Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do milho em Chicago se mantiveram estáveis até o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, neste dia 12/08. Após o mesmo, o mercado reagiu, com o fechamento do dia ficando em US$ 5,67/bushel, contra US$ 5,55 uma semana antes.
O relatório apontou os seguintes números para o milho na safra 2021/22:
- A safra nova dos EUA foi reduzida em quase 11 milhões de toneladas, ficando estimada agora em 374,7 milhões de toneladas;
- Os estoques finais estadunidenses foram reduzidos em quase 5 milhões de toneladas, ficando em 31,6 milhões de toneladas;
- O preço médio anual, ao produtor estadunidense, passou a US$ 5,75/bushel;
- A produção mundial de milho foi reduzida para 1,186 bilhão de toneladas;
- Os estoques finais mundiais caíram para 284,6 milhões de toneladas;
- A produção brasileira está projetada em 118 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina em 51 milhões;
- As importações chinesas de milho ficariam em 26 milhões de toneladas, sem alterações em relação ao relatório de julho.
Dito isso, vale destacar que a safra estadunidense ficou dentro do esperado pelo mercado, embora abaixo da média estabelecida, porém, acima das 360,2 milhões de toneladas colhidas no ano anterior. Os estoques finais igualmente ficaram dentro do esperado pelo mercado, porém, um pouco abaixo da média aguardada. Em termos mundiais, os estoques finais anunciados também ficaram dentro do esperado pelo mercado. Mesmo assim, o viés foi de alta em Chicago após o anúncio do relatório.
Por outro lado, as condições das lavouras estadunidenses de milho, até o dia 08/08, eram de 64% entre boas a excelentes, contra 71% no ano passado. Cerca de 56% das mesmas continuam em fase de embonecamento, e 8% na fase de enchimento de grãos.
Em termos de exportação, os EUA embarcaram 667.220 toneladas, na semana encerrada em 05/08, ficando abaixo das expectativas do mercado. O total já embarcado neste ano comercial é de 63,5 milhões de toneladas, superando em 61% o registrado no mesmo momento do ano anterior.
Já no mercado brasileiro os preços continuam firmes e, em muitos locais, até em alta apesar da colheita da safrinha. Em outros locais ocorrem quedas de preço devido ao recuo dos compradores, os quais esperam preços mais baixos no final da colheita da safrinha. Assim, a média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 89,03/saco, enquanto nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 81,00 e R$ 99,00/saco.
Enquanto a colheita da segunda safra, no Centro-Sul brasileiro, chegou a quase 60% do total na semana passada, mantendo-se bastante atrasada em relação aos anos anteriores, a forte quebra no volume colhido vai se confirmando. Novas geadas nesta semana pioraram o quadro em muitas regiões, sendo que a safrinha total poderá ficar em apenas 51,6 milhões de toneladas, com perdas de 26 milhões de toneladas em relação ao esperado inicialmente. (cf. AgRural)
Este número ainda não é acompanhado pela Conab que, em seu levantamento de agosto, aponta uma piora, sim, na safrinha, porém, ainda mantendo uma produção final de 60,3 milhões de toneladas, ou seja, 19,6% menor do que o colhido em 2020 e 24,4% menor do que a projeção inicial para o corrente ano. Mesmo assim, os números do órgão oficial ainda estão quase 10 milhões de toneladas acima daqueles indicados pelos analistas privados.
Para a Conab, a produção total de milho neste ano 2020/21 deverá ser de 86,7 milhões de toneladas, com um recuo de 15,5% sobre o ano anterior e 19,8% menor do que as projeções iniciais para este ano. É bom lembrar que os analistas privados esperam um volume total final no Brasil entre 75 e 80 milhões de toneladas.
Pelo lado das exportações brasileiras de milho, as expectativas chegam a um total entre 17 e 23 milhões de toneladas neste ano, após a forte quebra da safrinha. De janeiro a julho as vendas externas alcançaram a 5,6 milhões de toneladas, sendo 22% menor do que o registrado no mesmo período de 2020. Já nos primeiros cinco dias úteis de agosto o país exportou 718.244 toneladas do cereal. A média diária de embarques em agosto está 51,7% abaixo do registrado em agosto de 2020. A Anec espera que o Brasil exporte entre 3 e 4 milhões de toneladas de milho neste mês de agosto.
Enfim, em termos estaduais, temos que o Mato Grosso, até o início desta semana, havia colhido 93,5% da área de milho safrinha 2020/21. Já a safra 2021/22 registrava vendas antecipadas na altura de 28,7% da produção esperada, contra 18,5% na média histórica. No Paraná, a colheita da safrinha chegava a 22%, sendo que apenas 5% das lavouras a colher apresentavam boa qualidade. E no Mato Grosso do Sul a colheita da safrinha chegou a 20% neste início de semana, com a expectativa de que o volume total fique mesmo em 6,3 milhões de toneladas após as quebras climáticas.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).