Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do milho, em Chicago, também recuaram um pouco nesta semana, fechando a quinta-feira (05), para o primeiro mês cotado, em US$ 5,55/bushel, contra US$ 5,58 uma semana antes. A média de julho ficou em US$ 6,05/bushel, com um recuo de 10% sobre a de junho.
Além da expectativa do novo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/08, o mercado pouco se abalou com o recuo nas condições das lavouras estadunidenses do cereal. O índice de boas a excelentes caiu para 62%, perdendo dois pontos percentuais em relação a semana anterior. Já as lavouras regulares ficaram com 27% do total e as ruins a muito ruins em 11% no dia 1º de agosto. Nesta data, 91% das lavouras estavam em fase de embonecamento, enquanto 38% se encontravam em fase de enchimento de grãos.
Quanto às exportações estadunidenses de milho, na semana encerrada em 29/07 o volume atingiu a 1,4 milhão de toneladas, ficando acima do esperado pelo mercado. Somando este volume, o total do atual ano comercial chega a 62,8 milhões de toneladas, ou seja, 65% acima do registrado no mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, no mercado brasileiro o cereal continua firme, porém, em algumas localidades os preços perdem um pouco de força devido a colheita da segunda safra. Esta já atinge a mais de 60% da área semeada e, mesmo com elevada quebra, os preços são pressionados pelo fato de os produtores estarem vendendo rapidamente a safra visando aproveitar o bom momento do mercado.
Assim, a semana fechou com a média gaúcha atingindo a R$ 89,38/saco, enquanto nas demais praças nacionais o saco de milho oscilou entre R$ 78,00 e R$ 101,00. Já na B3, a abertura do pregão da quinta-feira (05) registrava R$ 95,38/saco para o contrato setembro/21; R$ 96,10 para novembro/21; R$ 97,40 para janeiro/22 e R$ 96,97/saco para março/22.
Efetivamente, a safra total de milho neste ano, no Brasil, será muito menor. Novas estimativas dão conta de que o total (somando todas as safras) chegue a 87,1 milhões de toneladas em 2020/21. Será a menor safra desde 2017/18, quando foram colhidas 80,7 milhões de toneladas. Especificamente para a safrinha espera-se um volume de 59,6 milhões de toneladas no momento. (cf. StoneX)
No Paraná, por exemplo, a quebra é de 58% em relação a expectativa inicial, com o volume final ficando em apenas 6,1 milhões de toneladas. Neste Estado, a colheita da safrinha chegou a 10% da área total neste início de agosto, havendo ainda 92% das mesmas ainda em fase de maturação. Em termos de qualidade, apenas 6% estão em boas condições, 41% estão médias e 53% ruins (cf. Deral). No Mato Grosso, as perdas alcançam 4 milhões de toneladas em relação ao esperado inicialmente, com o volume final ficando em 32 milhões de toneladas (cf. Imea). Já em Goiás, as perdas se confirmam ao redor de 40% do esperado, com o volume final da safrinha estimado, agora, em 6 milhões de toneladas (cf. Ifag). No Mato Grosso do Sul, com uma produtividade média esperada em 52,3 sacos/hectare, a produção final tende a alcançar apenas 6,3 milhões de toneladas (cf. Famasul).
Já para a futura safra 2021/22, no verão espera-se um volume final de 29,8 milhões de toneladas, em condições normais de clima. Isso representará 15,7% acima do colhido no ano anterior. Espera-se que a área de verão suba para 4,45 milhões de hectares, ganhando quase 6% sobre o ano anterior. A produção total de milho no país, para o próximo ano, pode chegar a 113,9 milhões de toneladas. Em isso se confirmando, as exportações de milho por parte do Brasil, no próximo ano comercial, podem voltar à casa das 40 milhões de toneladas, após 19 a 20 milhões estimadas para o corrente ano. Em paralelo, a demanda interna subirá para 72,5 milhões de toneladas. (cf. StoneX)
Em termos de comércio exterior, nos primeiros sete meses do corrente ano o Brasil importou 1,08 milhão de toneladas, caminhando para um recorde no final do ano. No primeiro semestre do ano, 84% do milho importado se originou no Paraguai, 15% na Argentina, 1,3% nos EUA e 0,03% na África do Sul (cf. Secex). Alguns analistas chegam a avançar a possibilidade de importarmos entre 2,5 a 4 milhões de toneladas de milho em 2021. Esse volume tende a frear altas ainda mais agudas nos preços internos do cereal para o final do ano.
Quanto às exportações, para o mês de agosto a expectativa é de que o Brasil exporte 3 milhões de toneladas, contra mais do que o dobro no mesmo mês do ano passado (6,7 milhões de toneladas). No total anual exportado, a Anec revisou ainda mais para baixo o volume a ser escoado, estimando agora que o mesmo chegue a apenas 17 milhões de toneladas diante da forte quebra da safrinha e do aumento na demanda interna. Neste caso, nossas vendas externas de milho ficariam abaixo do registrado no ano de 2015/16, quando o país vendeu 18,8 milhões de toneladas.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).