Objetivou-se com o presente trabalho avaliar o comportamento agronômico de duas cultivares modernas de soja com variadas densidades de semeadura no município de Riolândia-SP, no ano agrícola 2017/18.

Autores: SANTOS, G.X.L.1; MARTINS, M.H.1. CORDEIRO-JUNIOR, P.S.2; DONÁ, S.3; CORREIA, A.N.1; SOARES M.M.B.1; BÁRBARO-TRONELLI, I.M.4; FINOTO, E.L.1

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

Introdução

A densidade de plantas de soja assume papel importante no contexto da produção de grãos no estado de São Paulo, necessitando de estudos técnico científicos em regiões produtoras, para melhor compreensão das características fenotípicas das cultivares disponíveis aos produtores. Alterações relacionadas com a população de plantas podem aumentar os ganhos em produtividade. De acordo com Kuss et al. (2006), elevar a densidade de plantas tem sido uma forma alternativa de potencializar a produtividade de grãos de soja. O arranjo espacial de plantas é alterado pela densidade de semeadura e pelo espaçamento entre as fileiras, sendo que a mudança desses fatores pode proporcionar aumentos na produtividade (Souza et al., 2010; Procópio et al., 2013), sem grandes impactos no custo de produção. Além da produtividade, a densidade de semeadura pode alterar a velocidade de fechamento das entrelinhas, a incidência de plantas daninhas, insetos-praga e doenças, a penetração de agroquímicos no dossel, o acamamento das plantas e a qualidade dos grãos colhidos.

O excelente desempenho da cultura da soja na região Noroeste do estado de São Paulo deve-se à adoção, pelos produtores, de novas tecnologias, principalmente das relacionadas com o fator cultivar resistente às doenças, estresse hídrico e com maior potencial produtivo. A maior expressão do potencial produtivo das cultivares, entretanto, depende das condições do meio onde as plantas irão desenvolver-se. O comportamento de cultivares de soja sob diferentes condições de cultivo se torna fundamental na busca do entendimento do manejo da cultura. Dessa forma a densidade de semeadura são práticas que devem ser aprimoradas para maior eficiência do sistema, sendo assim, a identificação do número de plantas que resulte em uma competição intraespecífica e que permita melhor aproveitamento dos recursos disponíveis para o crescimento e rendimento de grãos é imprescindível. Objetivou-se com o presente trabalho avaliar o comportamento agronômico de duas cultivares modernas de soja com variadas densidades de semeadura no município de Riolândia-SP, no ano agrícola 2017/18.

Material e Métodos

O experimento foi implantado em condições de campo, no dia 10/11/2017 no Sítio Córrego da Anta, situado no município de Riolândia, SP. O clima do local é considerado do tipo Aw, com chuvas no verão e relativamente seco no inverno. O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho Escuro Eutrófico, A moderado de textura muito argilosa, cujo o laudo de análise química e física do solo, apresenta os seguintes resultados: pH (CaCl2) = 5,35; M.O. = 31,24 g dm-3; CO = 18 g dm-3; P = 42,74 mg dm-3; K = 5,34 mmolc dm-3; Ca = 56,34 mmolc dm-3; Mg = 21,41 mmolc dm-3; H + Al = 32,85 mmolc dm-3; SB = 83,10 mmolc dm-3; CTC= 115,94 mmolc dm-3 e V = 71,67%, S = 16,85 mg dm-3; Areia Total = 264 g kg de solo; Argila = 525 g kg de solo e Silte = 209 g kg de solo.

Em porcentagem: Areia Total = 26,40% (Areia grossa = 4,30% + Areia fina = 22,10%); Argila = 52,50%; Silte = 20,90%. O ensaio foi instalado em semeadura direta na palhada de sorgo. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com parcelas subdividas ou “split-plot” e 4 repetições. O tratamento principal consistiu na utilização de duas cultivares comerciais: BRS 1074 IPRO – grupo de maturidade relativa 7.4 (semiprecoce), crescimento indeterminado e BRS 1001 IPRO – 6.2 (precoce), crescimento indeterminado. As subparcelas consistiram em três densidades de semeadura: 8, 12 e 18 sementes por metro na linha de semeadura, espaçadas a 0,45 m, totalizando populações de 177.777, 266.666 e 400.000 de plantas ha-1, respectivamente.

Todas as técnicas de cultivo da soja, como escolha de cultivar, época de semeadura, população de plantas, controle de plantas daninhas, insetos e doenças seguiram as recomendações técnicas para a cultura da soja. Por ocasião da maturação (R8), avaliaram-se os seguintes caracteres de interesse agronômico: Altura de planta (AP); Altura de inserção da primeira vagem (AIV); Índice de acamamento (1 plantas eretas a 5 plantas acamadas); Estande final; peso de mil sementes (PMS) e Produtividade (kg ha-1). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F, e as médias comparadas pelo teste de Tukey 5%.

Resultados e Discussão

Os coeficientes de variação das variáveis analisadas se mantiveram dentro da faixa ideal para experimentos de campo, sendo aceitáveis para a cultura da soja indicando boa precisão dos resultados obtidos. Para altura de planta, observou-se crescimento maior na densidade de 18 sementes por metro em relação aos tratamentos com a densidade de 12 e 8 sementes por metro (Tabela 1), pelo provável estiolamento em busca de maior absorção e aproveitamento de luz, que ocorre em altas populações de plantas, destacando-se a cultivar BRS 1074 IPRO, com altura média de 95 cm (Tabela 1). Tal observação pode ser justificada pela cultivar ter o ciclo mais longo que a cultivar BRS 1001 IPRO. As cultivares avaliadas não apresentaram diferença quanto ao acamamento e não houve interação com a densidade de plantas.

Quanto à altura de inserção da primeira vagem, observou-se que com o aumento das densidades houve aumento na AIV, com médias de 14,96; 17,40 e 19,31 para as densidades 8, 12 e 18 respectivamente (Tabela 1). Já para o peso de mil sementes, destaca-se a cultivar BRS 1001 IPRO com média de 176 gramas e a densidade de 8 sementes por metro na linha de semeadura com média de 171 gramas. A produtividade variou inversamente ao aumento da densidade das plantas na linha, provocando diminuição, variando entre 3.308 e 2.912 kg ha-1, com diferença de 396 kg ha-1 (Tabela 1). As duas cultivares avaliadas não apresentaram diferença significativa quanto a produtividade de grãos e não houve interação entre eles e as densidades de semeadura avaliadas (Figura 1).

Tabela 1. Componentes de produção e rendimento de grãos avaliados em cultivares de soja versus densidades de semeadura (a 45 cm entre linhas). Riolândia, SP, ano agrícola, 2017/18.

Figura 1. Produtividade das cultivares BRS 1074 IPRO e BRS 1001 IPRO em função das densidades de semeadura: 8, 12 e 18 sementes por metro na linha de semeadura (espaçadas à 45 cm), Riolândia, SP, ano agrícola 2017/18.

Conclusão

Menor densidade populacional promove o desenvolvimento de plantas mais baixas, sem problemas de acamamento e com maior produtividade. As duas cultivares apresentam respostas semelhantes em relação a variação da densidade de semeadura.


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Referências

KUSS, R. C. P. Populações de plantas e estratégias de manejo de irrigação na cultura da soja. 2006. 80 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

PROCÓPIO, S. O.; BALBINOT JUNIOR, A. A.; DEBIASI, H.; FRANCHINI, J. C.; PANISON, F. Plantio cruzado na cultura da soja utilizando uma cultivar de hábito de crescimento indeterminado. Revista de Ciências Agrárias, v. 56, p. 319-325, 2013.

SOUZA C. A.; GAVA F.; CASA R. T.; BOLZAN J. M.; KUHNEM J. R. Relação entre densidade de plantas e genótipos de soja Roundup ReadyTM. Planta Daninha, v. 28, p. 887-896, 2010.

Informações dos autores

1APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, PRDTA Centro Norte, Rod. SP-310, km 372, Bairro Rural, C.P. 24, CEP 15.830-000, Pindorama-SP, evertonfinoto@apta.sp.gov.br;

2UNESP-Jaboticabal;

3APTA – PRDTA Médio Parapanema. 4APTA – PRDTA Alta Mogiana.

Disponível em: Anais da 37ª Reunião de Pesquisa de Soja. Londrina – PR, Brasil.

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