Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do trigo em Chicago acabaram igualmente recuando nesta semana. O fechamento desta quinta-feira (04), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 6,49/bushel, contra US$ 6,71 uma semana antes. A média de fevereiro ficou em US$ 6,51/bushel, o que significa 0,61% abaixo da média de janeiro.
Ao mesmo tempo, os embarques de trigo, por parte dos EUA, na semana anterior, somaram apenas 272.820 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado, que projetava um volume entre 300.000 e 500.000 toneladas. Já na semana encerrada em 25/02, as vendas somaram 219.200 toneladas, ficando 51% abaixo da média das quatro semanas anteriores. O maior comprador foi o México, com 69.300 toneladas. Para o ano comercial 2021/22 as vendas somaram 23.500 toneladas. A soma dos dois anos resultou em um total de 242.700 toneladas na semana encerrada em 25/02.
Aqui no Brasil o preço do trigo se manteve firme, com a média gaúcha no balcão fechando a semana em R$ 77,17/saco. Na semana anterior, a média havia sido de R$ 76,70/saco. Ao mesmo tempo, no Paraná o preço do trigo oscilou entre R$ 77,00 e R$ 80,00/saco, sem grandes mudanças em relação a semana passada.
Dito isso, os preços do trigo fecharam fevereiro em alta no Brasil. A oferta do cereal está baixa e os moinhos estiveram ausentes das compras no final do mês passado. A demanda por farinha também se mostra mais baixa. Todavia, os preços ao produtor não cedem nesta entressafra.
Quanto a safra futura, a Fecoagro indicou que o custo de produção de trigo, no Rio Grande do Sul, terá um aumento de 21,8% quando comparado com 2020. Assim, para cobrir tais custos, será necessário gastar R$ 3.997,10/hectare. Desta forma, o produtor precisará colher praticamente 53 sacos/hectare para pagar todos os custos, considerando o preço atual. Na safra anterior a necessida era de 54,7 sacos/hectare. A situação melhorou um pouco devido aos preços terem se elevado em relação a média da última safra, lembrando que a produtividade média gaúcha em 2020, devido as intempéries, ficou em 49,2 sacos/hectare.
Mesmo assim, puxados pelos preços e pela pouca alternativa no inverno, os produtores gaúchos deverão aumentar em 10% a área de trigo neste ano, podendo elevar a mesma para 1,02 milhão de hectares. Em se confirmando, será a maior área com trigo desde 2014 no Estado. Lembrando que o preço médio do trigo, no balcão gaúcho, nos últimos 12 meses, aumentou em 73,5%.
Já no Paraná, espera-se uma área um pouco superior a 1,1 milhão de hectares neste ano, levemente acima da área do ano passado. Embora os custos de produção tenham aumentado, os preços pagos aos produtores subiram 51,8% junto aos lotes. Naquele Estado a decisão de plantar trigo compete com a opção de semear milho safrinha. E como o milho está com preço ainda mais elevado do que o trigo neste momento, pode ocorrer de a área deste último sofrer alguma redução.
Todavia, com a nova desvalorização do Real, as importações de trigo voltaram a ficar mais caras, estimulando o plantio interno.
Pelo sim ou pelo não, o fato é que a alta dos preços ao produtor está provocando uma redução nas margens dos moinhos, pois os mesmos não encontram espaço para repassar a totalidade do aumento de preço da matéria-prima aos consumidores da farinha e derivados.
Enfim, na reunião da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo, nesta semana, indicou-se que os produtores paulistas poderão aumentar em 15% a área semeada com trigo, com um novo recorde de produção se o clima ajudar.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ