As cotações do milho em Chicago pouco se alteraram durante a semana, fechando a quinta-feira (26) em US$ 3,48/bushel, contra US$ 3,45 na semana passada.
As exportações de milho pelos EUA voltaram a não entusiasmar o mercado, ficando em 904.500 toneladas na semana anterior. Mesmo assim, o mercado foi favorecido parcialmente pelas altas no mercado do trigo devido ao fechamento, por 20 dias, de dois portos de embarque argentinos.
Todavia, notícias de que indústrias de etanol de milho nos EUA paralisam suas atividades por 30 dias devido a pandemia do coronavírus esfriou qualquer novo entusiasmo de alta nos preços.
Assim, o mercado espera o resultado dos relatórios de oferta e demanda do USDA, agora no próximo dia 31/03, especialmente a intenção de plantio. Há uma projeção de área a ser semeada com milho em 37,2 milhões de hectares e em soja ao redor de 34 milhões de hectares.
Se esta área se confirmar nos EUA, o mercado entrará em fase baixista a partir de abril, dependendo do clima que ocorrer naquele país.
Com a Argentina parcialmente fora do mercado pelo fechamento de suas fronteiras temporariamente, o milho dos EUA e do Brasil deve ganhar espaço maior no cenário mundial. Todavia, em Chicago isso ainda não está ajudando muito as cotações do cereal.
Por outro lado, notícias vindas da China, no início da tarde desta quinta-feira (26), deram conta de que o país estava fechando suas fronteiras por algum tempo devido ao recrudescimento do coronavírus, agora trazido pelos viajantes que ali chegam do exterior. Isso freia novamente o mercado em geral.
E a parcial recuperação dos preços do petróleo, neste contexto geral, não melhorou as margens das indústrias de etanol nos EUA, surtindo pouco efeito favorável sobre as cotações do milho.
Enfim, o mercado acabou achando sustentação nos atuais níveis graças ao anúncio de socorro financeiro feito pelo governo dos EUA, à economia local, na altura de US$ 2 trilhões para conter os estragos econômicos provocados pela pandemia do coronavírus. Aliás, esta pandemia mantém o dólar forte, retirando competividade de exportação para o milho estadunidense.
Na Argentina, a tonelada FOB de milho ficou em US$ 168,00, enquanto no Paraguai a mesma se estabeleceu em US$ 137,50 no encerramento da semana.
Aqui no Brasil, os preços se mantiveram estáveis, porém, nos limites de alta. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 44,72/saco, enquanto os lotes se mantiveram em R$ 51,50/saco no norte do Estado. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 60,00/saco na Mogiana paulista e R$ 42,00/saco em municípios do Nortão do Mato Grosso, passando por R$ 55,00 em Alfenas (MG) e R$ 52,00/saco em Videira e Concórdia (SC).
O mercado se preocupa cada vez mais com a pouca chuva no Sudeste brasileiro, o que atinge a safrinha local. Com a paralisação em grande parte das empresas, devido ao coronavírus, a pressão sobre os preços, no consumo, diminuiu um pouco, embora não se possa parar de alimentar os animais com a ração. Entretanto, com o menor consumo de carnes e derivados, devido a quarentena, fato que aumenta os estoques, prevê-se para o segundo semestre uma redução na oferta de animais para abate, podendo ocorrer um recuo na demanda industrial de milho.
Quanto ao impasse entre o mercado físico e a BM&F em relação aos preços do milho para maio, continua-se considerando que a Bolsa está fora de contexto, diante da atual realidade de escassez de oferta em São Paulo e impossibilidade de repor isso até junho pelo menos. Tanto é verdade que o produto físico em Campinas continuou cotado entre R$ 62,00 e R$ 63,00/saco no CIF. (cf. Safras & Mercado)
Dito isso, a colheita da safra de verão no Centro-Sul brasileiro, até o dia 20/03, chegava a 52% do total, contra 55% na média histórica. O Rio Grande do Sul havia colhido, até aquela data, 78% do total, ficando praticamente dentro da média histórica. Entretanto, a quebra de safra neste Estado deve beirar igualmente os 50% devido a seca. Já o plantio da safrinha no Centro-Sul brasileiro alcançava a 90% da área esperada, no dia 20/03, contra 98% na média histórica e 100% no ano passado nesta data. (cf. Safras & Mercado)
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.