As cotações do milho, em Chicago, também sofreram influência do conflito armado entre Rússia e Ucrânia, que eclodiu nesta quinta-feira (24). As mesmas chegaram a bater em limite de alta no pregão deste dia, cedendo bastante no final do mesmo. O fechamento acabou ficando em US$ 6,95/bushel, contra US$ 6,50 uma semana antes. Este valor não era visto em Chicago desde o início de julho do ano passado.

Dito isso, os embarques de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 17/02, atingiram a 1,58 milhão de toneladas, ficando dentro das estimativas do mercado. Com isso, o volume total embarcado, no atual ano comercial, atinge a 21,6 milhões de toneladas, ainda ficando 11% abaixo do volume registrado em igual momento do ano anterior.

O mercado, agora, passa a acompanhar o desenrolar do conflito no Leste Europeu.

Aqui no Brasil, os preços do cereal se mantêm firmes, com o saco de 60 quilos fechando a semana no Rio Grande do Sul, na média de R$ 93,10. Lembrando que a quebra de safra, no Centro-Sul brasileiro em geral e no Rio Grande do Sul em particular, é severa. No caso gaúcho, as perdas caminham para 70% do volume inicialmente esperado. Nas demais praças nacionais o preço do milho fechou a semana oscilando entre R$ 75,00 e R$ 93,00/saco.

Já na B3, o contrato março trabalhava a R$ 99,40 durante o pregão da quinta-feira (24). Enquanto isso, maio registrava R$ 98,30; julho R$ 93,02 e setembro R$ 93,20/saco. Os contratos acompanhavam as altas que ocorriam em Chicago.

A partir de agora, o avanço da colheita de verão, e sua real produtividade; o ritmo de plantio da safrinha, e os efeitos climáticos sobre a mesma; e as tensões entre Rússia e Ucrânia ditarão o rumo destas cotações. Também conta o ritmo de exportação, o qual está sob influência do câmbio e da oferta interna.

Por enquanto, ainda há muita contradição entre as expectativas de colheita da safra de verão no país. A Datagro avança um potencial de produção em 24,8 milhões de toneladas, sendo que 6,7 milhões viriam do Norte/Nordeste. Já o milho safrinha deverá ter forte elevação de área semeada, podendo a mesma chegar a 16,8 milhões de hectares, sendo 14,3 milhões no Centro-Sul e 2,49 milhões de hectares no Norte/Nordeste. A área total superaria em 6% a do ano anterior. Segundo ainda a Datagro, o potencial de produção da segunda safra nacional deste ano seria de 93 milhões de toneladas, ou seja, 48% acima do que foi colhido no ano passado. Desse total, o Centro-Sul responderia com 85,6 milhões e o Norte/Nordeste com 7,4 milhões de toneladas. Obviamente, tudo irá depender do clima. Se o mesmo ajudar a safrinha, o volume total produzido em milho no Brasil, em 2022, poderá ser de 117,8 milhões de toneladas, segundo a mesma fonte, ou seja, 34% acima da frustrada safra passada. Já a consultoria Céleres/Abramilho indica uma produção de 21 milhões de toneladas para a atual safra de verão de milho, contra 27,9 milhões projetadas inicialmente. A fonte em questão aponta uma safrinha de milho projetada em 92 milhões de toneladas.

Dito isso, a colheita do milho de verão no Centro-Sul, na semana encerrada em 17/02, atingia a 31,6% da área total semeada, contra 22% na média histórica.

Já no Paraná, 38% das lavouras da primeira safra já foram colhidas até o início da presente semana, sendo que 42% das lavouras restantes estavam consideradas em boas condições, 26% médias e 22% ruins. A quebra de safra continua estimada em 40% no Estado paranaense, podendo este percentual aumentar. Ao mesmo tempo, o plantio da safrinha de milho atingia a 36% da área de 2,5 milhões de hectares previstos, sendo que 85% das áreas já plantadas eram avaliadas como boas e 15% foram classificadas como médias. (cf. Deral)

No Mato Grosso do Sul, até o dia 18/02, a semeadura da safrinha de milho atingia a 22,9% da área esperada. A média histórica para o período é de 26,8%. As condições climáticas, mais uma vez, não estão ajudando aos produtores locais. Espera-se uma área final com a safrinha em 1,99 milhão de hectares, com um recuo de 12,6% sobre o ano anterior. Com isso, em clima normal, a produção total da safrinha sul-matogrossense ficaria em 9,34 milhões de toneladas. Por enquanto, o preço médio do milho no Estado atinge a R$ 85,74/saco em fevereiro, contra R$ 72,63 um ano antes. Isso significa uma valorização de 18% em um ano. Até meados de fevereiro os produtores locais haviam negociado 10,6% de toda a produção estimada para a safrinha de 2022. (cf. Famasul)

Enfim, quanto ao mercado externo, as exportações brasileiras de milho, em fevereiro, tiveram suas projeções elevadas. Nas três primeiras semanas do mês, segundo a Secex, as vendas externas já atingem a 605.130 toneladas do cereal, ficando em 77,8% do total exportado em fevereiro de 2021. Ao mesmo tempo, a tonelada exportada passou de US$ 217,90 no ano passado, para US$ 260,60 neste ano, ou seja, um aumento de 19,6% em seu valor.

Já em termos de importação, nas três primeiras semanas de fevereiro nosso país comprou 32.490 toneladas do cereal. O ritmo de importação é bem menor neste ano, tendo a média diária, no período considerado, ficado 85,6% abaixo da registrada em fevereiro de 2021. Enfim, o preço da tonelada importada subiu 41,9% em relação ao ano anterior, passando de US$ 174,70 para US$ 248,00.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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