Com o plantio finalizado e lavouras apresentando bom desenvolvimento, a grande maioria da soja cultivada no Rio Grande do Sul está em desenvolvimento vegetativo, florescimento ou enchimento de grãos. Em alguns Estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, já é possível observar lavouras de soja em colheita (Conab, 2024).
A nível nacional, juntos os Estados de TO, MA, PI, BA, MT, MS, GO, MG, SP, PR, SC e RS representam 96% da soja cultivada no Brasil (Conab, 2024). Conforme levantamento da Conab, até 28 de janeiro de 2024, a maioria das lavouras compreendidas nesses Estados encontravam-se no período de enchimento de grãos (figura 1).
Figura 1. Condições das lavouras de soja, semana de 22 a 28 de janeiro de 2024. (Média nacional ponderada pela área total semeada dos estados de TO, MA, PI, BA, MT, MS, GO, MG, SP, PR, SC e RS.
Embora grande parte das lavouras de soja já apresentem avançado desenvolvimento, vale destacar que, especialmente no Sul do Brasil, ainda é necessário tomar cuidado com a ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi). Em função da influência desempenhada pelo fenômeno El Niño, as condições climáticas no Sul do Brasil têm impulsionado o desenvolvimento da ferrugem-asiática.
A ferrugem-asiática pode acometer a soja em qualquer estádio do desenvolvimento da cultura. Os danos variam em função da fase do desenvolvimento da soja e severidade da doença. Considerando que grande parte das lavouras do Rio Grande do Sul estão em período de enchimento de grãos, é fundamental adotar medidas de manejo que proporcionem o adequado controle da ferrugem nesse momento.
O período do enchimento de grãos da soja é um período de rápido acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos, sendo considerado um período crítico á déficits hídricos e injurias que possam reduzir a capacidade fotossintética da planta e, consequentemente, sua produção de fotoassimilados. Com relação ao manejo de doenças em soja, o período do enchimento de grãos é considerado um marco importante no manejo da soja.
Normalmente, nessa fase (R5.5), são realizadas as últimas aplicações de fungicidas na cultura, visto que, após o término do enchimento de grãos, as doenças não causam impacto significativo na produtividade, contudo, com a disponibilidade de inóculo e condições ambientais favoráveis, as doenças de final de ciclo tem sua taxa de progresso acelerada durante o enchimento de grãos (Tagliapietra, 2022).
Sobretudo, nas lavouras onde a soja ainda não ultrapassou o enchimento de grãos, é indispensável o manejo preventivo da ferrugem-asiática a fim de evitar perdas produtivas. Para tanto, deve-se adotar estratégias de manejo que permitam também, o manejo da resistência da doença a fungicidas, tais como o emprego de fungicidas multissítios e a rotação de mecanismos de ação.
Atualmente, as principais regiões assoladas pela ferrugem-asiática em soja são o Estado do Paraná e o Rio grande do Sul, com respectivamente 122 e 88 casos de ocorrência da doença durante a safra 2023/24. Ao todo, a atualização do Consórcio Antiferrugem aponta 258 casos de ocorrência da ferrugem-asiática na safra 2023/24, contemplando os Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Figura 2. Casos de ocorrência da ferrugem-asiática da soja na safra 2023/24, por Estado.
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Referências:
CONAB. FENOLOGIA DAS LAVOURAS 22-01 a 28/01. Companhia Nacional de Abastecimento, 2024. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/progresso-de-safra/item/download/51661_b11706bbc707a21d7342eb64976664c8 >, acesso em: 01/02/2024.
CONAB. MONITORAMENTO SEMANAL DAS CONDIÇÕES DAS LAVOURAS. Companhia Nacional de Abastecimento. Brasília, DF, 29 de janeiro de 2024. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/progresso-de-safra/item/download/51663_ec3dcc828219ad8aca4c428d822f3e54 >, acesso em: 01/02/2024.
CONSÓRCIO ANTIFERRUGEM. Consórcio Antiferrugem: Parceria público-privada no combate à ferrugem asiática da soja, 2024. Disponível em: < http://www.consorcioantiferrugem.net/#/main >, acesso em: 01/02/2024.
TAGLIAPIETRA, E. L. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 2, 2022.
