A dessecação pré-colheita da soja é uma importante prática de manejo, que possibilita aumentar a uniformidade da lavoura para a colheita, antecipar a colheita em alguns dias e ainda controlar plantas daninhas presentes na área de cultivo, contribuindo para o manejo de plantas daninhas na cultura sucessora.
Se realizada adequadamente, a dessecação em pré-colheita da soja pode antecipar a colheita em até quatro dias, sem prejuízos à produção (França-Neto et al., 2016). No entanto, quando realizada em estádios inadequados, perdas de produtividade superiores a 30% podem ser observadas (Lamego et al., 2013; Adegas et al., 2018).
Nesse sentido, para usufruir dos benefícios que a dessecação pré-colheita proporciona, sem perdas de produtividade, determinar o período adequado para essa prática de manejo é crucial.
Época de dessecação pré-colheita da soja
Conforme orientações de manejo, recomenda-se que a dessecação pré-colheita da soja seja realizada após a maturação fisiológica da planta, estágio em que os grãos apresentam o máximo acúmulo de matéria seca (Zanon et al., 2018). Nesse período, os grãos ou sementes já não mantêm conexão com a planta mãe, impedindo a translocação de água, fotoassimilados e/ou defensivos. Isso reduz o risco de danos causados pela aplicação de herbicidas na dessecação pré-colheita.
O início da maturação fisiológica da soja é marcado pelo estádio R7.1. Para evitar as perdas de produtividade em função da época da dessecação pré-colheita, recomenda-se que essa dessecação seja realizada no subperíodo R7.3, período conhecido como maturidade fisiológica, em que há acima de 75% das folhas e vagens amarelas.
Tabela 1. Descrição resumida dos estádios fenológicos reprodutivos da soja, época da maturação fisiológica e período de dessecação pré-colheita da soja.
Lamego et al. (2013) destacam que, quando a soja é dessecada no período adequado (R7.3), menores danos são observados em consequência da dessecação, garantindo assim a manutenção da produtividade da cultura. Visualmente, em R7.3 os legumes de soja aparentam colocação amarela uniforme (figura 2), entretanto, vale destacar que, como visto anteriormente, deve-se levar em consideração a porcentagem de legumes amarelos para definir esse estádio, que no caso, é de 75% ou mais.
Figura 2. Estádio ideal para a dessecação em pré-colheita da soja (R7.3).
Que herbicida utilizar para a dessecação pré-colheita da soja?
Os herbicidas utilizados para a dessecação pré-colheita da soja, devem apresentar registro junto ao MAPA para tal prática. Além de definir o momento de pulverização, é fundamental atentar para a dose do produto, seguindo as orientações presentes na bula. Doses abaixo do recomendado, podem resultarem má eficácia da dessecação pré-colheita.
Atualmente, os herbicidas mais utilizados para a dessecação pré-colheita da soja o Glufosinato de Amônio e o Diquat. O Glufosinato de Amônio atua inibindo a enzima glutamina sintase, o que leva ao acúmulo de amônio no interior da planta, causando toxidez, exceto em tecnologias tolerantes, como Enlist e Conkesta. Já o Diquat tem como mecanismo de ação a inibição da fotossíntese no fotossistema I, pois é capaz de captar os elétrons desse sistema e formar radicais livres, que sofrem auto-oxidação e provocam a rápida degradação das membranas.
Qual o intervalo entre a dessecação pré-colheita da soja e a colheita da cultura?
O intervalo de segurança entre a dessecação pré-colheita e a colheita da soja varia em função do herbicida utilizado e da dose aplicada. Conforme orientações de bula, dependendo do herbicida, esse intervalo pode variar de 7 a 10 dias. De modo geral, orienta-se respeitar o intervalo de pelo menos 10 dias após a dessecação pré-colheita da soja para realizar a colheita da cultura, evitando assim, a contaminação por resíduos de agrotóxicos na soja colhida.
No entanto, sempre deve-se analisar as recomendações presentes na bula, a fim de verificar as orientações do Fabricante quando ao período de carência para dado produto. Vale destacar que a colheita da soja deve ocorrer quando os grãos e/ou sementes alcançarem uma umidade situada entre 13% e 15%, a fim de prevenir perdas produtivas e preservar a qualidade dos grãos.
Veja mais: Formulação de glufosinate interfere na eficiência da dessecação pré-colheita da soja?
Confira abaixo as orientações do professor e pesquisador Alfredo Albrecht.
Inscreva-se agora no canal dos Professores Alfredo & Leandro Albrecht, aqui.
Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (Site, Facebook, Instagram, Linkedin, Canal no YouTube)
Referências:
ADEGAS, F. S. et al. EFEITOS DA ÉPOCA DE DESSECAÇÃO DE PRÉ-COLHEITA NA PRODUTIVIDADE DA SOJA. VIII Congresso Brasileiro de Soja, 2018. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1093898/1/Efeitosdaepocap.903905.pdf >, acesso em: 05/02/2025.
CÂMARA, G. M. S. FENOLOGIA É FERRAMENTA AUXILIAR DE TÉCNICAS DE PRODUÇÃO. Visão Agrícola, n. 5, 2006. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/va05-planta-e-ambiente01.pdf >, acesso em: 05/02/2025.
FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 05/02/2025.
LAMEGO, F. P. et al. DESSECAÇÃO PRÉ-COLHEITA E EFEITOS SOBRE A PRODUTIVIDADE E QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 31, n. 4, p. 929-938, 2013. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/pd/v31n4/19.pdf >, acesso em: 05/02/2025.
OLIVEIRA JUNIOR, A. de. et al. ESTÁDIOS FENOLÓGICOS E MARCHA DE ABSORÇÃO DE NUTRIENTES DA SOJA. Embrapa Soja, Fortgreen, 2016. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1047123 >, acesso em: 05/02/2025.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, 2018.