Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações da soja em Chicago, nesta semana, subiram um pouco. Porém, o teto agora passou a ser US$ 12,50/bushel, pois os fundamentos continuam sendo baixistas para as mesmas. Assim, o fechamento desta quinta-feira (21), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 12,24/bushel, contra US$ 12,06 uma semana antes.
Neste contexto, destaque para a colheita da soja, nos EUA. Até o dia 17/10, a mesma atingia a 60% da área, contra 62% esperados pelo mercado e 55% na média histórica para esta data.
Por outro lado, na semana encerrada em 14/10 as exportações de soja estadunidenses somaram 2,3 milhões de toneladas, superando as expectativas do mercado. No total do ano comercial 2021/22 já foram exportadas 5,87 milhões de toneladas, porém, ainda 51% abaixo do volume de mais de 11 milhões de toneladas embarcados no mesmo período do ano anterior.
Já na Argentina, os produtores locais de soja venderam 31,9 milhões de toneladas relativas a última safra 2020/21. No ano passado, na mesma data, as vendas atingiam a 33,5 milhões de toneladas. A produção total da safra do ano anterior ficou em 43,1 milhões de toneladas no vizinho país. Quanto ao plantio da nova safra, o mesmo iniciou e a expectativa é de uma safra ao redor de 44 milhões de toneladas.
Enquanto isso, aqui no Brasil, com o câmbio disparando para níveis de R$ 5,60 a R$ 5,70 por dólar, mesmo com intervenções do Banco Central, os preços subiram. A média gaúcha no balcão chegou a R$ 160,33/saco, enquanto nas demais praças os preços oscilaram entre R$ 158,00 e R$ 162,00/saco.
Dito isso, é preciso muita atenção com a evolução dos preços internos da soja daqui em diante, pois a tendência em Chicago é de recuo, enquanto o câmbio no Brasil está fora da normalidade, pois deveria estar entre R$ 4,50 e R$ 5,00 por dólar. Em algum momento o mercado deverá trazer a moeda para estes níveis, embora tenhamos eleições gerais em 2022, fato que causa tensões financeiras intensas.
O recuo em Chicago está centrado na concretização de uma safra cheia nos EUA; de aumento de área semeada na América do Sul; de recuo na economia chinesa, em relação ao esperado, diante da crise energética local; da forte possibilidade de aumento nos juros básicos dos EUA, diante da pressão inflacionária existente no país, fato que leva os Fundos a venderem contratos de commodities e investirem em títulos públicos.
Neste quadro, o plantio da safra de soja no Brasil atingia a 21% da área total esperada, até o dia 15/10, contra a média histórica de 16,2%. No Mato Grosso, o plantio é de 45%, contra a média histórica de 27,8%. No Paraná, a área chega a 35%, contra a média de 36,6%. O ritmo de plantio atual é o segundo maior da história para meados de outubro. (cf. Safras & Mercado)
Por outro lado, nas exportações de soja o Brasil somou 206.790 toneladas até a terceira semana de outubro, com alta de 70% sobre a média diária de todo o mês de outubro do ano passado. (cf. Secex)
Enfim, a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS), fundada em 2006, na Suíça, e que está presente no Brasil desde 2011, busca acelerar a certificação do grão brasileiro. No ano de 2020, agricultores da região Sul do país (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) contabilizaram 28.000 toneladas do grão certificado com o Padrão RTRS para Produção da Soja Responsável. Os benefícios conquistados com o selo animaram os produtores deste tipo de soja. Com isso, existe uma tendência natural de aumento de áreas certificas para esta nova safra.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).