Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do milho, em Chicago, também cederam durante a semana, porém, em menor intensidade na comparação com a soja. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (14) em US$ 5,16/bushel, contra US$ 5,34 uma semana antes.
Parte deste movimento baixista também se deu em função do relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 12/10. Para o milho, na safra 2021/22, o mesmo apontou o seguinte:
- A produção dos EUA, nesta nova safra que está sendo colhida, passou a ser estimada em 381,5 milhões de toneladas, ganhando 1,4 milhão de toneladas sobre setembro;
- Os estoques finais estadunidenses passaram a 38,1 milhões de toneladas, ganhando 2,4 milhões sobre setembro;
- O preço médio do bushel de milho, ao produtor estadunidense, foi mantido em US$ 5,45, contra US$ 4,53 no ano anterior e US$ 3,56/bushel em 2019/20;
- A produção mundial de milho ficou em 1,198 bilhão de toneladas, com leve aumento sobre o ano anterior;
- Já os estoques finais mundiais aumentaram 4,1 milhões de toneladas, para atingir a 301,7 milhões de toneladas em projeção;
- A produção brasileira de milho seria de 118 milhões de toneladas em 2021/22, enquanto a da Argentina foi mantida em 53 milhões;
- O Brasil deverá exportar 43 milhões de toneladas no novo ano comercial;
- Enfim, a China somará 26 milhões de toneladas de milho a serem importadas.
Dito isso, até o dia 10/10 a colheita do milho nos EUA atingia a 41% da área total semeada, ficando praticamente dentro do esperado pelo mercado. A média histórica para esta data é de 31%, fato que confirma igualmente que a mesma está adiantada. Do total que faltava colher, 94% estava em fase de maturação.
Por outro lado, os embarques de milho por parte dos EUA, na semana encerrada em 08/10, somaram 746.200 toneladas, ficando próximos do volume mínimo esperado pelo mercado. No total do atual ano comercial, tais embarques chegam a 2,94 milhões de toneladas, contra mais de 4,5 milhões exportadas no mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, na Argentina o plantio da nova safra de milho chegava a 28% da área esperada nesta segunda semana de outubro, segundo o Ministério da Agricultura local.
Aqui no Brasil, os preços do milho se mantiveram relativamente estáveis, com leve viés de baixa em determinadas praças. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 84,58/saco, enquanto nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 72,00 e R$ 89,00/saco, com o CIF Campinas (SP) se mantendo em R$ 93,00/saco. Na B3, o pregão de meio de percurso na quarta-feira (13) apontava os seguintes valores: novembro/21 em R$ 88,30; janeiro/22 em R$ 88,40; março/22 em R$ 89,10; e maio/22 em 86,89/saco. Todos novamente com baixas em relação ao mesmo período da semana anterior.
Os compradores ainda estão lentos em suas demandas, a partir da entrada da safrinha e de um empuxe nas importações, além de um ritmo bastante baixo nas exportações, fato que garante um fornecimento interno maior do cereal. Afora isso, o clima positivo para a safra de verão segura um pouco o entusiasmo comprador, embora a oferta geral de milho no país seja muito menor neste ano devido a forte frustração na safrinha. Esta situação continua permitindo projetar preços mais altos no final do ano, antes da colheita da safra de verão.
Por sua vez, o plantio da nova safra de verão de milho 2021/22 atingia a 44,4% da área total no Centro-Sul nacional, até o dia 08/10, contra 40,9% no ano anterior e 42,1% na média histórica. (cf. Safras & Mercado)
Já no Mato Grosso, a comercialização do milho da safra 2020/21 atingia a 89,2% em meados de outubro, enquanto a nova safra 2021/22 atingia a 32,8% de vendas antecipadas, lembrando que o preço médio obtido, até o momento, para esta nova safra é de R$ 58,72/saco, contra pouco mais de R$ 71,00/saco na safra anterior. (cf. Imea)
Quanto as exportações nacionais de milho, nas duas primeiras semanas de outubro o Brasil vendeu ao exterior um total de 482.802 toneladas, sendo apenas 9,6% do total exportado em todo outubro de 2020. Por outro lado, a média diária de outubro está 67,8% abaixo da média de setembro. Já o preço da tonelada exportada se elevou 20,8% neste mês, passando de US$ 166,80 em outubro do ano passado, para US$ 201,50 em outubro do corrente ano. (cf. Secex)
Em termos de importações de milho, as duas primeiras semanas de outubro registram um total acumulado de 207.191 toneladas compradas no exterior. Com isso, são 8,6% a mais do que o importado em todo o mês de outubro de 2020. Assim, a média diária do corrente mês de outubro é de importações 261,6% superiores à média diária de outubro do ano passado. Os preços médios da tonelada importada, no período, saltaram 82,4%, passando de US$ 131,00 no ano passado, para US$ 239,20 em outubro deste ano. (cf. Secex)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).