Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do milho, em Chicago, continuaram relativamente estáveis nesta primeira semana de abril, com leve viés de alta. O bushel do cereal fechou a quinta-feira (07) em US$ 7,57, contra US$ 7,48 uma semana antes. A média de março fechou em US$ 7,47, com um ganho de 14,9% sobre a média de fevereiro. Para comparação, a média de março de 2021 foi de US$ 5,52/bushel. Assim, no espaço de 12 meses, o bushel de milho, em Chicago, ganhou quase dois dólares.
Dito isso, o plantio da nova safra do cereal nos EUA, que deverá ter uma área menor, iniciou, sendo que até o dia 03/04 o mesmo atingia a 2% da área esperada. A partir de agora, o clima sobre as regiões produtoras estadunidenses volta a ser um elemento importante no comportamento do mercado do milho e dos grãos em geral.
Por outro lado, os embarques de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 31/03, atingiram a 1,53 milhão de toneladas, ficando dentro do intervalo esperado pelo mercado. Em todo o atual ano comercial aquele país embarcou 30,6 milhões de toneladas, ou seja, 15% a menos do que um ano antes.
E na Argentina, os agricultores locais venderam 20,7 milhões de toneladas de milho da safra 2021/22 até o início da corrente semana. O volume vendido tem aumentado devido a guerra Rússia x Ucrânia, já que a mesma tem provocado um déficit global do cereal. A Argentina é um dos grandes exportadores mundiais de milho, juntamente com o Brasil, e sua última safra está estimada em 49 milhões de toneladas, atingida que foi pela seca.
E no Brasil, os preços do milho voltaram a recuar. A média no balcão gaúcho fechou a primeira semana de abril em R$ 85,40/saco, enquanto nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 75,00 e R$ 89,00/saco. No caso do mercado gaúcho, o preço médio perdeu mais de cinco reais por saco em uma semana.
Já na B3, o pregão abriu a quinta-feira (07/04) com os seguintes valores: contrato maio em R$ 87,30/saco; julho em R$ 87,21; setembro em R$ 87,01; e novembro em R$ 89,39/saco.
A demanda brasileira, em boa parte, aproveitou o recuo dos preços nestas últimas semanas para fazer estoques e, com isso, diminuiu a procura pelo cereal nestes últimos dias. Com isso, a liquidez do mercado caiu nesta semana. (cf. Cepea) No geral, o mercado interno está calmo, com os maiores compradores esperando a entrada da nova safrinha. Existe a expectativa de que em 30 a 40 dias o milho da região de Lucas do Rio Verde (MT) comece a ser colhido, enquanto o clima vem transcorrendo bem para a planta no Centro-Sul brasileiro.
Neste contexto, apesar da quebra na safra de verão do Centro-Sul, o mercado espera que a produção da segunda safra compense, e o volume total de milho, a ser produzido no país em 2021/22, bata um recorde, chegando a 118,2 milhões de toneladas. Espera-se uma área com a safrinha em 14,7 milhões de hectares no país, com aumento de 1,9% sobre o ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
Ora, para isso ocorrer, a safrinha deverá resultar em volume maior do que a maioria dos analistas no Brasil vem apontando, que, por enquanto, está em 84,6 milhões de toneladas neste ano, contra as 57,8 milhões do ano passado.
Além deste aumento na produção da safrinha, pesa sobre o mercado o fato de que o Brasil vem exportando menos milho neste ano. Nos 22 dias úteis de março o país vendeu 14.279 toneladas ao exterior, contra 292.013 toneladas em todo o mês de março de 2021. Assim, a média diária, deste mês de março, está em recuo de 94,9% em relação a março do ano passado. Já o preço da tonelada subiu 70,2%, passando para US$ 432,90, contra US$ 254,30 um ano antes. (cf. Secex)
Soma-se a isso o fato de que o país vem importando mais milho neste ano, diante das preocupações causadas pelas quebras consecutivas das últimas safrinha e safra de verão. Assim, em março o país comprou 116.672 toneladas do cereal, recebendo 2,7% a mais de produto em relação a março de 2021. A média diária de importação, em março passado, subiu 7,4% em relação a março do ano anterior. Já o preço da tonelada importada subiu 43,1%, chegando a US$ 262,20. (cf. Secex)
E especificamente no Mato Grosso, a safrinha de milho deve ter ocupado 6,3 milhões de hectares, representando um aumento de 7,9% sobre a área semeada no ano anterior. Espera-se uma produtividade média de 107,3 sacos/hectare, com um aumento de 15,8% sobre o ano anterior, fato que poderá levar a produção final de milho, naquele Estado, a 40,4 milhões de toneladas. Em se confirmando este volume, o mesmo será 24,1% maior do que o registrado no ano anterior. (cf. Imea)
No Paraná, 89% da safra de verão já foi colhida, enquanto o plantio da safrinha atingia a 99% da área esperada, que é de 2,63 milhões de hectares. Deste total semeado, até o dia 04/04, 21% estavam em floração e 8% em frutificação, sendo que 96% das lavouras eram consideradas em bom estado. (cf. Deral)
Por sua vez, no Mato Grosso do Sul, os dados já aqui divulgados não se modificaram, porém, o preço médio do produto recuou 5,6% na semana entre 28/03 e 04/04, chegando a R$ 77,75/saco. Com isso, na comparação anual, a média de março passado (R$ 79,91/saco) ficou apenas 1,42% superior à média de março/21, que foi de R$ 78,79/saco. Até este início de abril os produtores sul-matogrossenses de milho haviam negociado, antecipadamente, 13% da produção esperada para a safrinha, contra 28% no mesmo período do ano passado.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).