Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do milho em Chicago voltaram aos patamares abaixo dos US$ 7,00/bushel, para o primeiro mês cotado, baixando sensivelmente durante a semana. O fechamento desta quinta-feira (08) ficou em US$ 6,38/bushel, contra US$ 7,19 uma semana antes. Tal cotação não era registrada desde o final de maio.

A qualidade das lavouras estadunidenses, até o dia 04/07, registrava 64% entre boas a excelentes, 27% regulares e 9% entre ruins a muito ruins. Naquela data, 10% das lavouras estavam em fase de embonecamento, contra 14% na média histórica para esta data.

Já em termos de exportação, na semana encerrada em 1º de julho, os EUA haviam atingido a 1,24 milhão de toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado. No acumulado do ano comercial o volume total exportado chega a 58,15 milhões de toneladas, sendo este volume superior em 69% o que foi exportado no mesmo período do ano anterior.

Por sua vez, na Argentina, os produtores locais continuam colhendo o milho da safra 2020/21, já tendo vendido 32,2 milhões de toneladas do que se espera colher. Este volume é três milhões de toneladas acima do que foi vendido no ano anterior nesta mesma época.

E aqui no Brasil, diante de novas quebras na segunda safra, agora provocadas pela forte geada do final de junho e início de julho, os preços voltaram a subir. A média gaúcha atingiu a R$ 80,35/saco nesta semana, enquanto nas demais praças nacionais os preços médios oscilaram entre R$ 71,00 e R$ 97,00/saco, sendo que o CIF Campinas (SP) voltou ao patamar de R$ 101,00/saco.

Assim, mesmo diante do avanço da colheita da segunda safra, o fato de as perdas aumentarem se sobrepõe à entrada de produto novo, provocando alta de preços novamente. Diante deste quadro, os compradores acabaram aceitando pagar preços mais elevados nesta semana, porém, as negociações ocorrem ainda em torno de pequenos volumes.

Em relação ao efeito das geadas da semana anterior, no oeste do Paraná o efeito foi muito grande. As lavouras de milho safrinha que não estavam prontas podem registrar perdas de até 80%. As mesmas representam 85% da área cultivada na região. A produtividade média recuou em 40%, pois o plantio foi atrasado neste ano.

Segundo o Deral, a colheita da segunda safra em todo o Paraná chegava a 3% da área nesta primeira semana de julho, sendo que 33% das lavouras a serem ainda colhidas estão na fase de maturação. Já a qualidade das mesmas, em todo o Estado, caiu bastante, com apenas 12% sendo consideradas boas, 46% médias e 42% ruins. Na semana anterior às geadas, ainda havia 26% das lavouras em boas condições. Agora são apenas 12%.



Já no Mato Grosso a colheita avança, chegando a 23% da área total no final da semana passada. Mesmo assim, a mesma está bastante atrasada em relação ao ano passado quando 47% já estava colhido nesta data. (cf. Imea)

Por sua vez, no Mato Grosso do Sul, onde a geada chegou forte igualmente, a redução total da safrinha será de 2,7 milhões de toneladas em relação ao que se esperava inicialmente. Assim, o volume final, que já havia sido reduzido para 8,2 milhões de toneladas nas últimas semanas pelo efeito da seca, após as geadas está projetado em 6,2 milhões, com a produtividade média caindo para 52,3 sacos/hectare. Neste momento, apenas 1% das lavouras estão em boas condições, 38% regulares e 61% em estado ruim. Estima-se que 30% da área total estadual de milho safrinha tenha sido atingida pelas geadas.(Cf. Famasul)

Enquanto isso, em Goiás, o preço do milho igualmente sobe, ultrapassando os R$ 73,00/saco, puxadas pelas geadas que também atingiram parcialmente o Estado.

Diante de todo este contexto, a safra total de milho no país está agora projetada em 89 milhões de toneladas, com um recuo de 10 milhões de toneladas em relação a estimativa anterior. (cf. Céleres e Abramilho) Nestas condições, a tendência de preços mais elevados no final do ano é praticamente inevitável, mesmo com forte redução das exportações.

Tanto é verdade que novas estimativas para a segunda safra nacional, no Centro-Sul brasileiro, apontam um volume de apenas 54,6 milhões de toneladas, com uma redução de 5,4 milhões sobre o que se estimava um mês atrás. A quebra total, até aqui, em relação ao que se projetava no início da colheita, ultrapassa a 22 milhões de toneladas. Até o início de junho a colheita da safrinha nacional chegava a 12% da área, contra 23% no mesmo período do ano passado. Nestas condições a safra total nacional pode ficar ainda mais baixa, atingindo a apenas 85,3 milhões de toneladas, contra 102,5 milhões no ano anterior. (cf. AgRural)

Em paralelo, a comercialização da segunda safra de milho chegava a 49,1% da produção prevista, a qual agora é ainda mais baixa, fato que deixa disponível ainda apenas 27,8 milhões de toneladas para serem comercializadas. Este percentual está em linha com o negociado na mesma época do ano anterior, porém, sobre um volume bem maior naquela época. Até antes das geadas, as vendas de milho atingiam a 28,9% da produção total no Paraná; 18,8% em São Paulo; 48,7% em Mato Grosso do Sul;50,1% em Goiás/Distrito Federal; 19,3% em Minas Gerais; e 59,6% no Mato Grosso. (cf. Safras & Mercado)

Já em termos de exportações, o Brasil, em 2020, vendeu em torno de 33 milhões de toneladas. Para 2021, depois da seca e das geadas, espera-se exportação de 20 milhões de toneladas, com muitas empresas já redirecionando o produto que seria exportado para o mercado interno.

Atualmente, os indicativos de navios para julho apontam uma exportação de 2,5 milhões de toneladas para este mês, contra 5 milhões embarcadas em julho de 2020. Lembrando que o embarque de milho pelo Brasil, em todo o primeiro semestre do corrente ano, ficou em apenas 2,9 milhões de toneladas. (cf. Anec)


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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