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Dessecação em pré-colheita de soja

A janela de semeadura nem sempre é um período longo, em que é possível agir calmamente sem haver grandes interferências na produtividade de cultura. Quando se trata de culturas “safrinha” como o milho após a soja, esse período é ainda menor, sendo necessário atenção especial a esse período.

Uma das alternativas é a dessecação da soja em pré-colheita, que tem três principais objetivos, sendo eles a uniformização da lavoura para colheita, o controle de plantas daninhas e a antecipação da colheita da soja, que pode ser de até cinco dias em média (EMBRAPA).

Mas você sabe quais influências a dessecação em pré-colheita pode trazer para a qualidade e produtividade da soja?

Em um trabalho intitulado “Épocas de Colheita com Dessecação Química e Suas Relações Com a Qualidade Fisiológica e Expressão Enzimática em Sementes de Soja”, ZUFFO et al. (2020) avaliaram os efeitos de diferentes dessecantes na qualidade fisiológica e expressão enzimática da soja.

A cultivar avaliada por ZUFFO et al. (2020) foi a BRS 820 RR’® a qual foi submetida a dessecação em estádio R7.1, período que compreende o início do amarelecimento das folhas. Os dessecantes utilizados foram o Paraquat na dose de 2 L.ha-1, o Diquat na dose de 1,5 L.ha-1, o Glufosinato de amônio na dose de 2 L.ha-1 e o Saflufenacil na dose de 40 g.ha-1. Após a dessecação, a soja foi colhida em diferentes períodos para avaliar a interferência dos dessecantes, os períodos foram:  na maturação fisiológica (R8), sete dias após a maturação fisiológica (R8+7) e 14 dias após a maturação fisiológica (R8+14).

Dentre os resultados observados pelos autores, um dos mais representativos foi a interferência dos dessecantes na germinação das sementes, sendo que a maior diminuição da germinação foi observada para a colheita na maturidade fisiológica com a utilização de Saflufenacil, para a colheita aos sete dias após a maturação fisiológica com a utilização de Glufosinato de Amônio e aos 14 dias após a maturação fisiológica para a utilização de Paraquat (valores circulados em vermelho na figura 1).

Figura 1. Valores médios de germinação obtidos para sementes de soja (BRS 820 RR’®) da dessecação com diferentes herbicidas e diferentes épocas de colheita.

Adaptado: ZUFFO et al. (2020).

Com base dos dados observados e no comportamento da qualidade das sementes frente a dessecação e diferentes épocas de colheita, segundo ZUFFO et al. (2020) a menor interferência na qualidade fisiológica das sementes foi observada com a utilização de Diquat para dessecação, no entanto, de modo geral, as maiores interferências negativas foram observados quando a soja foi dessecada Paraquat. Além de observarem diminuição significativa da redução da germinação em decorrência da dessecação da soja, os autores também observaram a redução de outros parâmetros qualitativos de sementes, tais como condutividade elétrica e também diminuição dos valores obtidos no teste de envelhecimento acelerado, sendo que o Paraquat foi o dessecante que mais interferiu negativamente em ambas as variáveis, confira o trabalho completo clicando aqui.



Além da perda na qualidade fisiológica da soja encontrada por ZUFFo et al. (2020), LAMEGO et al. (2013) avaliando a interferência da dessecação com Paraquat em diferentes estádios do desenvolvimento da soja encontraram resultados que demonstram também a diminuição da produtividade da soja (tabela 1).

Tabela 1. Produtividade de grãos de soja sob efeito da aplicação de Paraquat na dose de 240g i. a.ha-1 em diferentes estádios do desenvolvimento da soja.

Adaptado: LAMEGO et al. (2013).

Veja também: Manejo de plantas daninhas na sucessão soja-milho safrinha.

Note que quando comparada a soja que não foi dessecada com Paraquat, com a soja que recebeu a dessecação no estádio R6, a redução na produtividade chega a 1470 kg, uma redução considerável em decorrência da dessecação.

Confira algumas dicas sobre o tema que  o pesquisador Fernando Adegas nos deu, no dicas Mais Soja.

 

Contudo, a dessecação em pós colheita da soja também traz vantagens quando utilizada corretamente, principalmente se a finalidade da lavoura não é a produção de sementes mas sim de grãos. Além da antecipação da colheita, a dessecação pode controlar plantas daninhas já existentes na área, possibilitando a implantação da cultura sucessora “no limpo”, e auxiliando no manejo de plantas daninhas para essa cultura, diminuição a competição entre espécies e melhorando o estabelecimento da cultura no campo.

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Referências:

EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE. DESSECAÇÃO É UMA IMPORTANTE ESTRATÉGIA NO MANEJO DA SOJA. Embrapa Notícias. Disponível em: <https://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste/busca-de-noticias/ /noticia/31835117/dessecacao-e-uma-importante-estrategia-no-manejo-da-soja#:~:text=A%20desseca%C3%A7%C3%A3o%20pr%C3%A9%2Dcolheita%20da%20soja%2C%20com%20uso%20de%20herbicida,o%20plantio%20do%20milho%20safrinha.>, acesso em: 08/05/2020.

LAMEGO, F. P. et al. DESSECAÇÃO PRÉ-COLHEITA E EFEITOS SOBRE A PRODUTIVIDADE E QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 31, n. 4, p. 929-938, 2013.

ZUFFO, A. M. et al. EPÓCAS DE COLHEITA COM DESSECAÇÃO QUÍMICA E SUAS RELAÇÕES COM A QUALIDADE FISIOLÓGICA E EXPRESSÃO ENZIMÁTICA EM SEMENTES DE SOJA. Rev. Caatinga, Mossoró, v. 33, n. 2, p. 361–370, 2020.

 

Equipe Mais Soja
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A equipe editorial do portal Mais Soja é formada por profissionais do Agronegócio que se dedicam diariamente a buscar as melhores informações e em gerar conteúdo técnico profissional de qualidade.
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