A dessecação pré-semeadura da soja é uma prática fundamental para estabelecer a cultura livre de plantas daninhas, reduzindo a matocompetição inicial com a cultura. Além de interferir no estabelecimento da lavoura, algumas plantas daninhas servem como hospedeiras de pragas e doenças, as quais podem acometer a soja após a semeadura.

A competição de plantas daninhas com a soja, pode reduzir drasticamente a produtividade da cultura, dependendo da densidade populacional, da espécie de planta daninha e do estádio em que infesta a lavoura, perdas de produtividade de mais de 20% podem ser observadas para cada planta daninha por metro quadrado.

Além disso, algumas espécies infestantes, em especial dicotiledôneas são mais dificilmente controladas na pós-emergência da soja. Nesse sentido, o controle eficiente na pré-semeadura contribui para a redução populacional de plantas daninhas na pós-emergência da soja, favorecendo o manejo na “capina” (controle pós-emergente em V3-V4).


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Vale lembrar que o controle químico das plantas daninhas também está condicionado ao estádio de desenvolvimento da planta infestante. Plantas em estádios iniciais do desenvolvimento são mais facilmente controladas por herbicidas pós-emergentes.

Popularizado no manejo de plantas daninhas, o glifosato (inibidor da EPSPs) é o herbicida mais utilizado para o controle pré-semeadura em função do seu amplo espectro. No entanto, vale destacar que com o advento da soja RR (Roundup Ready™), o uso indiscriminado e equivocado do glifosato desencadeou uma série de casos de resistência de plantas daninhas a esse herbicida, comprometendo a eficácia do glifosato no controle das populações resistentes.

No Brasil, atualmente 12 espécies apresentam casos de resistência ao glifosato na cultura da soja, incluindo casos de resistência simples e múltipla (Heap, 2024).

Figura 1. Distribuição Global de espécies de plantas daninhas com resistência ao glifosato.
Adaptado: Heap (2024)

Dentre as principais espécies destacam-se Buva, azevém, capim-amargoso, caruru e capim-pé-de-galinha. Algumas dessas espécies apresentam casos de resistência simples ao glifosato, e outras casos de resistência múltipla, contemplando herbicidas inibidores da ALS, ACCase, FSI, FSII, PROTOX e  mimetizadores da AUXINA.

Com isso em vista, deve-se atentar para as espécies presentes nas áreas agrícolas no momento da dessecação pré-semeadura, principalmente quando o manejo é voltado ao uso do glifosato. Em áreas com histórico de ocorrência de casos de resistência e/ou com espécies tolerantes ou resistentes ao glifosato, deve-se associar esse herbicida a outros mecanismos de ação para um maior controle das plantas daninhas.

Não menos importante, o uso de herbicidas pré-emergentes contribui significativamente para a redução dos fluxos de emergência das plantas daninhas, reduzindo consequentemente a matocompetição e proporcionando melhores condições para o controle na pós-emergência da soja.
Confira abaixo as espécies de plantas daninhas com casos de resistência ao glifosato, relatados na cultura da soja no Brasil.

Quadro 1. Espécies de plantas daninhas com casos de resistência ao glifosato, relatados na cultura da soja no Brasil.
Fonte: Heap (2024)

Veja mais: Interferência de capim-amargoso sobre a produtividade da soja


Referências:

HEAP, I.  THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2023. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/crop.aspx >, acesso em: 23/10/2024.

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