Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações da soja em Chicago voltaram a marcar passo nesta primeira semana de maio, com o primeiro mês cotado recuando para US$ 8,30/bushel no fechamento do dia 06/05. Posteriormente, ajustes técnicos puxaram as mesmas para cima, trazendo o fechamento desta quinta-feira (07/05) para US$ 8,41/bushel. Mesmo assim, abaixo do fechamento de uma semana atrás, o qual havia sido de US$ 8,50.
A média do mês de abril ficou em US$ 8,43/bushel, contra US$ 8,69 em março. O nítido recuo das cotações em Chicago se evidencia quando esta média de abril é comparada com a dos últimos dois anos neste mês. Em abril de 2018 a mesma foi de US$ 10,37/bushel. Já em abril de 2019 tal média ficou em US$ 8,83. Assim, nos últimos dois anos, em termos médios, o bushel de soja perdeu quase dois dólares ou 18,7% de seu valor nominal.
Dito isso, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, para o ano comercial 2019/20, somaram 1,08 milhão de toneladas na semana encerrada em 23/04, acusando boa elevação em relação a média das quatro semanas anteriores. Além disso, a liderança das compras ficou com a China, com 618.100 toneladas do total vendido. Para 2020/21 foram mais 105.000 toneladas exportadas. Com isso, a soma dos dois anos ficou perto do nível superior esperado pelo mercado.
Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 30/04, ficaram em 318.100 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado. No acumulado do atual ano comercial o volume alcança, agora, um total de 33,8 milhões de toneladas, contra 32,1 milhões um ano antes.
Todavia, duas notícias acabaram freando o humor altista do mercado durante a semana. A primeira veio do ótimo desempenho do plantio de soja nos EUA. Até o dia 03/05 o mesmo já atingia a 23% da área esperada, contra 8% na semana anterior e 11% na média histórica para esta data. A segunda foi a notícia de que novas tensões comerciais entre EUA e China se desenvolveriam, desta feita pelas exigências estadunidenses de que os chineses esclareçam devidamente a origem e a disseminação do coronavírus Covid-19, cujo epicentro inicial se deu no país asiático. Novas tarifas estadunidenses sobre produtos chineses começam a ser especuladas, fato que poderia atingir, em contrapartida, a soja dos EUA, na lógica do que tem acontecido desde março de 2018.
Afora isso, a tensão em torno dos efeitos nocivos do coronavírus sobre a economia dos EUA aumenta, com projeções de recuo significativo no PIB do país.
No Brasil, o câmbio voltou a levar o Real para níveis recordes de desvalorização, com a moeda brasileira atingindo a R$ 5,86 por dólar na quinta-feira (07), fato que valorizou a soja em moeda nacional. Isso porque os prêmios pouco se alteraram, girando entre US$ 0,45 e US$ 0,76/bushel nos diferentes portos brasileiros.
Assim, o balcão gaúcho fechou a primeira semana de maio valendo R$ 94,00/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 102,50 e R$ 103,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 85,50/saco em São Gabriel (MS) e R$ 106,00 em Campos Novos (SC), passando por R$ 101,50 no centro e norte do Paraná; R$ 91,00 em Sorrisso e Sinop (MT); R$ 92,00 em Goiatuba (GO); R$ 91,00 em Pedro Afonso (TO); e R$ 93,00/saco em Uruçuí (PI).
Neste momento, tanto indústrias esmagadoras quanto compradores de farelo estão preocupados com os altos preços da soja em reais. O câmbio está levando a exportações importantes, as quais diminuem rapidamente os estoques nacionais, especialmente no Rio Grande do Sul onde a safra quebrou em 50%. Entretanto, na Região Sul vale destacar que a demanda pelo óleo de soja para biodiesel tem aumentado, fato que eleva a oferta de farelo de soja regionalmente, segurando um pouco os preços locais. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, a colheita de soja no Brasil, até o dia 30/04, atingia a 98% da área, contra 97% na média histórica para esta data, sendo que 98% havia sido igualmente colhido no Rio Grande do Sul, 91% na Bahia, 98% em Santa Catarina, 95% no Maranhão, 80% no Piauí, 95% no Tocantins. Nos demais principais Estados produtores a mesma estava concluída. (cf. Safras & Mercado)
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ