Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do trigo, em Chicago, igualmente cederam durante esta segunda semana de outubro, particularmente depois do anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, no dia 12. Com isso, o fechamento para o primeiro mês cotado, no dia 14/10, ficou em US$ 7,24/bushel, contra US$ 7,41 uma semana antes.
O referido relatório apontou os seguintes números para o trigo no novo ano 2021/22:
- A produção estadunidense do cereal recua para 44,8 milhões de toneladas, perdendo cerca de 1,5 milhão de toneladas sobre setembro;
- Os estoques finais estadunidenses recuam para 15,8 milhões de toneladas, diminuindo quase um milhão de toneladas sobre setembro;
- O preço médio ao produtor de trigo dos EUA, neste novo ano comercial, está estimado em US$ 6,70/bushel, com ganho de 10 centavos de dólar sobre o anunciado em setembro, e contra US$ 5,05 uma ano antes e US$ 4,58/bushel em 2019/20;
- A produção mundial de trigo recuaria para 775,9 milhões de toneladas, perdendo 4,5 milhões sobre o mês anterior;
- Os estoques finais mundiais se estabelecem em 277,2 milhões de toneladas, com recuo de cerca de seis milhões de toneladas sobre setembro;
- A produção argentina de trigo permaneceu estimada em 20 milhões de toneladas, enquanto a brasileira subiu para 7,9 milhões;
- As importações brasileiras de trigo seriam de 6,5 milhões de toneladas e as da China 10 milhões.
Afora isso, o plantio do trigo de inverno nos EUA, até o dia 10/10, atingia a 60% da área esperada, ficando exatamente na média histórica. Deste total semeado, 31% estava emergido, contra a média histórica de 35% para esta data.
Já as exportações estadunidenses do cereal somaram 435.173 toneladas na semana encerrada em 08/10, ficando dentro do esperado pelo mercado. Com isso, o acumulado no atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, soma 9,2 milhões de toneladas, contra mais de 10,4 milhões em igual momento do ano anterior.
E no Brasil os preços do cereal recuaram um pouco nesta semana. A média gaúcha no balcão fechou a mesma em R$ 80,70/saco, enquanto no Paraná os mesmos oscilaram entre R$ 88,00 e R$ 91,00/saco.
As chuvas ocorridas entre o final de setembro e esta primeira quinzena de outubro estimularam o plantio do cereal no Rio Grande do Sul, porém, também causaram novos prejuízos às lavouras já semeadas devido ao excesso de umidade e também à queda de granizo e ventos fortes. Neste sentido, mesmo que o otimismo quanto ao volume a ser colhido ainda aponte para uma safra ao redor de 3,5 milhões de toneladas, boa parte da safra poderá estar comprometida em qualidade. Até o dia 03/10 o Estado gaúcho teria colhido 3% da área esperada, sendo que outros 23% estavam em fase de maturação, 45% em enchimento de grãos, 27% em floração e apenas 2% recém estavam em germinação e desenvolvimento vegetativo. (cf. Emater)
No Paraná, diante das diferentes intempéries, o volume final a ser colhido poderá ficar ao redor de 3,2 milhões de toneladas. Em isso se confirmando, o Rio Grande do Sul voltará a ser o maior produtor nacional de trigo nesta safra. A colheita no Estado paranaense atingia a 58% da área até o dia 07/10, colocando à disposição do mercado, até aquele momento, um pouco mais de um milhão de toneladas de trigo da nova safra. No mês de setembro, a média de preço recebida pelos triticultores paranaenses foi de R$ 87,59/saco, ou seja, 41% acima da média de preços recebida em setembro de 2020. (cf. Deral) Enquanto isso, no Rio Grande do Sul a média da corrente semana estava 29,9% acima da média registrada um ano antes.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).