Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do milho, em Chicago, têm oscilado bem menos na comparação com o trigo e a soja, já que os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia, no mercado deste cereal, parecem ser menores, apesar da Ucrânia ser um grande exportador do cereal. Assim, o fechamento desta quinta-feira (10) ficou em US$ 7,57/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 7,51 uma semana antes.

O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 09/03, trouxe algumas alterações no quadro deste mercado, porém, sem grandes impactos, pelo menos por enquanto. O mesmo apontou a manutenção do volume da última colheita estadunidense, porém, reduziu os estoques finais daquele país, para 2021/22, com estes ficando agora em 36,6 milhões de toneladas. Já a produção brasileira foi mantida em 114 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina sofreu recuo para 53 milhões. A produção mundial aumentou para 1,206 bilhão de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais recuaram em um milhão de toneladas, ficando em 301 milhões. Neste novo ano comercial o Brasil deverá exportar 43 milhões de toneladas, a julgar pelo relatório. Neste contexto, o preço médio aos produtores de milho dos EUA, no corrente ano comercial, deverá ficar em US$ 5,65/bushel, ou seja, perto de dois dólares à menos do que Chicago vem praticando no momento.

Enquanto isso, as estatísticas argentinas desmentem totalmente o relatório estadunidense, ao apontarem que sua safra de milho de 2021/22, devido a seca, deverá recuar para 48 milhões de toneladas. Na época do plantio se cogitava uma produção próxima dos 58 milhões de toneladas. A produtividade de milho no vizinho país deverá atingir seu menor nível em 10 anos.

Já no Brasil, diante das grandes perdas na safra de verão, os preços subiram novamente. A média gaúcha, no balcão, ficou em R$ 93,31/saco, enquanto o CIF Campinas voltou a ultrapassar os R$ 100,00. Nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 78,00 e R$ 98,00/saco, enquanto no porto de Paranaguá o produto bateu em R$ 110,00/saco.

Paralelamente, na B3 o pregão da quinta-feira (10) abriu com os seguintes valores: o contrato março em R$ 101,70; maio em R$ 103,38; julho em R$ 97,58; e setembro em R$ 97,50/saco.



Dito isso, o plantio da segunda safra de milho no Centro-Sul brasileiro atingia a 81% da área esperada no início da presente semana, contra 54% um ano atrás. Para a safrinha, as condições climáticas continuam favoráveis. Já a colheita do milho de verão, na região, atingia a 45% da área, contra 35% um ano atrás. Espera-se uma safra total no país, neste ano, entre 111 e 114 milhões de toneladas.

Especificamente no Mato Grosso, a expectativa de plantio da safrinha aumentou para 6,28 milhões de hectares a partir do bom andamento da colheita da soja no momento. Estima-se que a semeadura tenha sido feita em 93,9% do total dentro da janela ideal. Com isso, espera-se uma produção final, naquele Estado, ao redor de 40,6 milhões de toneladas de milho safrinha. Isso significa uma alta de 24,1% sobre a safrinha do ano passado. O plantio atingia a 94% da área esperada no início da presente semana.(cf. Imea)

E no Paraná a seca deve ter provocado uma perda de 40% na safra de milho de verão, com a mesma devendo ficar ao redor de 2,5 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, o plantio da safrinha de milho atingia a 69% neste início de semana, contra 43% um ano antes, na mesma época. A área total esperada para a segunda safra de milho, no Paraná, é de 2,63 milhões de hectares. O percentual de áreas consideradas boas atingiu a 46% para a safra de verão e 90% para a safrinha já semeada. Enfim, o Paraná já teria colhido 64% da área relativa a safra de milho de verão.(cf. Deral)

No Mato Grosso do Sul, até o dia 04/03, o plantio da safrinha chegava a 59,2% da área esperada no início da presente semana, contra 61,5% na média histórica. A área total esperada está mantida em 1,99 milhão de hectares, ou seja, um recuo de 12,6% sobre o ano anterior. A produtividade média esperada está agora projetada em 78,1 sacos/hectare naquele Estado, o que tende a gerar uma produção final de 9,34 milhões de toneladas. O preço médio do saco de milho local subiu para R$ 87,69 na semana anterior, sendo que até o momento 25,5% da nova safrinha já teria sido negociada antecipadamente pelos produtores sul-matogrossenses, contra 27,5% no mesmo período do ano passado. (cf. Famasul)

Enfim, segundo a Anec, não haverá exportação de milho, por parte do Brasil, neste mês de março, contrariando as estimativas de 30.000 toneladas feitas na semana anterior. Lembrando que em março de 2021 o país exportou 115.120 toneladas do cereal.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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