Muito comum nas regiões Sul do Brasil, a cravorana, também conhecida como losna-do-campo, tem demonstrado crescente participação nos sistemas de produção, especialmente se tratando da cultura da soja. Com rápido crescimento e desenvolvimento, e porte variando de 15cm a 1,5m (Up. Herb, 2024), a planta tem se tornado cada vez mais comum na pós emergência da soja, matocompetindo com a cultura por recursos como água, radiação solar e nutrientes do solo. Embora diversas espécies de cravorana possam ser observadas no Brasil, a mais comum em sistemas agrícolas é a Ambrosia artemisiifolia L.
Figura 1. Estádios fenológicos observados em plantas de A. artemisiifolia.

A cravorana caracteriza-se como uma planta de ciclo fotossintético C3, pertencente a família Asteraceae, com ciclo anual e propagação via sementes. No sul do Brasil, germina no início da primavera após exposição ao frio, respondendo à alternância de temperatura e exposição à luz como estímulo à germinação (Bianchi, 2020). Além disso, possui uma considerável capacidade reprodutiva, sendo que, uma planta, pode produzir de 3.000 a 4.000 sementes durante seu ciclo (Borsato & Penckowski, 2019).
Considerando que a luz estimula o processo germinativo da cravorana, a boa cobertura do solo tanto no período safra, quando na entressafra, pode ser considerada uma importante estratégia de manejo dessa planta daninha. Avaliando o efeito da cobertura do solo com resíduos de plantas de cobertura, na germinação de sementes de Ambrosia artemisiifolia L., Silva (2022) observou que a cobertura vegetal do solo, reduziu a germinação de sementes de cravorana, apresentando uma relação inversamente proporciona da quantidade de matéria seca da cobertura com a germinação das sementes da planta daninha (quanto maior a quantidade de palhada no solo menor a germinação das sementes de Ambrosia artemisiifolia L.).
Figura 2. Sementes de cravorana (Ambrosia artemisiifolia L.).

Embora atualmente não haja relatos de casos de ocorrência de resistência da Ambrosia artemisiifolia L. a herbicidas no Brasil, sabe-se que em outros países como nos Estados Unidos, já há casos de resistência dessa planta daninha a herbicidas, dentre eles, o glifosato (Heap, 2024). No entanto, já foram registradas dificuldades no controle de cravorana no Brasil, sendo relatadas falhas de controle dessa planta daninha com o glifosato, em algumas regiões de cultivo, acendendo um alerta com relação ao manejo e controle dessa planta daninha (Borsato & Penckowski, 2019).
Figura 3. Plantas de cravorana (Ambrosia artemisiifolia L.) em diferentes estádios de desenvolvimento.

Visando o controle químico dessa planta daninha, é necessário atentar para o estádio de desenvolvimento da planta daninha, sendo ideal, realizar o controle na dessecação pré-semeadura da soja. Conforme destacado por Bianchi (2020), durante o período do florescimento da cravorana, a dose de 720 g e.a. ha-1, de glifosato é ineficaz para o controle da cravorana. A partir de 2.160 g e.a. ha-1, o glifosato passa a ser eficaz para o controle dessa planta daninha.
Resultados de pesquisas realizadas pela CCGL demonstram que controles iguais ou superiores a 90% da cravorana no período inicial do seu desenvolvimento (± 20 cm) são obtidos com aplicações únicas com glifosato+2,4-D+saflufenacil (35 g ha-1)+imazetapir, glifosato+2,4-D+flumioxazina+imazetapir e com glifosato+2,4-D+saflufenacil (35 g ha-1)+ diclosulam. Em cravorana com ± 35 cm de altura são eficazes glufosinato, glifosato+2,4-D+glufosinato, glifosato+2,4-D+saflufenacil (49 g ha-1) e glifosato+triclopir+saflufenacil (49 g ha-1). Além disso, destaca-se que a aplicação sequencial com glufosinato amplia as opções de associações de produtos na primeira aplicação, contribuindo para níveis de controle acima de 90 % (Bianchi, 2020).
Vale destacar que o controle da cravorana em pós-emergência da soja sem a tolerância aos herbicidas glufosinato de amônio, ao 2,4-D ou ao dicamba, limita-se apenas a algumas opções, tais como cloransulam, lactofem, fomesafem e glifosato (Taylor et al., 2002 apud. Bianchi, 2020). Entretanto, esses herbicidas apresentam eficiência de controle apenas em plantas jovens de cravorana (até 15cm), o que torna necessário maior assertividade para definir o momento de aplicação dos herbicidas.
Referências:
BIANCHI, M. A. DESSECAÇÃO DE LOSNA-DO-CAMPO (Ambrosia elatior). CCGL, Boletim Técnico, n. 83, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/Boletim%20T%C3%A9cnico%2083%20(M.Bianchi,%202020).pdf >, acesso em: 25/01/2024.
BORSATO, E. F.; PENCKOWSKI, L. H. CRAVORANA, ESPÉCIE QUE PODE SE TORNAR UM PROBLEMA NA SUA LAVOURA! Revista FABC, 2019. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/wp-content/uploads/2020/07/201909_revista.pdf >, acesso em: 25/01/2024.
HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS, 2024. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 25/01/2024.
LORENZI, H. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: PLANTIO DIRETO E CONVENSIONAL. Instituto Plantarum, 2014.
SILVA, A. C. GERMINAÇÃO E EMERGÊNCIA DE Ambrosia artemisiifolia L. EM DIFERENTES PALHADAS DE ADUBOS VERDES DE INVERNO. Universidade Federal da Fronteira Sul, Trabalho de Conclusão de Curso, 2022. Disponível em: < https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/6111/1/SILVA.pdf >, acesso em: 25/01/2024.
HERB. PLANTAS DANINHAS: CRAVORANA. Up. Herb: Academia das Plantas Daninhas, 2024. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/cravorana >, acesso em: 25/01/2024.
ZUCCO, F. CARACTERIZAÇÃO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE Ambrosia artemisiifolia L. (CRAVORANA). Universidade Federal de Santa Catarina, Trabalho de Conclusão de Curso, 2023. Disponível em: < https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/247232/TCC_Flavia_assinado.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 25/01/2024.