Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do milho em Chicago pouco se alteraram durante esta semana, subindo um pouco no fechamento desta quinta-feira (07/05) ao atingir US$ 3,16/bushel no primeiro mês cotado, contra US$ 3,11 uma semana antes. A média de abril ficou em US$ 3,20/bushel, contra US$ 3,60 em março. Esta média de abril confirma o recuo nos preços do cereal nos últimos dois anos, pois em abril de 2018 a média havia sido de R$ 3,85/bushel e em abril de 2019 US$ 3,57/bushel. Em dois anos o bushel de milho, portanto, nesta comparação, perdeu 16,9%.
No início da semana o forte recuo do dólar e uma melhoria nos preços do petróleo deu o sentimento de que o mercado do milho se recuperaria durante toda a semana. Todavia, isso não ocorreu. Chuvas normais nas regiões de plantio dos EUA para os próximos 15 dias seguraram os preços.
Ao mesmo tempo, o plantio da nova safra avança normalmente, tendo atingido, até o dia 03/05, um total de 51% da área, contra 39% na média histórica. O mercado espera agora o relatório de oferta e demanda dos EUA, previsto para este dia 12/05, para definir um novo direcionamento. Por enquanto, espera-se um aumento de área e de produção, tanto na soja quanto no milho. Em isto ocorrendo, os estoques finais do cereal nos EUA podem subir para 85 milhões de toneladas no ano comercial 2020/21, podendo derrubar as cotações abaixo dos US$ 3,00/bushel até o final da próxima semana.
Por outro lado, as inspeções de exportação estadunidenses de milho chegaram a 1,22 milhão de toneladas na semana encerrada em 30/04, superando o esperado pelo mercado. De fato, para as cotações melhorarem um pouco somente se as exportações dos EUA aumentarem em volume ou se, surpreendentemente, os números do relatório do dia 12/05 não confirmarem as expectativas do mercado.
Na Argentina, a tonelada FOB de milho fechou a semana em US$ 148,00, enquanto no Paraguai a mesma permaneceu em US$ 112,50.
No mercado brasileiro os preços continuaram com viés lento de baixa. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 44,05, enquanto os lotes ficaram entre R$ 45,00 e R$ 46,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 36,00 em Sinop (MT) e R$ 48,50 na Mogiana paulista.
O mercado está concentrado no clima nas regiões da safrinha, agora com ameaça de geadas neste início de maio, e no câmbio, o qual continua estimulando as exportações. Em havendo redução na produção da safrinha e a exportação aumentando para além das previsões iniciais, os preços internos deverão subir, invertendo a tendência de queda que se desenha nas últimas duas semanas.
Enquanto na BM&F o descompasso entre o cotado naquela Bolsa e o mercado físico se confirma para maio, não haveria sinais no interior paulista de que o produtor aceitará vender seu milho safrinha abaixo de R$ 39,00/saco no interior.
No geral, o futuro dos preços do milho no Brasil, nos próximos meses, está na dependência do clima na safrinha, a qual deve começar a ser colhida no final de junho, e no comportamento cambial.
Enfim, a colheita do milho de verão, no Centro-Sul brasileiro, atingia a 85% da área no dia 30/04, contra 88% na média histórica para esta data. Minas Gerais e Goiás/DF ainda tinham quase 50% da área a ser colhida, mantendo um atraso considerável em relação a média histórica.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ