.806 toneladas.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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