Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do milho em Chicago, nesta semana do feriado de Ação de Graças nos EUA, subiram mais um pouco, com o fechamento da quarta-feira (24), para o primeiro mês, ficando em US$ 5,79/bushel, contra US$ 5,73 uma semana antes.

A colheita do milho nos EUA, no dia 21/11, atingia a 95% da área total, contra a média histórica de 92% nesta época do ano. Já os embarques do cereal, na semana encerrada em 19/11, somaram 618.490 toneladas, ficando um pouco acima do nível mínimo esperado pelo mercado. No total do atual ano comercial, os EUA já embarcaram 7,6 milhões de toneladas, ou seja, 27% a menos do que em igual período do ano passado.

Já na Argentina o plantio da nova safra de milho atingia a 48% da área no início da semana. A área total projetada é de 10,1 milhões de hectares, patamar 4,1% maior do que o registrado na temporada passada.

E no Brasil os preços se estabilizam, com viés de baixa em certas regiões. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 81,59/saco, enquanto nas demais praças o produto ficou entre R$ 70,00 e R$ 84,00/saco, sendo que o CIF Campinas (SP) ficou em R$ 83,00. Já na B3, o início do pregão da quinta-feira (25) apontava os seguintes valores: contrato de janeiro/22 em R$ 87,00/saco; março R$ 87,14; maio R$ 84,30; e julho R$ 82,83/saco.

Os preços têm perdido fôlego diante da baixa exportação e da maior entrada de milho importado. Na região de Campinas (SP) a média, até 19/11, era de R$ 84,53/saco, sendo a menor, em termos reais, desde setembro de 2020. (cf. Cepea)

Por outro lado, o plantio do milho de verão, da safra 2021/22, chegava aos 85% do total estimado no Rio Grande do Sul, até o dia 18/11, contra a média histórica de 84% nesta época. Já no Centro-Sul brasileiro, onde a área total esperada é de 4,38 milhões de hectares, o plantio igualmente tem avançado, apesar da falta de umidade em muitas regiões.

E contrariamente aos mais otimistas, que chegam a avançar uma colheita de milho de verão ao redor de 30 milhões de toneladas, o analista privado Safras & Mercado avança que a produção final deste produto deverá ficar em 25,7 milhões de toneladas no Centro-Sul nacional, contra 21,6 milhões no ano anterior. Por sua vez, em termos da futura safrinha, a área total será de 14,3 milhões de hectares, diminuindo 100.000 hectares sobre o ano anterior, embora a produtividade média possa chegar a 5.695 quilos/hectare, contra os 3.968 quilos da frustrada safra passada. Com isso, a safrinha 2021/22 poderá chegar a 81,7 milhões de toneladas, contra as 57,2 milhões da última colheita. Para as regiões Norte e Nordeste, a expectativa é de sejam cultivados 2,3 milhões de hectares com o cereal, contra 2,35 milhões cultivados na temporada 2020/21, ou seja, um recuo de 1,5%. A produtividade média poderá chegar a 5.102 quilos por hectare, um pouco acima dos 5.097 quilos obtidos na safra 2020/21. A produção nessas regiões poderá alcançar 11,8 milhões de toneladas na safra 2021/22, abaixo do volume colhido em 2020/21, de 11,97 milhões de toneladas e das 12,2 milhões de toneladas estimadas em agosto.

Neste contexto, a área total de milho no Brasil deverá ocupar 21,05 milhões de hectares em 2021/22, com retração de 0,3% frente aos 21,11 milhões cultivados em 2020/21. A produção total de milho deverá atingir a 119,2 milhões de toneladas, inferior às 122,6 milhões de toneladas indicadas na estimativa anterior. Mesmo assim, uma produção largamente superior as 90,8 milhões de toneladas da safra 2020/21. O rendimento médio das lavouras deverá ficar em 5.665 quilos por hectare neste ano, superando os 4.300 quilos da safra 2020/21.

Quanto às exportações, nas três primeiras semanas de novembro o Brasil atingiu a 1,63 milhão de toneladas, com tal volume representando 34,4% apenas do total exportado em todo o mês de novembro de 2020. Assim, a média diária de embarques ficou em 135.734 toneladas, ficando menor em 42,6% sobre a média de novembro de 2020. O preço da tonelada se elevou em 26,4% no período, saindo dos US$ 178,40 no ano passado para US$ 225,60 neste mês de novembro. Nos primeiros 10 meses do corrente ano o Brasil exportou 14,6 milhões de toneladas de milho, ou seja, 41,2% a menos do que no mesmo período do ano passado. (cf. Secex)

Por outro lado, o Brasil importou, nas três primeiras semanas de novembro, um total de 397.464 toneladas de milho. A média diária é 216% superior a do mesmo mês do ano passado. Nos primeiros 10 meses do ano o país já importou 2,14 milhões de toneladas, ou seja, 133,3% acima de igual período do ano passado. O preço de importação subiu 71,7%, saindo de US$ 142,80 para US$ 245,30.

Já no Estado do Mato Grosso, o custo do milho 2021/22 subiu pelo décimo mês consecutivo, em outubro. O custeio está agora estimado em R$ 2.236,34/hectare, sendo que fertilizantes e corretivos representam 47,5% deste custo, contra 42,3% na safra anterior.(cf. Imea)

No Paraná, com o plantio da safra de verão concluído, tem-se que 4% das lavouras de milho estavam em frutificação no início da presente semana. (cf. Deral)

Enfim, vale destacar que a MP 1.071, de 22 de setembro, que zerou tributos sobre o milho importado para enfrentar a baixa oferta do produto no mercado brasileiro, teve sua vigência prorrogada por 60 dias. Ela zera até o fim do ano o PIS/Pasep e a Cofins na importação de milho.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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