Autor: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do milho em Chicago, para o primeiro mês cotado, igualmente se recuperaram nesta semana, embora o recuo no dia 17/06 passado não tenha sido tão intenso. Com isso, o fechamento desta quinta-feira (24) ficou em US$ 6,53/bushel, contra US$ 6,33 uma semana antes.

O mercado também está com as atenções voltadas para o relatório de plantio, o qual sairá no próximo dia 30/06.

Enquanto isso, os embarques de milho por parte dos EUA, na semana encerrada em 17/06, atingiram a 1,48 milhão de toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado. Somando esse volume, o total embarcado pelos EUA, no atual ano comercial, soma 55,5 milhões de toneladas, ou seja, 73% acima do registrado no ano passado nesta época.

Já as condições das lavouras dos EUA atingiam a 65% entre boas a excelentes no dia 20/06. Outras 29% estavam regulares e apenas 6% ruins a muito ruins.

Por sua vez, na Argentina o Ministério da Agricultura local informou que a colheita de milho avança, atingindo a 58% da área total no dia 17/06, porém, está 20 pontos percentuais atrasada em relação ao ano passado. O rendimento médio atual estaria em 124,5 sacos/hectare, fato que elevou a estimativa final de safra para 59 milhões de toneladas. No ano anterior a produção final havia sido de 58,5 milhões de toneladas. Assim, para 2021/22 o consumo industrial de milho na Argentina será de 3,85 milhões de toneladas, enquanto outras 17,5 milhões irão para consumo animal e outras 36,5 milhões para exportações, resultando assim em um estoque final de 7,03 milhões de toneladas.



Aqui no Brasil os preços do milho também recuaram sensivelmente, diante do início da colheita da segunda safra, se estabelecendo em níveis praticados há três meses e meio atrás. A média gaúcha caiu para R$ 79,67/saco, contra R$ 85,53 uma semana antes. Nas demais praças nacionais o cereal oscilou entre R$ 69,00 e R$ 86,00/saco, sendo que o CIF Campinas (SP) recuou para R$ 90,00/saco. Já na B3 o contrato julho iniciou o pregão da quinta-feira (24) em R$ 81,49, setembro a R$ 81,67, novembro em R$ 83,03 e janeiro/22 em R$ 85,50/saco

Além da entrada da chamada safrinha, mesmo que lentamente, os compradores se retraem esperando preços mais baixos. Ao mesmo tempo, a revalorização do Real (R$ 4,96 em alguns momentos da semana) não estimula as exportações, segurando mais milho no mercado interno. Em paralelo, os vendedores, assustados com o recuo do preço, tentam vender estoques que sobraram da safra anterior ou ainda da safra de verão, pressionando ainda mais o mercado.

Dito isso, os problemas climáticos da segunda safra provocam revisão semanal do volume final que terá o Brasil. Assim, em nova revisão, o setor privado calcula uma safra final brasileira de milho ao redor de 93,9 milhões de toneladas, ficando 8,4% abaixo do colhido no ano passado segundo suas bases de comparação. Ainda em abril o setor esperava uma safra final acima de 107 milhões de toneladas, com os mais otimistas chegando a apontar 112 milhões. A segunda safra do cereal, que chegou a ser estimada em 84 milhões de toneladas, agora está em 70,8 milhões. Assim, as exportações brasileiras de milho, neste ano, deverão ficar entre 20 e 25 milhões de toneladas. Já o consumo interno de milho deverá chegar a 74 milhões de toneladas (cf. Safras & Mercado e Céleres)

Mesmo assim, os preços internos, neste momento, estão em baixa. Além da pressão da colheita, deve-se considerar a liberação de importação sem imposto, para países de fora do Mercosul, incluindo milho transgênico dos EUA. Nestas condições, e diante da péssima e custosa logística que o Brasil possui, já há algumas semanas está mais barato, para o Nordeste brasileiro, trazer milho dos EUA do que do Mato Grosso ou do oeste da Bahia.

Por outro lado, no Mato Grosso, a colheita da segunda safra chegava a 4% da área no início da presente semana, com atraso de quase 12 pontos percentuais em relação a média histórica. (cf. Imea)

No Paraná, a colheita permanece em 1% da área, com a qualidade das lavouras melhorando um pouco, sendo que 26% estavam em boas condições no início da semana, contra 41% regulares e 33% ruins. Em maturação havia cerca de 24% das lavouras paranaenses. (cf. Deral) Já em Goiás, o preço do milho recuou R$ 10,63/saco no final da semana anterior na comparação com uma semana antes. A colheita começou muito lentamente, com as lavouras irrigadas atingindo a 150 sacos/hectare, enquanto as de sequeiro ficam em 70 sacos. (cf. Ifag)

Por sua vez, conforme a Famasul, no Mato Grosso do Sul, a produtividade média final da segunda safra está calculada, agora, em 68,7 sacos/hectare, contra 75 sacos em estimativa anterior. Desta forma, a produção final local está agora estimada em 8,2 milhões de toneladas, com um recuo ao redor de 800.000 toneladas sobre as estimativas anteriores. Apenas 6% das lavouras estão em bom estado naquele Estado.

Enfim, segundo a Secex, nos primeiros 13 dias úteis de junho o Brasil exportou 2.116 toneladas de milho, sendo esse volume apenas 0,67% do que foi exportado em todo o mês de junho de 2020. A média diária de embarques soma 162,8 toneladas, ou seja, 75,4% menor do que a média do mês anterior e 98,9% menor do que a média diária de junho de 2020.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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