O objetivo deste trabalho foi avaliar a contribuição de adjuvantes associados ao fungicida azoxistrobina + benzovindiflupir, na deposição e na cobertura de plantas de soja, quando comparados aos tratamentos padrões.

Autores: JOÃO V. S. MARTONETO1, LUIZ A. I. FERREIRA2, GUSTAVO D. DA SILVA3, CELSO A. S. TEIXEIRA3, ROBINSON L. CONTIERO4, DENIS F. BIFFE4, FABIANO A. RIOS4, JOSÉ G. A. S. JÚNIOR5

Introdução

Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.

O controle químico das doenças que afetam a soja tem sido de grande importância para a viabilidade da cultura. Em geral, é dada maior importância ao produto a ser utilizado no controle, e menor à maneira de utilização desse na lavoura. Já é conhecido que quanto menor a gota na pulverização, maior o risco de deriva, e se a gota for muito grande, a planta pode ter dificuldade em relação à retenção e absorção (Cunha et al., 2006). Segundo Holloway (1994), quando as gotas de pulverização atingem as folhas, essas podem ser retidas, refletidas ou fragmentadas em gotas menores, dependendo principalmente de seu tamanho, velocidade, propriedades físico-químicas intrínsecas à calda e características da superfície foliar. Outra forma de também melhorar a eficiência das aplicações, além da seleção correta das pontas, é a adição de adjuvantes à calda. Alguns possíveis benefícios dos adjuvantes que podem ser destacados incluem o aumento da absorção do ingrediente ativo, o aumento da retenção no alvo e o aumento da persistência (Stickler, 1992). A adição de adjuvantes às caldas de pulverização é um tema que desperta interesse, porém, também gera dúvidas e controvérsias pelo seu uso inadequado e a falta de conhecimento de sua interação com alguns ingredientes ativos. Dessa forma, objetivou-se avaliar a contribuição de adjuvantes associados ao fungicida azoxistrobina + benzovindiflupir, na deposição e na cobertura de plantas de soja, quando comparados aos tratamentos padrões.

Material e Métodos

O ensaio foi realizado na Fazenda Experimental de Iguatemi – FEI, pertencente ao Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Maringá, localizado no Distrito de Iguatemi, município de Mandaguaçu. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram compostos por azoxistrobina + benzovindiflupir (0,3 g p.c. ha-1) + óleo mineral (0,5% v v-1), azoxistrobina + benzovindiflupir (0,3 g p.c. ha-1) + óleo mineral (0,5% v v-1) + [lecitina + ácido propiônico] (0,05 L p.c. ha-1) (tratamento padrão), [azoxistrobina + benzovindiflupir] (0,3 g p.c. ha-1) + óleo vegetal modificado (0,47 L p.c. ha-1), [azoxistrobina + benzovindiflupir] (0,3 g p.c. ha-1) + óleo metilado de soja (1,18 L p.c. ha-1) e [azoxistrobina + benzovindiflupir] (0,3 g p.c. ha-1) + óleo metilado de soja (1,18 L p.c. ha-1) + óleo vegetal modificado polioexitileno (0,3% L p.c. ha-1).

As parcelas foram constituídas de 2,0 m de largura e comprimento de 10,0 m, totalizando área igual a 20,0 m2. Nas avaliações desconsiderou-se 0,5 m de cada extremidade. No momento da pulverização, o solo encontrava-se úmido, a temperatura em 26,3ºC, a umidade relativa de 65% e velocidade média do vento de 2,4 km h-1. As plantas de soja, encontravam-se no estádio fenológico R1 (início do florescimento). Para a pulverização dos tratamentos, foi utilizado um pulverizador costal de pressão constante à base de CO2, equipado com uma barra portando quatro pontas de jatos planos da série ST-015 (263 kPa), com espaçamento de 0,5 m entre si, e velocidade de deslocamento de 1,0 m s-1. Estas condições proporcionaram taxa de aplicação equivalente a 150 L ha-1. Para a avaliação da deposição, foram coletados 50 trifólios nos terços superior e inferior das plantas de soja, na área útil de cada parcela. Como traçador da deposição da pulverização foi utilizado na calda de pulverização o corante alimentício Azul Brilhante FD&C-1 (0,3% p/v). O procedimento de recuperação das soluções traçadoras constituídas pelas caldas de pulverização foi realizado através de lavagem dos trifólios alvos com volumes de 40 mL de água destilada dentro de sacos plásticos, através de agitação constante dos mesmos por 20 segundos.

A determinação das quantidades do corante depositado, em cada amostra, foi realizada utilizando-se procedimentos de espectrofotometria, cujos resultados em absorbância no comprimento de onda de 630 nm foram transformados em mg L-1, de acordo com coeficiente angular da curva padrão, similarmente à metodologia utilizada por Souza (2002) e Maciel et al. (2004). As concentrações dos depósitos foram transformadas em volume por área foliar (μL cm-2), após a determinação da área foliar dos trifólios. Para a avaliação da porcentagem de cobertura das aplicações, os trifólios foram colocados em câmara com luz ultravioleta, e fotografias foram tiradas. Após isto, análises com o software Assess® foram realizadas estimando a área total de cada trifólio e qual a proporção desta estava coberta pelo corante amarelo fluorescente Luxcor® LRM 100, estimando desta maneira a porcentagem de cobertura. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Os resultados de deposição no terço superior e inferior das plantas de soja estão apresentados na Figura 1. Observa-se que, há uma diminuição significativa na deposição da calda aplicada, quando se comparam o terço superior e o terço inferior da planta de soja, o que evidencia a dificuldade de penetração da gota a alvos que se encontram na parte mais baixa do dossel da cultura, denominado “efeito guarda-chuva”.

Figura 1. Deposição da calda de pulverização proporcionada pelos diferentes tratamentos, no terço superior e inferior da cultura da soja. Médias acompanhadas de mesmas letras, maiúsculas para os terços superior e inferior, e minúsculas para as diferentes caldas dentro de cada terço, não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p<0,05).

Ao analisar as diferentes caldas de aplicação dentro de cada terço das plantas de soja, nota-se que os valores foram próximos, não ocorrendo diferença entre os adjuvantes testados. Em relação a cobertura (Figura 2), há maior percentual no terço superior da cultura, resultados semelhantes aos obtidos no depósito. Observa-se que o tratamento [azoxistrobina+benzovindiflupir] + óleo metilado de soja apresentou melhor resultado no terço inferior.

Figura 2. Cobertura das plantas proporcionada pelos diferentes tratamentos, no terço superior e inferior da cultura da soja. Médias acompanhadas de mesmas letras, maiúsculas para os terços superior e inferior e minúsculas para as diferentes caldas dentro de cada terço, não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p<0,05).

De maneira geral, os tratamentos contendo óleo metilado de soja, óleo metilado de soja + óleo vegetal modificado polioexitileno e óleo vegetal modificado apresentaram resultados iguais ou superiores ao tratamento onde utilizou-se somente o óleo mineral e o tratamento padrão [lecitina + ácido propiônico] em termos de deposição e cobertura.

Conclusões

Maiores valores de depósito e cobertura são observados no terço superior da cultura. De maneira geral, todos os adjuvantes testados apresentaram valores semelhantes para os parâmetros avaliados.



Referências

CUNHA, J. P. A. R.; REIS, E. F.; SANTOS, R. O. Controle químico da ferrugem asiática da soja em função de ponta de pulverização e de volume de calda. Ciência Rural, v.36, n.5, p.1360-1366, 2006.

HOLLOWAY, P. J. Physicochemical factors influencing the adjuvants – Enhance spray deposition and coverage of foliage-applied agrochemicals. In: HOLLOWAY, P.J.; REES, R.T.; STOCK, D. (Ed.). Interactions between adjuvants, agrochemicals and target organisms. Berlim: Springer-Verlag, 1994. p. 83-106.

STICKLER, W. E. The importance of adjuvants to the agricultural chemical industry. In: FOY, C. L. (Ed.). Adjuvants for Agrochemicals. New York: Marcell Dekker, 1992. p.247-249.

SOUZA, R. T. Efeito da eletrização de gotas sobre a variabilidade dos depósitos de pulverização e eficácia do glyphosate no controle de plantas daninhas na cultura da soja. Botucatu 2002. 69p. Tese de Doutorado em Agronomia. Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.

MACIEL, C. D. G.; VELINI, E. D.; BERNARDO, R. S. Performance de pontas de pulverização em Brachiaria brizantha cv. MG-4 para controle de ninfas de cigarrinhas das pastagens. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS, 3., Anais… Botucatu: FEPAF, 2004, p.211-214.

Informações dos autores

1Engenheiro Agrônomo, Graduando, Universidade Estadual de Maringá, UEM, Maringá/PR, joaovscalon@gmail.com;

2Engenheiro Agrônomo, Doutorando, Universidade Estadual de Maringá, UEM, Maringá/PR;

3Engenheiro Agrônomo, Mestrando, Universidade Estadual de Maringá, UEM, Maringá/PR;

4Engenheiro Agrônomo, Professor Titular, Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Maringá, UEM, Maringá/PR;

5Engenheiro Agrônomo, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento WinField.

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