Ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja, uma série de doenças podem surgir, acarretando prejuízos e comprometendo tanto a produtividade, quanto a qualidade das sementes produzidas. Esse cenário se intensifica em condições climáticas adversas, pois propiciam um ambiente favorável ao desenvolvimento e disseminação das doenças, tornando essencial a implementação de estratégias de manejo para mitigar os impactos negativos sobre a cultura.

As doenças iniciais que afetam a cultura da soja, causadas por patógenos presentes no solo, podem resultar em perdas significativas de produtividade em áreas infestadas. Existem vários patógenos que causam o tombamento de plantas, fungos como Fusarium sp. e Rhizoctonia sp., e oomicetos como, Phytophthora sp., Phytium sp., entre outros, os quais são responsáveis por causar danos à soja.

Esses patógenos são agressivos e podem comprometer o desenvolvimento saudável das plantas, impactando na rendimento da cultura, uma vez que prejudicam o estabelecimento da cultura no campo, refletindo em danos que afetam a definição de um dos principais componentes de produtividade da cultura:  a densidade de plantas (Zanon et al., 2018). A incidência dessas doenças está relacionada com ao excesso de umidade no solo e em casos severos pode acarretar a necessidade de ressemeadura da cultura, aumentando, consequentemente, os custos de produção (Novakowiski, 2022).

A podridão vermelha da raiz (Fusarium sp.) pode ocorrer em reboleiras na lavoura ou de forma generalizada, a infecção inicia na raiz com o surgimento de uma mancha avermelhada, mais visível na raiz principal, geralmente localizada um a dois centímetros abaixo do nível do solo (Embrapa, 2021). A doença é mais severa em solo mal drenados e com problemas de compactação e, cultivares precoces tendem a ser menos suscetíveis aos danos. A temperatura ideal para o desenvolvimento da doença varia entre 22° C e 24°C, sendo que temperaturas acima de 30° C restringem a expansão da doença (Henning et al., 2014).

Figura 1. Sintomas da podridão vermelha da raiz.

Fonte: Henning et al. (2014).

O tombamento e morte em reboleira causados pelo fungo Rhizoctonia solani representa uma das principais doenças que afetam o início de ciclo na cultura da soja. De acordo com Henning et al. (2014), durante a fase de plântula, ocorre o estrangulamento da haste ao nível do solo, resultando em murcha e tombamento. Em algumas situações, as plantas podem sobreviver temporariamente, emitindo raízes adventícias acima da região afetada. O tombamento resulta na redução do estande de plantas, prejudicando assim o estabelecimento dos componentes de produtividade da cultura. Conforme destaca Seixas et al. (2020), o tombamento ocorre entre a pré-emergência e 30 a 35 dias após a emergência das plântulas, sob condições de temperatura e umidade elevadas.

Figura 2. Sintomas de Rhizoctonia solani em soja.

Fonte: Henning et al. (2014).

A podridão radicular causada por Phytophthora sojae, causa a morte de plantas e pode se manifestar em qualquer estádio de desenvolvimento, as sementes infectadas podem apodrecer ou germinar lentamente, levando a morte de plântulas, cujos hipocótilos apresentam um aspecto encharcado e de coloração marrom (Henning et al., 2014). De acordo com Costamilan et al. (2007), o desenvolvimento da doença está relacionado ao excesso de umidade no solo, o que pode ocasionar apodrecimento de sementes, morte de plântulas em pré e pós-emergência. Nas plantas adultas, o fungo pode provocar o apodrecimento de raízes, levando à murcha e morte dessas plantas.

Figura 3. Sintomas de Phytopthora sojae.

Fonte: Henning et al. (2014).

Conforme destaca Soares (2011), o tombamento e o podridão radicular provocado por Pythium spp. são mais frequentes em regiões de clima temperado, onde as temperaturas do solo tendem a ser mais baixas durante o período de plantio. Embora não seja uma doença rotineira que causa danos substanciais à soja, mas eventualmente podem resultar em prejuízos. O autor destaca que a implementação de práticas adequadas de manejo do solo é essencial para prevenir a ocorrência dessa doença.



De acordo com Novakowiski (2022), apenas com base na análise visual dos sintomas, é muito difícil ser assertivo quanto ao agente causal da doença, dessa forma, torna-se necessário encaminhar uma amostra a um laboratório para realização de uma diagnose assertiva. A autora ressalta a importância de identificar corretamente o patógeno, para determinar as medidas adequadas para o controle eficiente de determinada doença.

Um aspecto importante no controle do tombamento de plântulas, é evitar a semeadura em solos encharcados, uma vez que os patógenos requerem condições de umidade elevada para infectar as plântulas. É importante melhorar as condições de drenagem do solo e reduzir a sua compactação, nesse sentido, a rotação de culturas é uma alternativa eficiente. Além disso, o manejo eficiente dessas doenças envolve atenção à qualidade fisiológica e sanitária das sementes, bem como o tratamento de sementes adequado utilizando fungicidas.

Veja, a seguir, o que o pesquisador da CCGL, Carlos Pizolotto fala sobre o complexo de doenças de solo na soja e a importância do controle de doenças de solo em anos de El Niño.


Veja mais: Mosca-branca (Bemisia tabaci) na cultura da soja


Referências:

COSTAMILAN, L. M. et al. PODRIDÃO RADICULAR DE FITÓFTORA EM SOJA. Embrapa, documentos online, 79, 2007. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do79.pdf >, acesso em: 14/11/2023.

EMBRAPA. PODRIDÃO VERMELHA DA RAIZ. Embrapa Soja, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/soja/producao/doencas-da-soja/doencas-causadas-por-fungos/podridao-vermelha-da-raiz >, acesso em: 14/11/2023.

HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa Soja, documentos, 256. Londrina – PR, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 14/11/2023.

NOVAKOWISKI, J. H. DOENÇAS DA SOJA: ASPECTOS GERAIS E MANEJO. 2022.

SEIXAS, C. D. S. et al. MANEJO DE DOENÇAS. Tecnologias de Produção de Soja, Sistemas de Produção, 17, cap. 10. Embrapa Soja. Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 14/11/2023.

SOARES, R. M. MANEJO DE DOENÇAS RADICULARES DA SOJA CAUSADA POR Pythium, Phytophthora E Rhizoctonia. Quinto Congreso de la Soja del Mercosur, Mercosoja, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/47573/1/rafael.manejo.pdf >, acesso em: 14/11/2023.

ZANON, A. J. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Ed. 1, 136 p. Santa Maria – RS, 2018.

Fotode Capa: Leila Maria Costamilan.

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