Diversos fatores podem resultar na deterioração das sementes de soja, causando perda da qualidade, afetando principalmente atributos fisiológicos como germinação e vigor. Embora a deterioração das sementes seja frequentemente relacionada aos danos por percevejos, a nível de campo, outros fatores podem reduzir a qualidade das sementes, causando a deterioração delas.

Um desses fatores é a deterioração por umidade, causada principalmente pelo processo de alteração física das sementes, desencadeado pela exposição de semente de soja a ciclos alternados de elevada e baixa umidade antes da colheita, devido à ocorrência de chuvas frequentes ou flutuações diárias de alta e baixa umidade relativa do ar, agravada por condições de elevadas temperaturas (França-Neto et al., 2016).

Figura 1. Processo de alterações físicas, devido à oscilação do teor de água da semente de soja em função das condições de umidade ambiental, que resultam no aparecimento de rugas na semente de soja, características da deterioração por umidade.

Arte: Danilo Estevão, apud França-Neto et al. (2016)

Simultaneamente a esse processo, alterações fisiológicas resultando em degradação de compostos lipídicos e proteicos na membrana celular e organelas subcelulares, interagindo com processos oxidativos, resultando na redução da germinação e vigor das sementes de soja (França-Neto et al., 2016). Atrelado a isso, o processo de absorção e perda de umidade das sementes pode resultar em microfissuras e/ou rupturas do tegumento das sementes, servindo como porta de entrada para bactérias e fungos patogênicos que podem acelerar o processo de deterioração das sementes e a perda da qualidade delas.



França-Neto et al. (2016), ainda destacam que além de ocorrer no campo, a deterioração de sementes de soja por umidade também evolui durante o armazenamento, sendo que dependendo do tempo e condições de armazenamento, sementes que sofreram deterioração por umidade em pré-colheita podem inclusive ter a germinação e o vigor comprometidos durante o armazenamento em função da evolução dos danos.

Figura 2. Evolução do dano de deterioração por umidade na classe 3, conforme determinado pelo teste de tetrazólio, em lotes de alto e baixo vigor de sementes de soja da cultivar Embrapa 48, armazenadas em armazém não refrigerado na região de Mandaguari, PR, pelo período de 225 dias.

Fonte: França-Neto et al. (2016)

Dessa forma, fica evidente a influência da deterioração por umidade na qualidade das sementes de soja, sendo necessário, na medida do possível, adotar medidas de manejo que possibilitem a colheita da cultura em momento ideal, reduzindo a ocorrência de alterações físicas e fisiológicas nas sementes.

Referências:

FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIAS DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 31/08/2022.

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