Acaba sendo cada vez mais rotineiro a incidência de doenças de final de ciclo na soja, as chamadas DFCs, e isso fica ainda mais evidente quando o manejo adotado não é o ideal. O conhecimento detalhado quanto a identificação e quantificação de danos causados pelas DFCs são fundamentais para evitar danos significativos na lavoura, A mancha parda, causada pelo fungo Septoria glycines Hemmi, bem como o crestamento foliar ocasionado pelo fungo Cercospora kikuchii Matsu & Tomov, são doenças ocorrentes em todas as regiões produtoras de soja, que atacam a lavoura na mesma época, podendo reduzir a produtividade em mais de 20%. Estes patógenos são considerados de difícil controle pelo estádio em que a cultura se encontra, já em final de ciclo.

Analisando mais a fundo os sintomas da mancha parda, é possível observar na face das folhas, mais especificamente nas nervuras, manchas de coloração castanho-avermelhada que normalmente são vistas nas folhas inferiores, e posteriormente progredindo para as partes superiores. Já em relação a cercospora, inicialmente pode-se observar pequenas manchas de coloração marrom arroxeada, que tende a se alastrar de forma irregular pelas folhas, sendo que ambas podem necrosar. As escalas diagramáticas surgem como uma opção para facilitar a quantificação da severidade de doenças, isso por meio de representações ilustradas desenvolvidas por MARTINS et al, 2004, com diferentes níveis de severidade que podem ser avaliadas de forma simples pelo próprio produtor.

Fonte: Fitopatologia Brasileira

Para que pesquisadores e produtores possam utilizar a escala, fez-se necessário sua validação. Para a maioria dos avaliadores, os valores estimados de severidade ficaram próximos dos valores da severidade real.  O propósito de um sistema padrão para quantificação das doenças de final de ciclo em soja é de grande responsabilidade, pois estimativas visuais imprecisas levam a erros que alteram conclusões de experimentos. A escala proposta é um método alternativo e de fácil aplicabilidade em avaliações nas propriedades. O recomendado é realizar a amostragem e avaliação em diferentes estádios fenológicos, podendo seguir como sugestão a coleta nos estádios R3, R5.2, R5.4 e R7.2, coletando aleatoriamente um número mínimo de 10 plantas, de forma a representar a lavoura como um todo.

A incidência de DFCs está diretamente relacionada com características morfofisiológicas, dentre elas estatura de plantas, duração do ciclo de desenvolvimento na cultura da soja, já que a redução do ciclo de desenvolvimento reduz o período de exposição das plantas aos fitopatógenos, bem como plantas baixas são menos suscetíveis ao acamamento, mantendo adequada circulação de ar no dossel e menor período de molhamento foliar. A utilização de cultivares de soja com alta resistência às doenças de final de ciclo é uma alternativa para reduzir a dependência por fungicidas no que diz respeito a obtenção de altas produtividades de grãos. O ideal é sempre estar atento ao que está acontecendo na lavoura, e isso inclui desde o processo que antecede o plantio, até o momento de final de ciclo, de forma a ter controle sobre o comportamento e desempenho da cultura, inclusive consultando uma escala diagramática para avaliação da severidade de doenças.

Autoria: Alexandre Arthur Gregoski Kazmirski, Acadêmico do 8º semestre curso de Agronomia, Integrante do PET Agronomia – UFSM.

Contato: alexandrearthur88@outlook.com ou (55) 9.9705-8982

Referências

MARTINS, M. C., GUERZONI, R. A., CÂMARA, G. M. S., MATTIAZZI, P.; LOURENÇO, S. A. & AMORIM, L. Escala diagramática para a quantificação do complexo de doenças foliares de final de ciclo em soja. Fitopatologia Brasileira 29: 179 – 184. 2004.

CARNIEL, L. A., MENOSSO, R., BALBINOT, A. A. J. Reação de cultivares de soja às doenças de final de ciclo com e sem aplicação de fungicidas. Unoesc & Ciência, Joaçaba, v. 5, n. 1, p. 83 – 90, jun. 2014.

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