Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

A cotação da soja, para o primeiro mês cotado, subiu bem durante a semana, fechando a quinta-feira (18) em US$ 12,65/bushel, contra US$ 12,12 uma semana antes. Dentre os motivos está o reflexo do relatório do USDA, divulgado ainda no dia 09/11, embora o mesmo não tenha demonstrado grandes motivos altistas, assim como uma retomada nas importações chinesas e, sobretudo, a projeção de redução na futura produção da Argentina. Esse último caso levou, já há alguns dias, as cotações do farelo em Chicago a dispararem, pois o vizinho país é o principal exportador mundial deste subproduto da soja.

Somou-se a isso uma maior demanda nos EUA pelo farelo de soja local. De fato, desde o dia 12 de outubro o farelo viu sua cotação subir 19,8%, atingindo um nível que não era visto desde o início de julho passado (US$ 374,70/tonelada curta no dia 17/11). Este comportamento puxa os preços do grão de soja em Chicago, enquanto o óleo se mantêm firme, apesar de ter recuado para níveis ao redor de 59 centavos de dólar por libra-peso.

Neste contexto, destaque ainda para o avanço na colheita da soja nos EUA. Até o dia 14/11 a mesma atingia a 92% da área total, contra 93% na média histórica. Por sua vez, em termos de exportações, na semana encerrada em 11/11, os EUA embarcaram 2,07 milhões de toneladas, com o volume ficando dentro das projeções do mercado. Em todo o ano comercial atual o total exportado alcança 16,2 milhões de toneladas.

Já no Brasil, os preços médios da soja voltaram a recuar nesta semana, com o balcão gaúcho fechando a semana em R$ 154,77/saco. Mesmo com as altas em Chicago, pesou sobre os preços internos a revalorização do Real, com a moeda atingindo, em alguns momentos da semana, níveis de R$ 5,48 por dólar. Além disso, os prêmios nos portos são mais baixos no momento, com Paranaguá (PR) trabalhando novembro a US$ 1,30/bushel e março/22 a US$ 0,40. Nas demais praças nacionais os preços da soja oscilaram entre R$ 150,00 e R$ 155,00/saco.

Quanto ao plantio da nova safra no Brasil, até o dia 15/11 o mesmo atingia a 78% da área esperada, contra 63% na média histórica. O Estado de Mato Grosso lidera o ritmo de plantio com 99,5% da área plantada, seguido do Mato Grosso do Sul com 96,7% e pelo Paraná com 95,2% já semeado. (Cf. Pátria Agronegócios)

No Rio Grande do Sul, onde se espera uma área recorde de 6,32 milhões de hectares, o plantio atingia a 29% da mesma até o dia 11/11, porém, a falta de chuvas consistentes em novembro, em muitas regiões do Estado, coloca o avanço do mesmo em compasso de espera nestes últimos dias. Inclusive já há preocupações em relação às lavouras semeadas, as quais precisam de mais umidade para se desenvolverem adequadamente. (cf. Emater)

Enfim, estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) prevê que a área de produção de grãos na região do MATOPIBA, no bioma Cerrado, aumente em 1,1 milhão de hectares até 2030. Com esse cenário, o desafio é fazer com que essa expansão aconteça de maneira responsável. Para aprofundar o conhecimento sobre a dinâmica da expansão de soja na região e contribuir para o uso mais eficiente da terra, a Fundação Solidaridad lança o estudo Potencial regional da expansão da soja no MATOPIBA. A publicação revela um conjunto de 49 municípios que pode absorver 67% do aumento previsto na produção, conservando as áreas de vegetação nativa.

O estudo aponta que o MATOPIBA possui 6,6 milhões de hectares de áreas de pastagem com aptidão agrícola, sendo 4 milhões de hectares de pastagens degradadas. Há ainda 4,6 milhões de hectares de Excedente de Reserva Legal (ERL) em áreas com aptidão agrícola. Áreas contínuas com pelo menos 100 hectares de extensão são mais viáveis para a expansão da soja e, segundo a publicação, correspondem a 3,2 milhões de hectares nas áreas de pastagem apta e a 4 milhões de hectares do ERL com aptidão agrícola.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

Vitene

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