Nos últimos 30 dias, o indicador de cotações agrícolas da Bolsa Brasileira de Mercadorias registrou altas acentuadas em dois alimentos indispensáveis na mesa dos brasileiros: o arroz e o feijão. As valorizações coincidiram com o período de isolamento social quando, inicialmente, houve corrida aos mercado para enfrentar o período de quarentena por milhões de famílias. Porém, de acordo com entidades representativas dos dois setores, parte da alta para ambos os produtos já era esperada antes mesmo da chegada da Covid-19 ao Brasil.

Arroz

Para o arroz, as valorizações no acumulado de 30 dias variam agora entre 7% em Dom Pedrito (RS), onde a saca é negociada no patamar dos R$ 53,50, até 20% no caso de Turvo (SC), por lá, a saca é cotada em R$ 57,00. Minas Gerais também apresenta alta para o produto, porém, de forma menos intensa, de 2,44% no mês, porém, a saca de 60kg de arroz em Uberlândia, por exemplo, custa em média R$ 84,00, originada de produção de sequeiro.

Entidades explicam que o preço estava abaixo dos custos de produção há anos e que a alta percebida este ano representa um equilíbrio no mercado e um alívio para o orizicultor depois de uma longa espera. “Ano passado já fazíamos a previsão de uma safra com preços mais elevados para 2019/2020. Houve redução na área plantada, menor disponibilidade de frete e, nesse momento, também não há importação do produto devido à alta do dólar”, explica Anderson Belloli, diretor jurídico da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Anderson também citou o aumento na taxa CDO, a Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura paga ao Irga, Instituto Rio-Grandense do Arroz.

Após a corrida aos supermercados, entidades do Rio Grande do Sul elaboraram uma nota conjunta como forma de garantir o abastecimento do produto e a segurança alimentar no setor. “Não há qualquer tipo de especulação por parte do produtor. Percebe-se que o preço do produto teve toda essa conjuntura que levou ao aumento e, um deles também, foi a antecipação de compras por parte do consumidor, mas não vai faltar arroz”, resume. Apesar de estar mais caro, entidades alertam que a possibilidade de uma mudança de patamar de preços ao consumidor não deverá pesar no orçamento familiar em função do baixo percentual do arroz na cesta básica.



Feijão

Já no caso do feijão, a disparada nos preços nesta quinta-feira (23) varia entre 9,68% no interior paulista, onde o preço da saca do tipo carioca está em R$ 340,00, e salto de 32% em Paracatú (MG), com a saca cotada em R$ 330,00. Outras regiões, como o oeste da Bahia, Goiás e Mato Grosso também têm altas, porém, menores do que as observadas semanas atrás. Na Bahia, a valorização chegou a se aproximar dos 60% dias atrás e, hoje, é de 23% no acumulado de um mês. O estado é o que tem o ICMS mais alto para o produto (12%)

De acordo com o Ibrafe, Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses, a explicação para o aumento nos preços começa lá no início do ano, isso porque a área plantada do feijão segunda safra também sofreu uma redução. A diminuição foi de 8% para 864 mil hectares, fator que já vem sendo acompanhado há algum tempo. No caso do feijão carioca, a redução de área é ainda maior, de 13%. “Sabia-se que haveria uma pressão nos preços. Além da redução de área, a segunda safra sofreu muito com as intempéries, com destaque para estiagem entre os meses de fevereiro e março no sul e excesso de chuvas em Minas Gerais, por exemplo”, destacou Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Ibrafe e sócio da Correpar, corretora associada à Bolsa Brasileira de Mercadorias.

A exemplo do arroz, o feijão também observou uma busca expressiva pelo produto nos primeiros dias de isolamento social. “Houve aumento na compra de feijão por se tratar de um produto que pode ser facilmente estocado. Uma vez passado esse momento de grande demanda, a situação começa a se normalizar”, resumiu. De acordo com o Ibrafe, o momento no mercado é de espera pelo início da colheita no Paraná, onde teve ocorrência de geadas dias atrás, o que também deve contribuir para um volume menor do produto, com isso, a situação só deve se normalizar totalmente com a chegada da terceira safra.

Lüders ainda destaca um equilíbrio sazonal que costuma ocorrer no mercado a partir de julho, como tem sido observado nos últimos anos e o trabalho dos empacotadores. “Temos observado que os empacotadores estão fazendo um esforço enorme para se manterem trabalhando neste momento de pandemia”, concluiu.

Confira as cotações atualizadas do arroz e do feijão no indicador BBM

Fonte: Bolsa Brasileira de Mercadorias – BBM

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