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Dia de campo mostra efeitos no solo e na produtividade do uso de sistemas integrados de produção

A melhoria dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo, recomendações de manejo, alternativas para melhorar o sistema de produção e resultados de pesquisas com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) foram alguns dos temas apresentados nos dias 5 e 6 de maio durante o 11º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária. O evento foi realizado em Sinop (MT) pela parceria entre Embrapa Agrossilvipastoril e Senar-MT.

Em dois dias, cerca de 500 pessoas, entre produtores, consultores técnicos, extensionistas, estudantes e professores puderam percorrer um circuito principal com quatro estações temáticas e ainda puderam escolher mais um tema entre outros quatro disponíveis para acompanhar.

Realizado na vitrine tecnológica da Embrapa Agrossilvipastoril, o dia de campo marcou o retorno dos eventos presenciais abertos ao público no centro de pesquisa. Além disso, marcou a celebração dos 13 anos da criação desta Unidade da Embrapa. A data do aniversário é no sábado, dia 7 de maio.

“É um banho de ânimo. Depois de um ambiente totalmente recluso, inclusive com prejuízos para a pesquisa devido à dificuldade na coleta de dados, voltamos com a presença física. A gente percebe que há um aprendizado de que ações podem ser feitas de forma remota, mas a interação humana é essencial. Ela é positiva e acelera não só as pesquisas, como também todo o processo de transferência de tecnologias”, afirma a chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, Laurimar Vendrusculo.

Nesta edição do evento, pesquisadores apresentaram resultados de mais de dez anos de experimentos com ILPF em Sinop. Tanto dados de produção de grãos, quanto da pecuária de corte e de leite quanto dados de crescimento de árvores foram mostrados.

A saúde, fertilidade e correção do solo foram destacados em outras três estações, com informações sobre a tecnologia de bioanálise (BioAS), os efeitos do uso de consórcios de segunda safra e a ciclagem de nutrientes gerada por eles, além de recomendações sobre o uso de correto de calcário na correção dos solos.

Também foram apresentados resultados do Projeto Gaia, coordenado pela UFMT, que vem trabalhando a agricultura de base agroecológica com agricultores familiares da região, sobretudo com uso de sistemas agroflorestais biodiversos.

O dia de campo ainda trouxe recomendações de manejo do capim BRS Capiaçú, apresentou a nova cultivar de braquiária ruziziensis, a BRS Integra, e falou sobre o zoneamento agrícola de risco climático (Zarc).

Agricultor no município de Vera (MT), Rafael Bilibio acompanha os dias de campo promovidos pela Embrapa Agrossilvipastoril e gostou do conteúdo apresentado nesta edição.

“Achei que os temas abordados foram fantásticos. Cada ano surpreende mais. Acho que a difusão tecnológica da Embrapa é primordial. Ela é necessária. Foi muito interessante essa palestra sobre as recomendações para a aplicação de calcário e também aquelas sobre uso de consórcios”, afirma.

Também agricultor, André Gomes Barbosa, participou do dia de campo pela primeira vez e se mostrou surpreso com a quantidade de informação técnica gerada em Sinop, perto de sua propriedade.

“Eu não imaginava que tínhamos tanto conhecimento para nós produtores rurais tão próximo de Sinop. Aprendi muita coisa. Algumas operações que faríamos na propriedade, vimos que faríamos errado. Agora, vimos que é possível baixar custo de produção e fazer diferente com o que a gente viu aqui”, disse o produtor que também se interessou muito pelos resultados gerados pelos consórcios forrageiros de segunda safra.

“Gostei tanto que queria ter assistido as palestras umas duas vezes!”, disse André.

A boa notícia para o agricultor é que todas as palestras do dia de campo foram gravadas e serão disponibilizadas em breve no Canal da Embrapa no Youtube. A iniciativa visa ampliar o alcance do conteúdo apresentado no evento.

Dia de campo

O 11º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária é uma realização conjunta da Embrapa Agrossilvipastoril e Senar-MT. O evento faz parte de um termo de cooperação técnico-financeira que promove ações de transferência de tecnologia para sistemas integrados em todo estado de Mato Grosso.

O dia de campo conta com patrocínio da Unipasto e apoio da Rede ILPF, Acrimat, Acrinorte, Bancada federal de Mato Grosso, Cearpa, Coopernova, Empaer, Famato, Fundo Amazônia, UFMT, Grupo de Estudos em Pecuária Integrada (Gepi), Rede Sustentabilidade Gaia, Laboratório Solos & Plantas, Plano ABC +, REM Mato Grosso, Sinecal, Prefeitura Municipal de Sinop, Ouro Fino, ABS, Frigobom e Allflex.

Temas abordados:

  • Estação saúde do solo

Na estação sobre saúde do solo, a pesquisadora da Embrapa Cerrados Iêda Mendes e o representante do Laboratório Solos & Plantas Renato Cândido falaram sobre a tecnologia BioAS, técnica que permite diagnosticar as condições do solo com base na análise de enzimas presentes na amostra. A bioanálise, associada aos resultados das análises químicas, permite identificar se o solo está em boas condições, em processo de degradação, já degradado, ou em recuperação.

Conforme definição da pesquisadora, o BioAS pode ser comparado a um exame de sangue feito para avaliar a saúde das pessoas. Com isso, o produtor ganha mais uma ferramenta para a tomada de decisão em sua propriedade.

A tecnologia está disponível para áreas de lavoura do Cerrado e em breve será lançada também para o estado do Paraná.

  • Estação consórcios forrageiros

Uma das ferramentas para melhorar o solo é o uso de consórcios forrageiros em segunda safra. Entre os serviços ecossistêmicos gerados por eles podem estar a descompactação do solo, melhoria da atividade microbiana, mitigação de nematoides, fixação biológica de nitrogênio e a ciclagem de nutrientes.

Resultados ligados à ciclagem de nutrientes e o efeito desses consórcios para a cultura da soja foram o destaque das apresentações dos professores da UFMT Onã Freddi e Arthur Behling Neto.

Arthur enfatizou que o objetivo não é o de substituir o uso do milho em segunda safra e sim o de dar opções ao produtor na área em que não é possível semear o milho dentro da janela recomendada pelo Zarc. Na região médio norte de Mato Grosso, por exemplo, somente 80% da área usada no cultivo da soja foi semeada com milho na safra 2020/2021.

Entre os resultados apresentados está o aumento em até 50% na massa de palhada quando comparado com o milho solteiro, e a ciclagem de nutrientes, como o potássio. Em algumas configurações, como a de braquiária com nabo forrageiro, o aporte de potássio na palhada chegou a 400 kg por hectare, significando economia de até R$ 1.200 por hectare em aplicação de KCl em um sistema de alta produtividade.

  • Estação forrageiras

As características do capim elefante BRS Capiaçú e as recomendações técnicas para plantio e uso foram apresentadas pelo extensionista da Empaer de Guarantã do Norte (MT) Antônio Paulo Barros. Ilustrando com exemplos de produtores, ele mostrou como essa forrageira pode ser uma fonte importante de alimento, seja in natura servida no cocho, ou em forma de silagem.

Ele mostrou dados de fazendas da região com uso da silagem com 100 a 120 dias apresentando 19 a 22% de matéria seca e 6 a 8% de proteína bruta. Associado a outras fontes de alimento, o Capiaçú tem ajudado a manter a produtividade de rebanhos de leite e corte no período de seca.

Ainda na mesma estação, o analista da Embrapa Agrossilvipastoril Orlando Oliveira Júnior falou sobre a nova cultivar de braquiária ruziziensis lançada pela Embrapa, a BRS Integra. Ele mostrou que a forrageira produz 25% a mais de matéria seca no outono e inverno, tem maior relação folha colmo, porte mais ereto, palhada mais duradoura e rebrota mais vigorosa. O manejo e a dessecação para a semeadura da safra seguinte são semelhantes ao da ruziziensis Kenedy, cultivar largamente usada no país.

  • Estação ILPF

Nesta estação foram apresentados resultados de pesquisas com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta desenvolvidas na Embrapa Agrossilvipastoril. O pesquisador Ciro Magalhães mostrou que é possível ter em sistemas integrados produtividade de grãos semelhantes às de lavouras exclusivas. Mesmo em sistemas com árvores, se feito o manejo correto com desbaste e poda, é possível igualar a produtividade.

De acordo com Ciro, o mais recomendável em sistemas como esse é o uso da lavoura somente nos anos iniciais, porém, caso o produtor precise recuperar uma pastagem ou tenha outra demanda, é possível produzir soja e milho, desde que feito o manejo das árvores ampliando a entrada de luz na lavoura.

Resultados da pecuária de corte foram apresentados pelo pesquisador Luciano Lopes. Trabalhando com fêmeas nelore, ele avaliou indicadores de precocidade sexual. A aptidão reprodutiva é resultado do ganho de peso do animal e da atividade hormonal. Nesse sentido, as pesquisas mostram que sistemas integrados favorecem o ganho de peso, com destaque para a ILP. Já os sistemas com árvores e maior conforto térmico resultaram em maiores índices de hormônios reprodutivos.

Outra diferença encontrada na pesquisa é que em sistemas integrados, com ou sem árvores, os bezerros nasceram mais pesados do que os filhos de animais que ficaram em pastagem exclusiva.

Ainda falando sobre pecuária na ILPF, o pesquisador Alexandre Nascimento apresentou resultados e recomendações técnicas sobre a pecuária leiteira. Informações sobre comportamento animal e qualidade do leite foram mostradas aos participantes que escolheram esta estação na última rodada do evento.

Nesta mesma estação, o pesquisador Maurel Behling abordou o componente arbóreo. Trouxe dados sobre a produção de eucalipto nos sistemas ILPF e sobre o mercado para a madeira, seja como biomassa para as usinas de etanol de milho, seja para serraria.

  • Estação agricultura familiar

Os resultados do Projeto Gaia foram apresentados pela coordenadora do projeto e professora da UFMT, Rafaella Felipe. O Gaia trabalha com agricultores familiares de Sinop e região desenvolvendo agricultura de base ecológica, por meio do oferecimento de assistência técnica e capacitação. O trabalho conta com financiamento do REM Mato Grosso.

Uma das bases das atividades desenvolvidas é o uso de sistemas agroflorestais (SAF). O analista da Embrapa Diego Antonio, que também atua no projeto, falou sobre a biodiversidade funcional nesses sistemas.

  • Estação correção do solo

Resultados de pesquisas e recomendações para a calagem do solo foram apresentados pelo professor da UFMT Anderson Lange em uma das estações opcionais mais procuradas pelo público presente no evento.

Mostrando a relação entre calagem e produtividade, a apresentação complementou assuntos abordados anteriormente no dia de campo.

  • Estação Clima

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) foi o tema desta estação opcional. Nela o pesquisador Cornélio Zolin explicou o que é, como é elaborado e para que serve o Zarc. O Zoneamento de cada cultura define as épocas mais adequadas para a semeadura em cada município, conforme as cultivares utilizadas e o tipo de solo. É elaborado pela Embrapa com base em uma série de dados técnicos, validado com o setor produtivo e publicado anualmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Esse zoneamento, além de servir como referência para o produtor evitar riscos de perdas em função do clima, serve como balizador para crédito e seguro rural.

Além de desenvolver o Zarc em Mato Grosso, a Embrapa Agrossilvipastoril também elabora a cada safra três boletins agrometeorológicos que mostram o comportamento das chuvas durante a safra e safrinha. O produto foi mostrado pelo pesquisador Jorge Lulu e serve como referência para produtores que precisam acionar seguro em caso de perdas por falta ou excesso de chuvas.

Fonte: Embrapa

Foto de capa: Gabriel Faria – Divulgação Embrapa

Equipe Mais Soja
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