Na safra de verão 2019/2020, algumas regiões sofreram com baixas precipitações e períodos de déficit hídrico, especialmente as regiões Sul do país. Após o cultivo da soja (carro chefe em muitas propriedades), uma grande parcela de agricultores apostou no cultivo do milho safrinha, comumente cultivado após a soja, com o intuído de otimizar o uso da terra, aumentar a lucratividade de produtor e produzir palhada para a cobertura do solo.
No entanto, as estiagens observadas no cultivo da soja para a região sul, persistiram no cultivo do milho safrinha, prejudicando imensamente o estabelecimento da cultura no campo, seu crescimento e desenvolvimento. Segundo ALVES (2013) a quantidade necessária de água para o bom desenvolvimento do milho pode variar de acordo com a cultivar e ciclo de desenvolvimento, contudo, em média é de 600mm por ciclo. Dos períodos mais sensíveis ao déficit hídrico estão o início do florescimento (VT), onde ocorre a determinação do número potencial de grãos; o período de fertilização (R1), onde o potencial produtivo é fixado e o período de enchimento de grãos (R5), onde ocorre o aumento da formação de matéria seca nos grãos.
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Figura 1. Estádios do desenvolvimento do milho e as principais fases mais sensíveis ao déficit hídrico.
ALVES (2013) destaca que a ocorrência de déficit hídrico em um desses períodos pode chegar a comprometer 50% da produtividade do milho dependendo da intensidade do déficit e da sua duração.
Em vídeo o Professor da Universidade Federal do Paraná, e supervisor do Grupo Supra Pesquisas Alfredo Albrecth comenta sobre os impactos e danos causados pelo estresse hídrico no sistema de produção do milho safrinha como um todo. Segundo Alfredo, além dos conhecidos danos de perda de produtividade causados pelo déficit no período reprodutivo da cultura, o déficit hídrico no início do desenvolvimento da cultura implica em dificuldades de emergência de plântula e consequentemente desuniformidade de plantas na lavoura (figura 2).
Figura 2. Lavoura de milho desuniforme em consequência de déficit hídrico no início do estabelecimento da cultura.
Alfredo destaca que em áreas cuja produtividade em safras anteriores chegaram a alcançar 100 sc.ha-1, nesta safra em alguns casos infelizmente estima-se que a produtividade “fique abaixo da metade disso”, ou seja, uma considerável redução da produtividade do milho.
Além disso, os prejuízos vão além da produtividade da lavoura, Albrecht destaca que com a desuniformidade da lavoura, aliada ao baixo crescimento das plantas em decorrência do déficit hídrico, as áreas aparentam uma maior presença de plantas daninhas se comparado a safras anteriores. A baixa produção de palhada residual, em reflexo do limitado crescimento da cultura e desuniformidade da lavoura tende a favorecendo a emergência de plantas daninhas e podendo acarretar em “mais problemas com plantas daninhas”, sendo necessário um bom manejo e controle, implicando em custos de produção.
“Tirou o milho safrinha, já pensar em um manejo das plantas daninhas para não ter problema”
Confira abaixo o vídeo do professor Alfredo.
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Referências:
ALVES, A. S. NECESSIDADES HÍDRICAS DA CULTURA DO MILHO SOB IRRIGAÇÃO SUPLEMENTAR NAS CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DA CHAPADA DO APODI. Universidade Federal Rural do Semi-Árido, 2013.
IPNI – BRASIL. FASES DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO MILHO. Disponível em: <http://brasil.ipni.net/ipniweb/region/brasil.nsf/0/81A0BBD6E936445D83257AA0003A892E/$FILE/MF3305BP-CornGrowth-portuguese_FINAL.pdf>, acesso em: 21/05/2020.
Sobre o autor: Maurício Siqueira dos Santos, Engenheiro Agrônomo formado pela UFSM. Atualmente Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFSM e Integrante da Equipe Mais Soja.