Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações em Chicago romperam o piso dos US$ 9,00/bushel nesta última semana de novembro, antes do feriado de Ação de Graças nos EUA, festejado no dia 28/11. Com isso, o primeiro mês cotado fechou o dia 27/11 em US$ 8,82/bushel, cotação que não era vista para o primeiro mês cotado desde o dia 11/09, contra US$ 9,01 uma semana antes. O farelo igualmente recuou bastante, enquanto o óleo cedeu, porém, bem menos.
As indefinições quanto ao acordo comercial entre EUA e China e a finalização da colheita nos EUA, além do bom andamento do plantio na América do Sul, puxaram os preços para baixo.
Sobre o primeiro ponto, o mercado já considera difícil ocorrer um acordo no curto prazo, mesmo com as declarações otimistas do presidente estadunidense a respeito. Já o presidente chinês anuncia que deseja o acordo, porém, não há qualquer preço e, se o acordo não vier, irá retaliar novamente.
Com a demora na assinatura do acordo, os importadores chineses voltaram a comprar mais soja do Brasil, enquanto solicitam ao governo chinês que desbloqueia mais cotas isentas de impostas para importação de soja dos EUA. Todavia, o governo não aprovou nenhum novo pedido até o momento.
Neste contexto, informações dão conta de compras de pelo menos 20 cargas de soja do Brasil por parte da China na semana passada, e já estariam comprando soja da futura safra brasileira a qual apenas está sendo plantada.
Dito isso, a qualquer momento o mercado pode ter novidades quanto ao andamento do acordo, fato que pode modificar o cenário comercial até o Natal.
Por sua vez, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 14/11, surpreenderam, atingindo a 1,52 milhão de toneladas, sendo as mesmas 39% acima da média das quatro semanas anteriores. Entretanto, o mercado já indica que se aproxima o período em que a demanda chinesa começa a se deslocar para a América do Sul, fato que tende a esfriar as compras nos EUA, que já não estão muito boas desde o início do litígio com a China em março de 2018.
Aqui no Brasil, o câmbio bateu um novo recorde de desvalorização do Real, com a moeda nacional chegando a R$ 4,28, indicando um comportamento fora do normal considerando a Paridade de Poder de Compra. Esta realidade, somada ao fato de que os prêmios nos portos brasileiros fecharam a semana entre US$ 0,85 e US$ 1,00/bushel, se mantendo no padrão para este período do ano.
Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 79,44/saco, enquanto os lotes se fixaram entre R$ 86,00 e R$ 86,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes ficaram entre R$ 79,00 em Sorriso (MT) e R$ 84,50/saco em Ponta Porã (MS), passando por R$ 85,50 no centro e norte do Paraná; R$ 78,50 em São Gabriel (MS); R$ 81,00 em Goiatuba (GO); R$ 84,00 em Campos Novos (SC); R$ 75,50 em Pedro Afonso (TO) e R$ 78,00/saco em Uruçuí (PI).
Enfim, o plantio da soja no Brasil chegou a 76% da área até o dia 22/11, contra 79% na média histórica, sendo que no Rio Grande do Sul o mesmo chegava a 54%; no Paraná 97%; no Mato Grosso 99%; e em Goiás 77%. Destes quatro principais produtores, apenas Goiás apresentava atraso no plantio da oleaginosa. (cf. Safras & Mercado)
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.