Pode-se dizer que as folhas são as principais estruturas responsáveis pala fotossíntese e produção de fotoassimilados para a planta. Além disso, a grande presença de estômatos nas folhas possibilita a transpiração da planta, organizando a dinâmica de absorção de seiva bruta e gás carbônico. Embora boa parte da água absorvida pela planta seja perdida por transpiração, esse processo é vital para a planta.
Tendo isso em vista, pode-se dizer que a manutenção da área foliar da cultura é de suma importância para a obtenção de altas produtividade de soja. A incidência de pragas desfolhadoras é um dos principais fatores responsáveis pela redução da área foliar da soja, e consequentemente área fotossintéticamente ativa da planta.
Visando a melhor definição do momento de controle de pragas desfolhadoras na cultura da soja, níveis de ação foram pré-estabelecidos pela pesquisa a fim de definir níveis de desfolha aceitáveis, sem que ocorram maior perdas produtivas. Segundo Grigolli & Grigolli (2018), para a cultura da soja, o nível de ação para pragas desfolhadoras é de 30% de desfolha durante o período vegetativo da cultura e 15% durante o período reprodutivo.
Figura 1. Níveis de ação para as principais pragas da cultura da soja nos estádios vegetativos e reprodutivos. Os níveis foram estabelecidos com o número de insetos por metro de linha da cultura.
Quais níveis de desfolha causam danos?
Avaliando níveis de desfolha durante os períodos vegetativo e reprodutivo de cultivares de soja, Durli et al. (2020), submeteram cultivares de diferentes grupos de maturação relativa (GMR), a desfolha nas fases de V6 e R3.
As cultivares analisadas no presente estudo foram: BMX Veloz (GMR 5.0, hábito de crescimento indeterminado), NA 5909 (GMR 5.9, hábito de crescimento indeterminado) e TMG 7262 (GMR 6.2, hábito de crescimento semideterminado). Já os níveis de desfolha estudados foram de 0%, 16,6%, 33,3%, 50% e 66,6% (Durli et al., 2020).
Figura 2. Representação esquemática dos cinco níveis de desfolhamento impostos a três cultivares de soja em V6 e R3.
Os autores destacam que conforme resultados observados, a capacidade de expansão foliar da soja após a desfolha durante o período vegetativo pode variar de acordo com a cultivar. Com relação a produtividade da cultura, os autores notaram que maiores perdas produtivas forma observadas quando a desfolha ocorreu durante o período reprodutivo da cultura, corroborando a recomendação técnica de que o nível de desfolha no período reprodutivo deve ser menor em comparação ao período vegetativo, visando evitar maiores perdas produtivas.
Veja mais: Índice de área foliar para atingir potencial de produtividade em soja
Figura 3. Rendimento de grãos por planta de cultivares de soja sob diferentes níveis de desfolha em V6 (A) e R3 (B).
Embora os níveis de redução de produtividade possam ter variado em função da cultivar, os resultados obtidos por Durli et al. (2020) indicam que o rendimento de grãos das três cultivares somente sofreu decréscimos significativos com desfolhas superiores a 16,6% em R3.
Logo, fica evidente o maior potencial da desfolha em reduzir a produtividade da soja quando ocorre no período reprodutivo do que no período vegetativo da cultura, sendo que níveis de desfolha superiores a 16,6% durante o período reprodutivo, já podem causar perdas significativas da produtividade da soja.
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Referências:
DURLI, M. M., et al. NÍVEIS DE DESFOLHA NAS FASES VEGETATIVA E REPRODUTIVA DE CULTIVARES DE SOJA COM DIFERENTES GRUPOS DE MATURAÇÃO RELATIVA. Rev. Caatinga, Mossoró, v. 33, n. 2, pág. 402-411, abr.- junho de 2020. Disponível em: < https://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/caatinga/article/view/8999/10209 >, acesso em: 07/12/2021.
GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. PRAGAS DA SOJA E SEU CONTROLE. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2017/2018, 2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/302/302/5bf01ceb5604523cfade5dc9c1b5d3f79c522dd4360d2_05-pragas-da-soja-e-controle-somente-leitura.pdf >, acesso em: 07/12/2021.
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