O número de plantas por área é um componente primário da produtividade da soja. Esse componente é definido na semeadura e estabelecimento da lavoura, e impacta diretamente a produtividade final da cultura. De acordo com Tagliapietra et al. (2022), o valor ótimo do número de plantas por área deve ser definido a partir das características genéticas da cultivar, época de semeadura e dos recursos disponíveis no ambiente de produção (lavoura).

Considerando a importância do definir o número de plantas por área, algumas práticas de manejo necessitam ser adotadas para garantir um estande adequado de plantas na lavoura, para a obtenção de altas produtividade de soja. Definir a densidade populacional das plantas tem início ainda no planejamento da lavoura, ao definir o espaçamento entre linhas e o arranjo espacial das plantas.

Determinar o arranjo de plantas é importante para reduzir a influência competição entre plantas. O arranjo de plantas altera a competição entre as plantas de soja pelos recursos do ambiente como água, luz e nutrientes, além disso, influencia na velocidade de fechamento dos espaços entrelinhas (Balbinot Junior et al., 2020), afetando consequentemente a dinâmica do manejo fitossanitário da cultura.

Tabela 1. Densidade de plantas por hectare, de acordo com o espaçamento entre as fileiras e o número de plantas por metro linear.
Fonte: Balbinot Junior et al. (2020)

Embora haja variação das recomendações do arranjo de plantas em função da cultivar, é conhecido que a soja apresenta plasticidade, o que confere a maioria das cultivares, alta habilidade compensatória. Entretanto, densidades abaixo do recomendado para dada cultivar, bem como a má distribuição de plantas, provocam redução no potencial produtivo da lavoura, mesmo que a cultivar apresente alta plasticidade (Tagliapietra et al., 2022).

Em baixa densidade de semeadura, as plantas emitem maior quantidade de ramos, em maior tamanho e com maior ângulo em relação à haste principal, já com densidade de plantas acima da indicada para a cultivar, a região e a época de semeadura, há alta competição entre plantas. Nessa situação, a redução de produção de grãos por planta pode ser mais expressiva do que o aumento da quantidade de plantas por área, reduzindo a produtividade de grãos por hectare (Balbinot Junior et al., 2020).


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Ainda que varie em função da cultivar e ambiente, resultados de pesquisas desenvolvidas pela Equipe FieldCrops de 2015 a 2021, avaliando mais de 1.000 lavouras, demonstram que a densidade de plantas agronômica ótima (DPAO) para a obtenção de altas produtividade de soja é de 29 plantas m-2 . A partir dessa faixa, a redução de uma planta m-2 proporciona perdas de produtividade de 78 kg ha-1 em lavouras de soja com ciclo de até 133 dias e de 59 kg ha-1 em lavouras de soja com ciclo superior a 133 dias (figura 1).

Figura 1. Relação entre a produtividade de grãos (ton ha-1) e número de plantas m-2 para cultivares com duração do ciclo total menor que 133 dias (A) e maior que 133 dias (B) para soja em cultivo irrigado (círculos azuis) e sequeiro (círculos amarelos). A linha preta sólida representa a função limite e a linha vermelha sólida indica o valor de densidade de plantas agronômica ótima que maximiza a produtividade de grãos. A linha vermelha tracejada indica a perda de produtividade (Kg ha-1) a cada planta a menos por m-2.
Fonte: Tagliapietra et al. (2022)

Vale destacar que o lançamento de uma cultivar envolve diversos estudo, e, normalmente, a máxima produtividade de uma cultiva encontra-se dentro da faixa de densidade populacional recomendada pelo desenvolvedor.  Em suma, deve-se trabalhar com as recomendações técnicas para a cultivar, dando atenção para o uso de sementes de qualidade, e para a plantabilidade da lavoura, evitando que haja reduções significativas na densidade populacional, para reduzir o impacto na produtividade da cultura.


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Referências:

BALBINOT JUNIOR, A. et al. INSTALAÇÃO DA LAVORA. Embrapa, Sistemas de Produção, n. 17, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 4, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 04/11/2024.

TAGLIAPIETRA, E. L. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 2, 2022.

 

 

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