O mercado brasileiro de arroz segue operando em um ambiente de forte letargia comercial, com liquidez mínima, negócios escassos e preços sustentados apenas de forma nominal. “A ausência de compradores ativos e a postura defensiva da indústria continuam travando a formação de negócios, enquanto ajustes pontuais registrados ao longo dos últimos dias não configuram, em hipótese alguma, uma reversão de tendência”, explica o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.
As referências continuam estabilizadas em patamares deprimidos, com o padrão indústria oscilando entre R$ 48 e R$ 50 por saca e o grão nobre entre R$ 55 e R$ 57 por saca, refletindo um mercado ainda excessivamente pressionado.
A demanda doméstica segue fraca e fragmentada. “O varejo não recompôs estoques de forma consistente, e a indústria, operando com margens comprimidas, prioriza a gestão de caixa e a redução de exposição, limitando-se a compras estritamente necessárias”, pondera o consultor.
Os elevados estoques ao longo da cadeia, especialmente em mãos de produtores, são o principal fator estrutural de contenção de preços, neutralizando qualquer tentativa de reação mais firme no mercado físico. “Nesse contexto, as exportações consolidam-se como o eixo central de sustentação operacional do setor”, frisa o analista.
Os line-ups confirmam um fluxo externo intenso, com embarques já realizados e programados indicando elevada probabilidade de dezembro encerrar próximo ou acima de 200 mil toneladas (base casca). “A estratégia de escoamento permanece bem definida, com arroz em casca direcionado a mercados da América Central e Venezuela, enquanto os quebrados seguem destinados majoritariamente a países africanos, permitindo algum alívio pontual sobre os estoques internos”, relata Oliveira.
O câmbio voltou a assumir papel decisivo na dinâmica de curto prazo. A valorização do dólar, com rompimento da barreira psicológica de R$ 5,50, sustenta a competitividade do arroz brasileiro no porto, com paridades abaixo de US$ 11 a saca, ao mesmo tempo em que limita novas importações em um ambiente de maior volatilidade.
Em relação aos preços, a média da saca de 50 quilos de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista) encerrou o dia 18 cotada a R$ 52,52, queda de 0,04% em relação à semana anterior. Na comparação com o mesmo período do mês passado, a baixa era de 2,16%, enquanto, em relação a 2024, a desvalorização atingia 47,94%.
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Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News




