Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações do milho se mantiveram firmes durante esta semana, porém, sem grandes variações em relação ao final da semana anterior. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado em Chicago, fechou o dia 20/08 em US$ 3,24, contra US$ 3,25 uma semana antes.

Vale registrar que no dia 11/08 houve tempestades nas regiões produtoras dos EUA, especialmente no Estado de Iowa, o que reduziu a qualidade das lavouras de milho. Com isso, o conjunto de lavouras entre boas a excelentes recuou para 69%, com perda de dois pontos percentuais sobre a semana anterior. Já em Iowa este indicador caiu para 59%, perdendo 10 pontos percentuais. Por sua vez, 76% das lavouras estadunidenses, até o dia 16/08, estavam em enchimento de grão.

Por outro lado, as exportações de milho por parte dos EUA ficaram praticamente nos mesmos níveis da semana anterior, atingindo a 1,04 milhão de toneladas. Assim, em todo o ano comercial o volume total chega a 40,3 milhões de toneladas, contra mais de 46 milhões em igual momento do ano anterior. Os EUA espera, exportar 45,1 milhões de toneladas de milho neste atual ano comercial.

O mercado agora acompanha com ainda mais atenção o clima no Meio Oeste estadunidense e espera, com expectativa, os números do relatório semanal das condições das lavouras, previsto para o dia 24/08, o qual trará com mais precisão os efeitos das tempestades ocorridas no dia 11 passado sobre as lavouras locais do cereal.

Aqui no Brasil, os preços continuaram firmes, com a média gaúcha atingindo a R$ 46,47/saco no fechamento da semana, enquanto nas demais praças nacionais os valores médios assim ficaram: R$ 50,00 no centro de Santa Catarina; R$ 47,00 no Paraná e também em Maracaju (MS); R$ 42,00 em Campo Novo do Parecis (MT); R$ 55,00 em Itapetininga (SP); R$ 60,00/saco no CIF Campinas (SP); e R$ 46,00/saco nas regiões goianas de Rio Verde e Jataí.

Na B3, puxados pela desvalorização do Real, que chegou a ultrapassar os R$ 5,50 por dólar durante a semana, o vencimento setembro iniciou o dia 20/08 cotado a R$ 60,69/saco, enquanto novembro ficava em R$ 59,94; janeiro em R$ 60,10 e março em R$ 59,19/saco.

A oferta continua se balizando na colheita da safrinha e nas exportações. Neste último caso, entre os dias 09 e 15 de agosto o Brasil exportou 1,41 milhão de toneladas de milho, prevendo atingir na corrente semana mais 1,7 milhão de toneladas.



Segundo a Secex, nos 10 primeiros dias úteis de agosto o Brasil exportou 3,5 milhões de toneladas de milho, o que significa 84% do total de todo o mês de julho. A média diária de embarques em agosto está 94% acima do que a média do mês passado, confirmando a aceleração das vendas externas do cereal. Tal média diária superou em 5,3% a média registrada em agosto do ano passado. O preço da tonelada exportada ficou em US$ 162,30, ou seja, 4,7% abaixo da média do ano passado nesta época.

O país deverá exportar 30 milhões de toneladas de milho, havendo analistas que esperam um volume que pode chegar a 35 milhões, após o recorde de 42 milhões de toneladas do ano anterior.

Se tal exportação não se confirmar, poderá haver pressão baixista nos preços do cereal na virada do ano. Especialmente se o plantio da nova safra de verão registrar aumento de área e o clima colaborar.

Em termos regionais, o Mato Grosso do Sul chegou a 38% de colheita de sua safrinha, contra 93% no mesmo período do ano passado e 78% na média histórica, confirmando o enorme atraso na mesma. O clima atrasou o plantio e agora retarda a colheita, fazendo com que as previsões de encerramento da mesma aponte o dia 18/09 apenas. A comercialização desta safra já atinge a 54,8% do total, ficando acima do registrado no ano passado na época (48,8%). O preço médio nominal local está hoje 56% acima do registrado no mesmo período do ano passado. (cf. Famasul)

Já em Goiás a colheita chegava a 98% da área total neste início de semana, com preços também em alta. (cf. Ifag)

No Paraná, 63% da área da safrinha havia sido colhida até o início da corrente semana, sendo que 45% das lavouras restantes estavam em boas condições, 39% regulares e 16% ruins. (cf. Deral)

No Mato Grosso, a colheita da safrinha está finalizada, sendo que o preço médio no Estado ficou em R$ 38,54/saco. Este preço paga largamente o custo de produção total que estaria em R$ 22,66/saco nesta safrinha. (cf. Imea)

Enfim, em relação a nova safra de verão 2020/21, o Rio Grande do Sul já iniciou o seu plantio. Em algumas regiões, como o caso de Santa Rosa, o mesmo já atingiria a 36% da área local esperada. (cf. Emater) Neste sentido, preocupa a forte possibilidade de geada nestes dias finais da corrente semana, pois a mesma pode causar prejuízos em alguns locais do Estado onde o milho já estaria emergindo.


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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

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