Uma das principais pragas da cultura do milho, em especial nos Estados do Sul e algumas áreas das regiões Sudeste e Centro-Oeste é a Diabrotica speciosa, popularmente conhecida como vaquinha ou patriota em sua fase adulta e como larva alfinete em sua fase larval. Embora passe muitas vezes despercebida, principalmente quando o foco do manejo é as lagartas que acometem o milho, a Diabrotica speciosa pode causar sérios danos à cultura.

Durante a fase adulta, a praga se alimenta das folhas do milho, causando a raspagem, sendo os danos muitas vezes confundidos com os causados pela lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda. Quando ocorrem nos períodos iniciais do desenvolvimento do milho, os danos ocasionados pelo adulto da Diabrotica speciosa resultam na redução da área fotossinteticamente ativa e com isso, redução da produção de fotoassimilados para a planta.

Figura 1. Adulto de Diabrotica speciosa.

Foto: Pereira, Paulo Roberto Valle da Silva

Posteriormente, os adultos fazem postura no solo, junto as plântulas de milho, onde as larvas eclodem e passam a danificar as raízes (Machado; Teston; Salvadori, 2022). As larvas (figura 2) alimentam-se das raízes, reduzindo a capacidade da planta em absorver água e nutrientes, tornando-as menos produtiva e sujeita ao acamamento (figura 3), causando perdas quando a colheita é realizada mecanicamente (Viana, 2010).

Figura 2. Larva de Diabrotica speciosa.

Foto: Ivan Cruz

Figura 3. Raízes de milho atacadas pela larva de Diabrotica speciosa.

Foto: Paulo Afonso Viana

Para a cultura do milho têm sido relatadas perdas na produção variando entre 10 e 13% devido ao ataque (Viana, 2010). Conforme destacado por Araújo & Salas (2017), estima-se que sob condições experimentais, danos superiores a 70% possam ser observados em decorrência de elevadas infestações da praga.

Em condições de campo, o impacto da larva alfinete na produtividade do milho foi avaliada por Da Rosa et al. (2017), que observaram significativa redução da produtividade do milho a medida em que há o aumento populacional da praga (figura 4).

Figura 4. Rendimento de grãos (Kg ha-1) de plantas de milho submetidas à infestação de larvas de Diabrotica speciosa. Capão do Leão-RS, 2012/2013.

ns: não significativo pelo teste F Fonte: Da Rosa et al. (2017)

Com base nos resultados apresentados por Da Rosa et al. (2017), pode-se concluir que o aumento da densidade populacional das larvas de Diabrotica speciosa que infestam as raízes de milho pode reduzir a produtividade do milho. Segundo Valicente (2015), mais de 3,5 larvas por planta são suficientes para causar danos ao sistema radicular da planta. Além do tratamento de sementes, cujo efeito residual é limitado, o emprego de cultivares de milho transgênico expressando a proteína de Bacillus thuringiensis (Bt), pode ser uma interessante ferramenta de manejo, somando-se ao controle químico com o uso de inseticidas registrados para a cultura.


Veja também: Inoculação do milho com estirpes de Azospirillum pode reduzir a necessidade da adubação nitrogenada



Referências:

ARAUJO, M. M.; SALAS, F. J. S. RESISTÊNCIA DE INSETOS DO GÊNERO DIABROTICA DE MAIOR IMPACTO ECONÔMICO NAS AMÉRICAS DO NORTE E DO SUL A INSETICIDAS. Biológico, São Paulo, v.79, n.1, p.1-7, jan./jun., 2017. Disponível em: < http://biologico.agricultura.sp.gov.br/uploads/docs/bio/V79_1/8994b0a5-2492-44dc-ac12-4468d0684a8e.pdf >, acesso em: 12/12/2022.

DA ROSA, A. P. S. et al. DANOS CAUSADOS PELA LARVA-ALFINETE EM MILHO EM CONDIÇÕES DE CAMPO. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.16, n.1, p. 153-160, 2017. Disponível em: < http://rbms.cnpms.embrapa.br/index.php/ojs/article/view/563 >, acesso em: 12/12/2022.

MACHADO, J. N. C.; TESTON, R.; SALVADORI, J. R. DANOS DA LARVA Diabrotica speciosa em MILHO BT. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, Curitiba, v.5, n.1, p.842-846, jan./mar. 2022. Disponível em: < https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJAER/article/view/44433/33308 >, acesso em: 12/12/2022.

VALICENTE, F. H. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 208, 2015. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/125260/1/circ-208.pdf >, acesso em: 12/12/2022.

VIANA, P. A. MANEJO DE Diabrotica speciosa NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 141, 2010. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767891/manejo-de-diabrotica-speciosa-na-cultura-do-milho.pdf/a0ec3a33-2864-47b3-ac6e-b2fc63d4fa02 >, acesso em: 12/12/2022.

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