Os Baculovírus são vírus patogênicos a insetos, encontrados principalmente na ordem Lepidoptera (CASTRO et. al, 1999), sendo uma importante ferramenta no controle biológico de lagartas, são inofensivos aos seres humanos e demais insetos. A infecção se dá basicamente pela ingestão de folhas contaminadas. Quando chega no intestino médio do inseto, em função do pH alcalino, o vírus é estimulado a liberação de vírions no lúmem digestivo do inseto. As partículas infecciosas penetram nas células da parede intestinal, causando infecção do intestino do inseto causado sua morte (CASTRO et. al, 1999).
Figura 1. Representação esquemática do modo de ação do Baculovírus.
Atualmente, várias empresas do ramo trabalham com a produção de bioinseticidas a base de Baculovírus, o que facilita sua utilização e também uma padronização da qualidade. Contudo os primeiros relatos da sua utilização apontam para uma prática antiga que no entanto antes de se conhecer o modo de ação do Baculovírus já era empregada no controle de pragas a partir da maceração de lagartas para a produção de caldas de pulverização.
A prática até hoje é utilizada em pequena/ média escala, principalmente em cultivos alternativos e orgânicos.
Figura 2. Maceração de lagartas (A), filtragem do composto (B) e preparo da calda de pulverização (C).
Contudo, a coleta das lagartas requer alguns cuidados, pois somente as lagartas já infectadas terão eficiência para controle quando utilizadas para a produção da calda. 
Dentre os sintomas apresentados pelas lagartas infectadas, CARVALHO; RINGENBERG; PIETROWSKI, (2015) destacam a regurgitação (vomito), flacidez do corpo, palidez, perda de movimentos e em seguida morte. Como característica, as lagartas mortas ficam penduradas na parte aérea das plantas (figura 3).
Figura 3. Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) infectada com Baculovírus.
O Baculovírus pode ser empregado para o controle de diversas lagartas, como Spodoptera frugiperda, Anticarsia gemmatalis e Helicoverpa armigera, por exemplo, e em cultivos intensivos como soja, milho entre outros, podendo ser utilizado na pulverização ou até mesmo em sistemas de irrigação apresentando bons resultados de controle conforme observado por VALICENTE & DA COSTA (1995).
A utilização em grandes culturas ja foi avaliada diversas vezes por diferentes pesquisadores, configurando-se como uma importante ferramente de manejo de pragas em soja, por exemplo. Um dos resultados que trazemos é a mortalidade acumulada (%) de lagartas de Helicoverpa armigera do segundo e terceiro instar, em soja e foram pulverizadas com inseticidas biológicos, e químicos em campo, publicado por Kuss et al, no ano de 2016, na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.51, n.5 (clique para conferir o trabalho completo) onde observa-se um controle superior a 90% aos 8 dias após a aplicação no tratamento com baculovírus isolado.
Uma das grandes vantagens da utilização do Baculovírus é sua seletividade quando a inimigos naturais, se mostrando uma importante ferramenta no Manejo Integrado de Pragas, além disso, segundo CUNHA, (2017) o controle de pragas como lagartas utilizando Baculovírus apresenta ótima eficiência, contudo, conforme destacado por DINIZ et. al, (2018), há alguns desafios quanto a utilização do Baculovírus, principalmente no que diz respeito à facilidade de aplicação e compatibilidade com outros produtos, contudo, é uma importante ferramenta no manejo de pragas. Confira o vídeo abaixo publicado pelo Mais Soja com um dos especialistas no tema.
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Referências:
ANDERMATT DO BRASIL. BACULOVIRUS. Andermatt do Brasil, disponível em: < http://andermatt.com.br/controle-biologico/bioinseticidas/baculovirus/#:~:text=Os%20baculov%C3%ADrus%20s%C3%A3o%20o%20grupo,biol%C3%B3gico%20de%20insetos%2C%20especialmente%20lepid%C3%B3pteros.>, acesso em: 19/06/2020.
CARVALHO, R. S; RINGENBERG, R; PIETROWSKI, V. CONTROLE BIOLÓGICO DO MANDAROVÁ DA MANDIOCA Erinnyis ello. Embrapa, 2015.
CASTRO, M. E. B. et. al. BIOLOGIA MOLECULAR DE BACULOVÍRUS E SEU USO
CUNHA, I. C. CONTROLE BIOLÓGICO DE SPODOPTERA FRUGIPERDA: EFICIÊNCIA DO USO DE BACULOVIRUS SPODOPTERA E OUTRAS TÉCNICAS. Universidade Federal do Triangulo Mineiro, Uberaba, 2017.
DINIZ, N. F. et. al. EFICIÊNCIA DO BACULOVIRUS SPODOPTERA ASSOCIADO COM HERBICIDAS NO CONTROLE DE SPODOPTERA FRUGIPERDA. Embrapa, Documentos, n. 401, 2018.
EMBRAPA. MULTIMÍDIA: BANCO DE IMAGENS. Embrapa, disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-imagens/-/midia/2842001/lagarta-infectada-com-baculovirus>, acesso em: 19/06/2020.
NO CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS NO BRASIL. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.34, n.10, p.1733-1761, out. 1999.
VALICENTE, F. H; DA COSTA, E. F. CONTROLE DA LAGARTA DO CARTUCHO, Spodoptera frugiperda (J.E. SMITH), COM O Baculovirus spodoptera, APLICADO VIA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO. An. Soc. Entomol. Brasil, 1995.
