Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do milho, em Chicago, recuaram um pouco nesta semana, com o primeiro mês cotado fechando a quinta-feira (19) em US$ 5,50/bushel, contra US$ 5,67 uma semana antes.

As condições das lavouras do cereal, nos EUA, igualmente pioraram um pouco, havendo, até o dia 15/08, 62% entre boas a excelentes, contra 64% uma semana antes. No mesmo período do ano anterior as mesmas estavam em 69%. Cerca de 73% das lavouras estavam em fase de embonecamento em meados de agosto, contra 68% na média dos últimos cinco anos.

Quanto às exportações estadunidenses, na semana encerrada em 12/08, as mesmas atingiram a 754.929 toneladas de milho, elevando o total anual para 64,35 milhões de toneladas. Este volume é bem superior ao pouco mais de 40,5 milhões de toneladas registrados em igual momento do ano passado.

Por sua vez, os primeiros resultados do Crop Tour promovido pela Prof Farmer, mostram que a produtividade esperada no Estado de Ohio está estimada em 193,6 sacos/hectare, contra 175,4 sacos na safra anterior. Já o rendimento esperado pelo USDA é de 201,9 sacos/hectare. Por outro lado, em Dakota do Sul a média esperada pelo Crop Tour é de 158,4 sacos/hectare, contra 187,5 sacos no ano anterior. O USDA espera tão somente 139,1 sacos/hectare. As lavouras visitadas em Dakota do Sul mostram muita irregularidade, com muitas delas atingidas pela falta de chuvas.

Aqui no Brasil, os preços do milho continuaram subindo, eliminando o movimento de baixa que ocorreu em algumas praças nacionais na semana passada. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 90,28/saco, enquanto nas demais praças nacionais a mesma oscilou entre R$ 81,00 e R$ 99,00/saco, sendo que o CIF Campinas (SP) fechou em R$ 102,00/saco.



A oferta nacional e internacional de milho será menor neste ano 2021/22, a partir de quebras de safra, especialmente no Brasil. Neste contexto, em nosso país, enquanto a colheita da segunda safra atinge a 99% da área no Mato Grosso, no Paraná a colheita da safrinha atingia a 39% da área. Em termos de qualidade, as lavouras em boas condições continuavam em apenas 5% neste Estado. Já no Mato Grosso do Sul, a produtividade média da segunda safra está mantida em 52,3 sacos/hectare, o que resulta em uma produção final de 6,3 milhões de toneladas. A estiagem neste Estado já dura 52 dias, com a colheita atingindo a 37% da área no dia 13/08, sendo que apenas 1% das lavouras estão em boas condições. (cf. Imea, Deral e Famasul)

Quanto a colheita no Centro-Sul brasileiro, a safrinha alcançava, no dia 12/08, um total de 70% da área, contra 77% no ano anterior. A mesma está praticamente encerrada no Mato Grosso e vai avançando bem nos demais Estados. Mas há problemas de qualidade, além das quebras de produtividade. No Paraná, por exemplo, as cargas estão saindo das lavouras com 40% do produto avariado. Algo semelhante, porém, em menor intensidade, ocorre no Mato Grosso do Sul. Em tal contexto, a produção final da safrinha poderá ficar em apenas 51,6 milhões de toneladas, perdendo 26 milhões de toneladas em relação ao esperado no Centro-Sul brasileiro. Assim, a produção total brasileira em milho, somando todas as safras, ficaria em 82,2 milhões de toneladas, contra uma expectativa inicial que chegou a bater em 112 milhões de toneladas. (cf. AgRural)

Já as exportações de milho melhoraram em agosto, sendo que nos 10 primeiros dias úteis do mês o país exportou 2,1 milhões de toneladas, já superando em 7,6% o total exportado em julho. Porém, ainda é 34,1% do total exportado em todo o mês de agosto de 2020, o qual foi de 6,2 milhões de toneladas. O preço da tonelada exportada neste mês atual é 25,5% superior ao obtido no mesmo período do ano passado, se estabelecendo em US$ 200,40. Nestas condições, nos sete primeiros meses do ano o Brasil teria exportado 5,6 milhões de toneladas, volume 22% abaixo do registrado no mesmo período de 2020. No total do ano, o Brasil deverá exportar entre 17 e 23 milhões de toneladas de milho. (cf. Secex, empresas privadas e Conab)

Por outro lado, em termos de importação, nos 10 primeiros dias úteis de agosto o país trouxe do exterior 54.557 toneladas, sendo que a média diária de importações é 64,6% superior àquela registrada em igual momento do ano passado. O preço médio da tonelada importada chega a US$ 247,80. Ao câmbio de hoje isso representa R$ 80,00/saco. Nos sete primeiros meses do ano o Brasil já importou 1,08 milhão de toneladas de milho. A iniciativa privada chega a avançar importações totais no ano ao redor de 4 milhões de toneladas, enquanto a Conab estima o volume em 2,3 milhões. (cf. Secex)

Assim, a preocupação com a falta de milho no futuro próximo aumenta no Brasil, a ponto de o governo publicar, ainda neste mês, uma Medida Provisória isentando a importação de milho da cobrança dos impostos Pis e Cofins. Essa medida, assim como a retirada do imposto de importação para produto oriundo de fora do Mercosul, até o dia 31 de dezembro, visa auxiliar as indústrias brasileiras de ração e de carnes.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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