O planejamento agrícola consiste de uma série de medidas com objetivo de se buscar o bom decorrer da safra, almejando sempre o máximo potencial produtivo. Mesmo algumas medidas sendo importantes após o estabelecimento da lavoura como a adubação nitrogenada de cobertura, o controle de pragas, doenças e plantas daninhas; o máximo potencial produtivo não é atingido se falharmos no momento do estabelecimento da lavoura e, por isso se dá a importância da atenção à semeadura do milho para que tenhamos uma lavoura bem estabelecida e de alto potencial produtivo, até por que, o milho não tem uma capacidade compensatória de possíveis falhas ocorrerem na linha no momento da semeadura.
O solo é a base de sustentação de toda a produção, por isso, quando se pensa numa lavoura de alto potencial produtivo com a cultura do milho, a análise do solo é uma ferramenta fundamental para a tomada de decisão quanto a necessidade de corretivos e/ou fertilizantes. Estando o solo apto para o cultivo da cultura sob o ponto de vista químico, outro fator importantíssimo para um bom estabelecimento da lavoura é a dessecação antecipada. Essa prática é efetuada como estratégia de manejo com o intuito de eliminar plantas daninhas, facilitar a semeadura e reduzir custos com posterior aplicação de inseticidas na área, já que a dessecação antecipada pode levar a morte de potenciais insetos-praga, principalmente de lagartas por inanição em virtude da falta de alimento disponível na área e plantas hospedeiras, que poderiam estar comprometendo o stand final de plantas.
A semente é o principal insumo da lavoura e veículo de todo o potencial genético que a cultura poderá expressar. Diante disso, o produtor deve levar em consideração alguns detalhes importantes na hora de adquirir a semente. Para um sucesso maior da lavoura, as sementes devem ser preferencialmente certificadas, dentro do prazo de validade, valor de germinação próximo a 100%, levando também em consideração características como estabilidade, resistência à pragas e doenças e época de implantação.
Para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a melhor época de semeadura vai da segunda quinzena de setembro até meados de outubro. Visando um maior potencial produtivo, é importante dar atenção à época preferencial de semeadura dos diferentes materiais disponíveis no mercado, porém, alguns ajustes podem ser necessários de acordo com as condições climáticas previstas para o período. Mesmo com essa janela preferencial colocada anteriormente para a melhor época de semeadura, muitos produtores têm antecipado para meados de agosto a semeadura com a justificativa de fugir do veranico de dezembro e a possibilidade de se fazer um segundo cultivo. Vale lembrar que nesse caso se tem o risco de possíveis geadas em setembro que podem prejudicar a lavoura. Porém, se o produtor for optar por antecipar a semeadura a colocação da semente deve ser feita mais superficialmente buscando facilitar a emergência já que a temperatura do solo é menor nessa época.
Quanto a escolha da cultivar de milho, é importante que sejam utilizadas cultivares com genes resistentes à lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), a qual é a principal praga que ataca a cultura. Essa tecnologia facilita o manejo da praga, porém o produtor não deve descuidar do monitoramento constante, buscando identificar possíveis surtos da lagarta do cartucho com necessidade de um controle químico. Quando isso é necessário, até aproximadamente 21 dias após a emergência, o produto deve usar inseticidas de choque e com aplicações preferencialmente feitas no início da manhã. Logo, monitorar a lavoura em intervalos de 4 a 5 dias mesmo com a utilização de cultivares resistentes à Spodoptera frugiperda se faz necessário, até por que, atualmente se tem observado a presença do percevejo barriga verde atacando a cultura do milho principalmente para semeaduras no mês de outubro, lembrando que esse percevejo só é problema até o primeiro mês após a emergência.
O sucesso de uma lavoura de milho passa por uma série de fatores que o produtor deve dar atenção durante todo o ciclo da cultura. No caso do milho e para os fatores controláveis pensando o estabelecimento da lavoura, o produtor deve dar atenção à escolha da cultivar, a dessecação e preparo da lavoura, regulagem da semeadora com relação à distribuição do fertilizante e da profundidade de colocação da semente e a época de semeadura. Sempre é bom lembrar que possíveis falhas nessa fase não poderão ser compensadas com outras medidas ao longo do ciclo, comprometendo assim, a produtividade final de grãos.
Elaboração: Gabriel Augusto Rambo e Leandro Leuri Heinrich – PET Ciências Agrárias – UFSM/Frederico Westphalen.